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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

Ficaria mais 20 anos neste trabalho com todo o gosto

Estou neste trabalho há quase 20 anos. Faço-o com todo o gosto e até amor, e, se me deixassem ficaria aqui mais outros 20 anos, com o mesmo entusiasmo, porque este trabalho sempre foi terapêutico e nunca para aqui vim como se fosse um frete, nunca!

Podem perguntar "mas não queres subir de posto, evoluir?" Ao que eu respondo "mas eu sou tão feliz assim, tantas pessoas que passam anos a querer ganhar mais , a querer subir! Eu já tenho o que quero! É assim tão mau me deixar ficar por aqui!?"

Eu sei e fico contente com isso, que alguns clientes me escolhem pela conversa, pelo apoio que sempre tento dar. Alguns clientes contam-me situações da vida deles, e eu tento sempre ter uma palavra de conforto. É essa a parte que mais gosto, faço um pouco de psicologia ou sociologia. Sei que de certa forma os ajudo.

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Tiramos sim, uma vez é para mim e a outra é para o continente!

Certo dia, na caixa de uma colega, um cliente teve de marca duas vezes o código do multibanco, porque houve qualquer erro da primeira vez. Quando o cliente marcou a segunda vez disse para a minha colega:

"Veja lá se depois me tiram o dinheiro duas vezes!"

Ao que a minha colega, calmamente respondeu:" Tiramos sim, uma vez é para mim e a outra é para o continente!"

O cliente, em resposta, sorriu.

Eu achei graça.  Quando houve ocasião, devido a uma situação igual, resolvi, repetir a mesma frase que a minha colega. Só que o cliente não me sorriu, em vez disso, fez uma careta, e eu disse logo, "estava a brincar", antes que desse confusão!

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Dia da segurança e saúdo no trabalho

Cá estou novamente para relembrar que este é o dia da segurança e saúde no trabalho. Agora, devido à pandemia, é ainda mais importante que se assinale este dia.  Mais do que nunca, a sensibilização para a adoção de práticas seguras no local de trabalho é importante e pode até salvar vidas.

Na minha perspectiva, de operadora de caixa, há medidas que são essenciais continuar a ter em conta, nomeadamente o levantamento e movimentação de pesos, o distanciamento social, o uso da máscara, a lavagem das mãos e o álcool gel ( medidas de higiene), o respeito pelos espaços (não invadir para além das barreiras acrílicas), o respeito pela sinalética .

Nós trabalhadores estamos na linha da frente, os clientes precisam de nós e nós precisamos dos clientes, por isso é uma missão em conjunto!

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A caminho do trabalho

Quando cheguei à grande rotunda da entrada na  localidade onde trabalho, lá estavam os senhores agentes. Mandavam parar todas as viaturas. Estive uns minutos à espera na fila.

Como há dois dias atrás já me tinham mandado parar, e pedido a declaração da entidade patronal  (que eu não tinha na altura) a comprovar o motivo de eu andar a circular, eu já levava tudo pronto para mostrar no banco do pendura.

Quando o senhor me fez a pergunta eu entreguei logo tudo, ele viu e desejou-me bom trabalho e mandou-me seguir. Foi tranquilo!

Chego a outra rua e anda um carro com um senhor todo equipado a limpar a via, lá tive eu de esperar mais uns minutos. Normalmente meia hora de tempo dá para chegar ao trabalho, estacionar e equipar-me, mas hoje, que até fui mais mais cedo, acabei por picar o ponto três minutos depois da hora.

Não gosto de chegar atrasada, para a próxima tenho de ir ainda mais cedo, a contar com todos estes contratempos!

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Conciliar horário de trabalho com vida familiar não é fácil

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Confesso que o que mais me custa neste trabalho é o facto de os horários nem sempre serem compatíveis com a vida familiar. Particularmente com a minha função de mãe, Com os horários escolares do meu filho, pois como ele ainda não consegue abrir as portas para entrar em casa, está dependente da hora de eu o ir buscar à escola. Sim, porque é preferível ele ficar na escola, do que à porta do prédio. E não, não há ninguém que possa ajudar, não há vizinhos, nem amigos, nem avós, pois  uns estão longe e outros também estão a trabalhar. Isto acontece, dois dias por semana. O facto é que,  por vezes fica tantas horas sozinho à espera, que me deixa preocupada e estar a trabalhar com esta preocupação, é um stresse.

A repetição da Páscoa

Parece espantoso, mas todos os anos surgem as mesmas conversas nesta quadra. " Estão abertos no domingo de Páscoa!?" ; " Coitadinhos de vós"! " A que horas fecham no  domingo de Páscoa"? "Mas é dia santo, deviam de estar fechados"!

Depois de tantos anos a trabalhar quer na sexta-feira santa, quer no domingo de Páscoa, quando me fazem perguntas ou observações, mostro-me conformada. No entanto, hoje um senhor perante o meu conformismo, diz-me que o mal dos portugueses é se acomodarem às situações. Mas que queria ele que eu fizesse!? Um revolução!? Se calhar ele próprio vai lá às compras no domingo...afinal o supermercado está aberto por causa dos clientes ou para castigar os funcionários!?

Trabalhar no domingo de Páscoa

Hoje, domingo de Páscoa, o movimento esteve bem calmo. Um senhor, cliente habitual, quando chega à minha caixa, apenas com um saco com bananas, diz-me: " A menina desculpe, vir cá hoje, porque eu sou contra, mas a minha mulher convenceu-me a vir comprar bananas para a neta, se não não vinha! Por mim estes sítios estavam todos fechados. Dantes não estavam abertos e passava-se bem!"

Outras pessoas perguntavam a que horas fechávamos e ficavam admirados de só fechar às 19h, porque na localidades os outros fechavam às 13h.

Os clientes, como é tipico do português (tudo para a ultima hora) compraram maioritariamente ovos de Páscoa, amêndoas, sobremesas de Páscoa.

E depois, até posso dizer, que o coelhinho da Páscoa existe mesmo, pois tive um bónus e saí um bocadinho mais cedo!

 

Trabalhar não é coisa para crianças

Um jovem pai, o seu filho ( cerca de 6/7 anos) e a sua mãe (avó da criança) chegaram à minha caixa com um carrinho cheio. Apenas tinham colocado um artigo sobre o tapete, e a avó desaparece. Logo a seguir é o jovem pai que diz ao filho,  para ele colocar as compras no tapete, porque ia buscar algo. O tempo a passar e a criança a colocar os artigos no tapete. Como era uma criança fazia o processo devagar e com alguma brincadeira. Uma vez que não estava lá mais ninguém eu ia embalando. Quando alguém se aproximava da minha caixa e percebia o filme, dava meia volta e saía dali. A meio do percurso, o pai vai lá levar uma ou duas coisas, diz ao filho para se despachar e volta a desaparecer. A criança continuava a sua tarefa. No carrinho havia uma caixa de cervejas que o menino nem conseguia levantar. Pedi-lhe para deixar estar que eu ia lá ver o código. O pequeno já devia de estar habituado à tarefa, pois fazia tudo descontraidamente e (repito) a brincar. O pai chegou lá e apenas passou o carrinho para o outro lado. Depois chegou a avó , deixou lá um cestinho vermelho daqueles com rodas e voltou a desaparecer. Foi novamente a criança que foi lá despejar o cestinho, enquanto o pai colocava os artigos, já todos embaladinhos por mim, no carrinho. Até um pack de 4 garrafas de água a criança colocou com muito esforço sobre o tapete.

 

No final pagaram, e foram embora, nem um obrigado por ter sido eu a embalar tudo!

 

Fiquei a pensar na criança, pois tenho um filho da mesma idade! O menino pareceu-me feliz e tudo, mas achei que o podiam ter ajudado  e não ser só ele a ajudar os adultos!

Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho

 

«Anualmente, no dia 28 de Abril é  comemorado o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho.

Como vem sendo hábito nos últimos anos, demonstrado o seu compromisso com a segurança e saúde no trabalho, a SONAE associa-se a este dia e promove a reflexão no que respeita a prevenção; segurança e saúde no Trabalho.»

                                                                                (folheto)

Cenas perfeitamente evitáveis II

Sei que estou a ser repetitiva, mas são as situações que também se repetem. Novamente depois de eu ter fechado a caixa, ter arrumado tudo, e estar a preparar-me para sair, uma colega (chefe de secção) pergunta-me se lhe posso passar só  o almoço. Isto no momento em que já tinha dito a uma cliente que a caixa estava fechada, e mesmo com essa cliente a olhar para ver a minha resposta. E não havia filas, a colega apenas tinha duas pessoas em espera? Eu disse à colega que não a podia atender porque já outra cliente me tinha pedido e eu tinha dito que “estava fechado”! A resposta da colega foi “eu nem comento”.

 

É que depois eu é que me fico a sentir mal com a situação e a falta não foi minha. Custa-me que as pessoas não respeitem o meu trabalho, ainda por mais pessoas de onde devia de vir o exemplo, já que são pessoas bem formadas, e por isso (neste caso) são chefes. E depois parece que ficam zangados comigo.

 

Mas desta vez vou fazer alguma coisa. Vou mesmo!

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