Estou a atender uma jovem mãe com os seus dois filhotes: o mais velho devia ter cinco anos e o mais novo três.
O menino mais novo chorava, chorava, dizia "mas eu queria", e a mãe dizia, "este não é para ti, é para o Vicente". Era um jogo. Então, eu perguntei ao menino se o pai natal se tinha esquecido de deixar algum brinquedo, ao que a mãe respondeu: "tem a sala cheia de brinquedos novos, tantas coisas, e quer sempre mais alguma coisa"!
O choro do menino era tão alto que chamava a atenção das pessoas que estavam tanto na minha fila como nas filas próximas.
A mim, o que me comoveu, foi que enquanto o menino mais novo soluçava de choro, o mano mais velho fazia-lhe festinhas na cara, que ternura. Tão bom de ver!
Uma avó passa um brinquedo ao netinho, depois de estar registado. Esta criança devia de ter no máximo três aninhos.
Netinho: É pra mim!?
Avó: Sim!
Netinho: Pra levar?
Avó: Sim...
Netinho: Posso? Levar pra casa!? E não é caro!?
É neste momento que todas as pessoas que estão assistir, sorriram. A avó disse: "pois, estamos sempre a dizer que é tudo caro, e ele ficou preocupado."
Mas não deixou de ser ternurento Quantas vezes nós dizemos aos nossos filhos que as coisas são caras, e mesmo assim eles insistem, sem se preocuparem com preços. Esta criança tão pequenina, preocupada já com estas questões... é caso para dizer que é de pequenino que se torce o pepino.
Há situações que me passam à frente e que me deixam comovida, umas positivas outras nem tanto. A que hoje conto, foi ternurenta. Um casalinho de velhotes, mas mesmo muito velhotes, chega com o seu carrinho cheio de compras. A senhora dizia ao marido: "não te queres ir sentar um bocadinho, que agora já me desenrasco?" E o senhor a fazer cócegas na cintura da esposa, dizia: " eu ajudo, vai lá por nos sacos que eu tiro do carrinho"! Durante todo o atendimento era ver cada um a cuidar e a preocupar-se com o outro, de uma forma tão meiguinha. No final, a esposa dizia: "deixa que eu empurro o carrinho, não podes fazer força!"
Coisa mais linda! Foi difícil conter a emoção, fiquei enternecida!
Já na fila, e quase na sua vez, mãe e filho trocam beijinhos. “Mãe sabes…eu gosto muito de ti” “E eu de ti, meu amor”! Que ternura aqueles dois. Até que o menino diz “então mãe podias me comprar…um chocolate…” Toda aquela doçura do pequeno trazia água no bico. Aquela mãe não conseguiu resistir… As crianças tem cá uma escola! Conquistam-nos de uma maneira tão subtil…