A falta que a voz faz...à operadora de caixa
Não é costume me constipar no verão, mas talvez devido ao excesso de uso do ar condicionado, constipei-me! E uma das consequências habituais é perder a voz!
A voz faz-me imensa falta. Tenho de fazer perguntas, cumprimentar as pessoas, divulgar campanhas, dizer o total, agradecer, fazer a despedida. Por vezes nem me dou conta, do quanto falo. Dava jeito umas plaquinhas com as falas, ou uma gravação, nestas alturas!
No sábado estava completamente afónica, e além das frases habituais, como não me ouviam, ainda tinha o esforço acrescido de as repetir até quase à exaustão. Alguns clientes diziam "ah está rouca!", ou, "e... como você está"!, ainda "isso não será covid!?", outros desejavam as melhoras, aconselhavam chás, faziam ainda mais conversa e eu tinha ainda mais de me justificar!
Até que, quando perguntei já a falar baixinho, a uma senhora o número de contribuinte, ela respondeu-me também num tom de voz baixinho como o meu, mas não era porque estava como eu, na altura, pensei que estava a gozar comigo! Pedi para ela repetir dizendo que não tinha percebido e ela disse "pois" num tom de voz normal, mas o número de contribuinte repetiu em voz baixa, deu invalido, eu não quis saber, e deixei assim!
No momento fiquei triste, desanimada e com uma vontade de sair dali a correr! Mas era um dia de grande afluência, lá respirei fundo, contei até 10 e prossegui!
Horas depois, já em casa, a pensar nesta situação, cheguei à conclusão, que a senhora certamente não estava a gozar, mas sim, a dar-me um recado/lição. Queria que eu entendesse que não deveria estar ali, porque as pessoas não me entendiam, e assim estava a prejudicar o trabalho e os clientes!