Um senhor está a colocar os produtos no tapete, quando repara que tem um saco com laranjas, que não lhe pertence. Alguém, por engano o colocou no seu carrinho. O senhor ainda pergunta a umas pessoas que lá estavam se as laranjas seriam deles, mas não eram. Entreguei-as a uma colega para que fossem colocadas no sitio.
Mas, por coincidência, cerca de uma hora depois, chega uma senhora à minha caixa, dá por falta de um saco com laranjas e pede-me para o ir buscar, convencida que se tinha esquecido dele na frutaria. Ainda pensei em lhe contar que o seu saco de laranjas já ali tinha estado, mas depois achei melhor, não dizer nada!
É uma situação habitual, com certeza que já muitos de vós passastes por isto. Ou encontrastes artigos que não vos pertenciam no vosso carrinho ou já vós próprios, por engano colocastes artigos no carrinho de outras pessoas. Andamos todos muito distraídos, que nem nos damos conta!
Um cliente habitual (entre os 55/60 anos) marcava o código e a mensagem era sempre a mesma "código errado", mas o senhor insistia que era aquele código. Eu disse-lhe para ter atenção porque ao fim de tantas tentativas se fosse ao multibanco ficava lá o cartão. O senhor começou a ficar atrapalhado e preocupado e ao mesmo tempo incomodado porque quem estava na fila olhava para ele, talvez porque estavam com pressa, ou até com pena do senhor. Coloquei a conta do senhor em espera, e guardei-lhe o carrinho das compras, enquanto o senhor procurava uma solução.
Entretanto, o senhor foi à caixa do multibanco e o cartão, tal como eu suspeitava, ficou lá dentro. Veio me dizer que tinha de ir a casa.
Um dos senhores que estava na fila, quis ter graça e disse "não deve é de ter lá dinheiro", claro que o defendi, pois do que conhecia daquele cliente, sabia que não era esse o caso ...
Voltou tempo depois com o dinheiro e disse que tinha trocado os pares de dígitos. Não sei como chegou a essa conclusão, mas suponho que tenha falado com alguém ou que tenha anotado o código em algum lugar em casa. Disse-me que estava tão convencido que estava certo, que nem colocou outra hipótese. Desculpou-se pelo facto, e eu disse-lhe que são coisas que acontecem a qualquer pessoa.
É mesmo verdade, esta situação pode acontecer a qualquer um de nós! Quantos de nós já trocamos o código, principalmente quando temos outros códigos, ou até já nos deu uma branca e simplesmente nem nos lembrarmos de nada...Eu já me esqueci do meu e também já troquei os dígitos! Acho que não é sinal de estarmos a ficar senis. Apenas são momentos...
Será que alguém tem a noção das vezes que nós operadoras de caixa, repetimos as mesmas frases por dia? Exemplos:
Bom dia!
Tem cartão Modelo?
Verde/código/Verde
Obrigada!
Bom fim-de-semana!
Parabéns! Ganhou cinco euros no seu cartão por ter atingido 500€ em compras!
Terão noção que ao repetir-mos estas frases vezes sem conta, chegamos a um ponto, que podemos trocar o momento das frases? Por exemplo dizer-mos a uma segunda-feira: “ bom fim de semana!” Acham que se errar-mos o momento da frase, já somos consideradas, incompetentes, distraídas ou ignorantes por não sabermos decorar um mísero textozito?
Pois eu não esqueço aquela senhora, toda tia carregada de uma forte maquilhagem, que me olhou com desdém porque eu fiz essa troca. Ouvi ela a comentar com a amiga, a palavra “coitadinhas”! Mas que cena!
Não sei se será sinal de cansaço, ou a próximidade das férias, o certo é que hoje quando dizia o total das compras a uma cliente que era de 18,50€, li ao contrário e disse 50,18€. E quando a cliente disse "quanto???" eu repeti o valor errado! Só depois olhei fixamente o visor e pedi desculpa por me ter enganado...
O Carnaval está no ar. Amanhã nas escolas primárias e pré-primárias de quase todo (se não todo) o País haverá os desfiles dos mais novos. E como é habitual a maioria dos pais deixa tudo para a última hora, talvez por falta de tempo. Então hoje passaram alguns fatos à minha caixa. A pergunta de todos era se não servisse se podiam lá ir trocar. Ora está junto aos fatos, uma espécie de aviso a dizer que os fatos de carnaval não se trocam. O que aconteceu foi que a colega responsável por aquela área disse que apesar de não se poder trocar, abria uma excepção até hoje à noite ou amanhã de manhã. Ainda assim uma cliente disse que estava lá escrito no talão(1) que tinha 15 dias para troca! Pois certamente queria usar o fato durante o carnaval como aluguer gratuito e depois devolver dizendo: " afinal não serviu"!