Sou daquelas pessoas que precisam de comer, nem que seja, só um quadradinho de chocolate por dia, por isso estou a par dos preços, principalmente daqueles, que compro habitualmente.
Certo dia uma cliente, pergunta-me se eu sei o porquê da subida do preço dos chocolates, principalmente os de marca branca não só do continente, como também de outro supermercado concorrente. Disse à senhora que ainda não tinha dado conta, porque ainda tinha em casa e não tinha ido comprar. A cliente disse-me que foi falar com alguém noutro supermercado e lhe tinham dito que era devido à subida do preço do cacau, matéria prima do chocolate.
A cliente até disse que habitualmente levava uns quantos chocolates, mas que por aquele preço, nem um levava! Fiquei realmente atenta, e quando saí do trabalho, fui à prateleira verificar, e realmente, fiquei surpreendida com a subida do preço. Também não comprei. Por estes preços, tenho que moderar o consumo, já que não é um bem essencial. Mas vou sentir a falta!
Fui pesquisar e encontrei esta explicação:
" Por que o chocolate está mais caro? O motivo para um aumento de preço do chocolate é o mesmo para o aumento de preço do azeite: aquecimento global. A produção do cacau, matéria-prima do chocolate, tem sido afetada diretamente por conta das mudanças climáticas resultantes do fenómeno El Niño.
O El Niño ocorre devido ao enfraquecimento dos ventos alísios na direção leste-oeste, aumentando as temperaturas na superfície das águas do Oceano Pacífico Tropical."
Passe o tempo que passar, uma grande parte das pessoas continua a ignorar o distanciamento.
Ainda achei que a pandemia tinha tornado as pessoas um pouco mais civilizadas e que as tinha feito ter comportamentos mais corretos, mas não!
Desejo que chegue o dia em que me digam assim: "olha é para deixar as pessoas à vontade com o distanciamento, se elas quiserem estar umas em cima das outras, deixa! Não te stresses mais com isso!"
Não é fácil para quem ali está, estar a atender um cliente, dar a devida atenção com as questões necessárias, e ter de estar com um olho não no cliente seguinte, mas no que está logo após o seguinte, pois é esse que está sempre desertinho para que encostar e roçar no outro.
Hoje, ao ver um cliente a encostar-se logo, sem aguardar quer o espaço, quer o tempo, chamo atenção e ele pergunta o porquê, mesmo vendo que até a outra pessoa se estava a sentir incomodada com tanta proximidade. Peço educadamente para aguardar só um pouco até o cliente que estou a atender, sair. Vejo a cara de espanto, e digo que o tempo que demora é o mesmo. Ao que ele responde que deixou os carapaus a assar e que assim eu vou fazer com que os deixe queimar!
Se foi mesmo verdade, é impressionante a irresponsabilidade das pessoas e a facilidade em que colocam nos outros a culpa pelos seus erros!
Já um ou outro cliente me questionou sobre o facto de não usarmos máscara. Por vezes, parece que estão a fazer um inquérito, outras vezes é só para fazer conversa de circunstância. Justifiquei dizendo que as barreiras acrílicas nos davam proteção, alguns ficavam convencidos, outros nem tanto!
Um dia destes resolvi, não usar as luvas, como tenho o álcool em spray e ia desinfetando a cada cliente. Fi-lo porque não me ajeito nada com as luvas, mas consciente do que estava a fazer. No entanto, houve vários clientes perguntarem-me o porquê de não ter luvas. Voltei a usá-las, principalmente para não ter de dar explicações!
Já me começo mais a habituar ás luvas, e caso fosse preciso, ou me dissessem na empresa, para usar máscara, também me habituaria!
Claro que quanto mais protegidos estivermos melhor, tanto para nós como para os outros!
Era sexta-feira, dia 10. Sabiamos à partida que o dia não ia ser fácil. Muitos velhotes vêm neste dia, porque é o dia que recebem o seu "vencimento". Felizmente a maioria são simpáticos, cumprimentam-nos como se fossemos família, perguntam se estamos bem, dizem que foi um prazer ver-nos, nós retribuirmos e isso é reconfortante.
No entanto, existem os do contra. Assim que cheguei ao balcão de informação para fazer as tarefas que antecedem a ida para a caixa, sou abordada por um velhote, que diz que quer falar comigo. Educadamente, digo : "Em que posso ajudar?". É aí que o velhote, com uma certa ironia me pergunta, se quero que ele vá para uma caixa atender pessoas, e começa a falar sobre o emprego e desemprego, e coisas do género.
Estive quase para lhe dizer, que foi por estar a perder tempo a ouvir as idiotices dele, que demorei mais tempo a chegar à caixa. Mas , apenas lhe disse :" Está bem"! Ao que ele respondeu:" Mas parece que você não manda aqui nada"!? E saiu de cena! Sentindo-se melhor, com certeza, por ter opinado...
Não sei porquê, mas tenho ideia que as pessoas que mais reclamam se tiverem mais algum tempo na fila, são os velhotes, e depois ainda dizem que esta mocidade de hoje anda sempre com pressa e que não tem tempo para nada!