Como não tinha visto o noticiário na véspera, fui apanhada de surpresa. Mas, quando me disseram que podia não usar, hesitei. E tenho optado por ainda usar. Acho que ainda não me parece seguro. Preciso de mais uns dias. E a maioria das pessoas quer colegas, quer clientes ainda usa! Vamos ver no que isto dá!
No entanto, ainda bem, que tudo indica que é para acabar de vez com a máscara , em alguns lugares! É sinal que a situação está a melhorar!
Já aqui referi o facto de a máscara e o acrílico serem necessários, mas os mesmos também impedirem o som, tornando a comunicação entre o cliente e a/o operadora/o muito difícil.
Acontece que além destes dois fatores, ainda podemos juntar o som da música do rádio, bem como outros sons da loja, por exemplo o barulho que vem do corte da carne do talho, um porta paletes a passar.
Por vezes temos de falar mais alto e repetir a conversa porque não ouvimos, não nos fazemos ouvir ou não temos a certeza das respostas.
Já não é a primeira vez que me sinto cansada só de falar e de estar sempre a repetir e a esforçar a voz, de tal forma que um dia uma cliente reparou no meu cansaço e disse que também lhe acontecia se cansar de falar com a máscara e que era uma situação normal nos dias que correm.
Até falamos, que não são só dquem está a atender o público como também os professores que também têm de falar de máscara e também se cansam mais, porque é um esforço dobrado.
Ainda assim concluímos que apesar destes danos, usar a máscara é essencial!
Os últimos dois dias (9/10 de julho) foram muito complicados e cansativos. Os principais problemas: as pessoas não aceitam manter o distanciamento e insistem, muitas delas, em andar com o nariz fora da máscara.
Uma pessoa chega ao fim do turno esgotada psicologicamente, por estar sempre a dizer e a pedir a mesma coisa: espere um pouco, afasta-se um pouco, olhe tem a máscara a cair. Até parece que as pessoas andam desertinhas por se roçarem umas nas outras. Gostam de sentir o suor, o calor uns dos outros, só pode ser isso!
Sempre aqui disse que gostava de fazer o trabalho que faço, e continuo a gostar, mas assim sempre, nesta luta, nesta falta de respeito por parte de muitas pessoas, só tenho vontade é que chegue a hora de sair ou de fazer uma pausa, para desanuviar. Está muito pior agora do que no inicio da pandemia, porque muita gente acha que isto tudo agora já era desnecessário.
Uma senhora de certa idade estava tão junto ás pessoas que estavam à sua frente, que as mesmas fizeram queixa e até disseram que iam chamar a policia. A senhora foi avisada e ainda respondeu que o carrinho dela é que estava encostado ás pessoas não era ela! Barafustou sempre e não admitiu o erro.
Outra senhora também de idade avançada, quando lhe pedi para esperar um pouco na fila porque tinha já duas pessoas para atender primeiro, responde: " Ó menina com a minha idade já não tenho medo de virus"!
Conclusão: os jovens acham que a malta é jovem, quer é divertir-se e não tem medo do vírus; os velhotes já não têm nada a perder porque já viveram muito e o vírus não os assusta!
Cabe, se calhar, a nós, o grupo intermédio (e que trabalha no atendimento ao público) ter algum bom senso e andar a lutar contra estes pensamentos e atitudes idiotas!
Andava muito preocupada com o uso da máscara. Custava imenso, sentia falta de ar, mau estar, dor de cabeça. Sei que não é fácil para ninguém, mas para mim era e ainda é, um tormento. Sempre que ia para o trabalho era um frete, só de pensar que teria de usar aquilo. E eu sou a favor do uso, acho que é mesmo imperativo que se use. Mas daí até ser tarefa fácil, é outra coisa.
Agora estou um pouco melhor com uma máscara diferente. Com esta consigo estar mais tranquila. Só tenho a agradecer á pessoa que sabendo desta minha dificuldade de me adaptar às cirúrgicas me sugeriu esta, que é chamada de máscara comunitária. Como no meu posto de trabalho tenho acrílico, posso usar.
Era mais um dia normal, ou melhor, no que agora se diz normal.
Lá estava eu de máscara, de luvas, e atrás de uma "cabine".
A dada altura do turno, começo a sentir-me a sufocar, mas vou tentado respirar e aguentar. Sempre que possível desinfectava as mãos e puxava um pouco a máscara para respirar. A cada cinco minutos vou olhando para o relógio, desejando que chegasse a minha hora, para tirar aquilo tudo.
Não estava fácil. Até comecei a sentir sede, secura, coisa que nunca sinto. Eu nem costumo levar água porque não sou de beber muita água. Chegada a minha hora pergunto se posso fechar, mas, era preciso esperar um pouco. Cheguei a pensar que ia cair pro lado.
Não sei porque não arranquei aquilo da cara e pus no lixo.
Lá consegui finalmente, sair da caixa, ir para a zona reservada a colaboradores e tirar a máscara.
Certamente ficou mal colocada, na zona do nariz, deve ter ficado muito para cima. Nunca foi fácil usar, mas naquele dia, foi mesmo complicado.
No dia a seguir a isto, não usei, e, por azar, atendi um cliente que estava no topo, tossiu e nem se virou para o lado, nem pôs o braço à frente, nada!
Já voltei a usar e foi mais tranquilo. Até porque é o que tenho de fazer, por mim, pelos outros. Há profissionais que além de máscara, usam viseira, fato, e por mais horas, até ficarem com marcas. Se eles conseguem, também hei-de conseguir!
Não foi fácil. Aquilo ora tapava-me a vista, ora sentia falta de ar. Uma cliente viu-me mexer na máscara com as mãos e chamou-se atenção disse que assim mais valia não usar. Eu disse que tinha desinfectado as mãos.
Depois os clientes não percebiam o que eu dizia, o que é normal, pois também eu, tenho dificuldade em perceber alguns devido ás suas máscaras, o som fica em modo eco, ou sei lá!
Realmente não sei como as pessoas conseguem e algumas dizem que é tranquilo usar! Talvez me falte hábito, experiência!