Seja quando estamos a entrar ao serviço, seja quando o estamos a largar, precisamos de pelo menos dois minutos.
A pergunta "Vai abrir?" causa um certo stresse. Se estamos a chegar, porque precisamos, abrir as moedas, ver se está tudo a funcionar, para além do atendimento, nessa altura ser, por ordem de fila. Imaginem que o tapete não está a funcionar, que está sujo e precisa de limpeza, que a impressora não está a funcionar!? Parece que não podem esperar um bocadinho! Quando estamos a fechar, estamos a fazer limpeza, a cancela está fechada, ou se ainda estamos a terminar o último cliente avisamos que a caixa está a fechar!
Quando chego, já havia filas nas outras caixas, por isso peço para passarem para a minha caixa, pela mesma ordem.
Um senhor "fura" descaradamente a fila, quase derrubando as outras pessoas. Então eu digo que tem de esperar, porque há pessoas à frente. Vai, ele responde, com altivez : "Pois, mas eu tenho prioridade, algum problema!?"
Não percebi a razão de ter prioridade, pois se o senhor tinha algum problema, não era visível!
Ninguém reclamou. Se alguém tivesse dito alguma coisa eu teria de perguntar, porque há casos em que a pessoa prioritária tem de ter um documento.
Aqui há uns anos, quando perguntei a um senhor o porquê da prioridade, ele levantou a camisola e havia tubos no corpo dele, quase caio pro lado, (acho que já mencionei esta situação no blogue) por isso tento sempre compreender, antes de perguntar!
Também gostaria de sugerir que o cliente prioritário dissesse, caso não seja visível, o motivo da sua prioridade ou então mostrasse algum documento, não pela operadora de caixa, mas por consideração aos outros clientes que estão há algum tempo na fila e merecem esse cuidado!
Perguntavam-me num destes dias, porque digo que gosto do meu trabalho se é monótono (na minha opinião, poucas coisas são monótonas), se trabalho aos fins semana e feriados, se, se, se...
Ora então, talvez o segredo esteja no part-time, e isso permite-me que o tempo que estou a trabalhar, dê toda a minha disponibilidade, energia e atenção! Metade do tempo dedico-me ao trabalho, outra metade à família (estive mais presente em todas as fases de crescimento do meu filho), a outras actividades (no meu caso voluntariado) e até a descansar, porque tendo fibromialgia, por vezes, é preciso fazer uma pausa! Consigo gerir bem o meu dia, mesmo que trabalhe num domingo, nunca é o dia todo, por isso não me queixo, é tudo tranquilo!
Felizmente os clientes percebem que não estou ali contrariada, mesmo que seja domingo de Páscoa! É bom saber que é essa minha disponibilidade que passo aos outros!
Claro que ganho menos que um full-time, e o dinheiro tem que ser melhor gerido, mas tem outras contrapartidas. Felizmente posso ter este pequeno luxo!
Actualmente o dia a dia das pessoas é um stresse, uma correria, quase ninguém faz as suas tarefas calmamente, e muito menos alguém vai ao supermercado com calma e com tempo. Ou é porque têm almoço para fazer, porque têm alguém à espera, porque vão apanhar o autocarro, porque têm de ir buscar os filhos à escola, porque estão atrasados para o trabalho, enfim.
No entanto há um pequeno número de pessoas, que já passaram esta fase de correrias e de stresses, e que agora precisam é de tempo e sossego para fazer as suas tarefas. Refiro-me aos seniores, ou velhotes. Muitos deles precisam de mais tempo, precisam de ajuda, precisam até, de ter um pouco de conversa, mas os demais não deixam e pressionam-os. Recentemente uma senhora, reclamava que estava em cima da hora para entrar ao serviço, e dizia referindo-se a um idoso, que estava a demorar imenso para tirar o dinheiro da carteira, "mas porque é que esta gente vem para aqui a esta hora"!? Não sei se o senhor percebeu, mas fez-me pena, as pessoas a certa altura da vida perdem a agilidade e não conseguem fazer as tarefas mais básicas com a rapidez esperada. Eu posso ajudar a embalar as compras (caso o cliente queira), mas não posso mexer na carteira das pessoas e tirar de lá o dinheiro, tenho de esperar.
Há outros velhotes, para quem dois dedos de conversa entre eles e nós, lhes faz bem, anima-os, mas mesmo essa conversa não fazendo com que o processo atrase, as outras pessoas, acham logo que a conversa vai atrasar o atendimento.
Eu compreendo que não haja tempo para demoras e que as pessoas tenham os seus compromissos, mas não colidam com estas pessoas, pois certamente lá chegarão um dia.
Do meu ponto de vista, acho que fazia falta a existência de uma Caixa Sénior . Não me refiro a uma caixa prioritária. Refiro-me a uma caixa para pessoas mais velhas, que precisem de ajuda e que não estejam com pressa. Nessa caixa, a operadora atendia a um ritmo mais vagaroso, de acordo com o cliente em questão, o cliente até podia ter uma cadeira para se sentar, caso as suas pernas assim o pedissem. A desvantagem seria, nos dias em que são muitas as pessoas desta categoria, não chegar apenas uma destas caixas, daí eu achar que esta caixa sénior seria apenas uma utopia!
Ultimamente tenho assistido a muitas ocorrências, onde as situações com os mais velhos não são bem compreendidas pelos outros, e custa--me ver e não poder fazer quase nada! Certa vez pedi uns trocos a uma velhota, que demorou uns segundos a encontra-los e logo um senhor da fila disse: "se não lhe tivesse pedido os trocos, já estava despachado"!
Enfim, quem sabe um dia, os seniores tenham um atendimento mais apropriado, eles merecem, pois já trabalharam muito, já passaram por muito e agora mereciam essa atenção!
Por vezes eu sou uma pessoa muito observadora e concentrada, mas por outras, sou distraída e deixo passar algumas situações, à minha frente, sem me dar conta!
No entanto, no meu universo, de pessoas que atendo na minha caixa, tirei uma conclusão: grande parte das pessoas aprecia o facto de nós auxiliarmos e esperarmos que o cliente arrume as suas compras e só depois lhes perguntar-mos, se tem cartão, se tem cupões e lhe pedirmos o valor. E por vezes, o tempo que se demora é o mesmo, pois não adianta, o cliente deixar os artigos por arrumar a meio, para ir á carteira e pagar, se depois, temos de esperar que retire os artigos. E uma coisa eu não faço: ter produtos de um cliente ainda no tapete, ainda que embalados, e começar a registar as compras do cliente seguinte.
Um dia uma cliente, não quis ajuda a embalar porque queria separar as compras, porque tinha artigos para duas casas diferentes. Eu deixei que a senhora arrumasse, até os arrumou num instante. Vi que ficou agradada de ter este tempinho. A pessoa até pode deixar os cartões a jeito no inicio de colocar as compras, se tiver tempo.
Também há clientes que são um speed arrumar as compras, que nem deixam o cliente que estava a sua frente sair, já lá estão a preparar os sacos...
Mas seu perguntasse a cada cliente, julgo que a maioria gostaria de ter tempo e espaço para primeiro arrumar as compras, ou dentro de sacos, ou apenas dentro do carrinho a granel, mas só lhes pedirmos o dinheiro, os cartões etc, quando tudo estivesse acondicionado.
Quando vocês, clientes, tiverem de usar a aplicação do continente que têm no vosso telemóvel, que é pratica e vantajosa, aconselho-vos a accionar a aplicação ainda na fila.
Isto porque, muitas vezes, é quando a operadora pergunta pelo cartão e pelos cupões que o fazem, e como, a tendência do sistema, é demorar sempre um bocadinho, e isso, torna-se constrangedor porque os outros clientes da fila, ficam a olhar, impacientes, e alguns até podem achar que a pessoa está a navegar ou a mandar mensagens... Com a aplicação já ativada, é só dizer à operadora que querem usar a aplicação e dizerem o número, a aplicação tem a duração de 20 minutos.
É apenas uma sugestão, pois cada um é que sabe como lhe dá mais jeito fazer as coisas. E se estão na vossa vez, têm o direito de demorar o tempo que for preciso.
Muitas vezes há clientes que têm a aplicação instalada, mas tem dificuldade em a saber usar, e nós ajudamos.
De qualquer forma deixo as instruções que acho que vos pode ajudar:
Depois de carregarem no atalho da aplicação, vão ter à fase em que aparece o vosso saldo, e os cupões, em baixo devem carregar na opção "usar na loja", depois em "ver cupões", de seguida, selecionam os cupões que precisam, e finalmente carregam em "autorizar" para gerar um número que é o vosso nº telemóvel. Têm mesmo de fazer todo esse processo, não basta dizer o número.
Era sexta-feira, dia 10. Sabiamos à partida que o dia não ia ser fácil. Muitos velhotes vêm neste dia, porque é o dia que recebem o seu "vencimento". Felizmente a maioria são simpáticos, cumprimentam-nos como se fossemos família, perguntam se estamos bem, dizem que foi um prazer ver-nos, nós retribuirmos e isso é reconfortante.
No entanto, existem os do contra. Assim que cheguei ao balcão de informação para fazer as tarefas que antecedem a ida para a caixa, sou abordada por um velhote, que diz que quer falar comigo. Educadamente, digo : "Em que posso ajudar?". É aí que o velhote, com uma certa ironia me pergunta, se quero que ele vá para uma caixa atender pessoas, e começa a falar sobre o emprego e desemprego, e coisas do género.
Estive quase para lhe dizer, que foi por estar a perder tempo a ouvir as idiotices dele, que demorei mais tempo a chegar à caixa. Mas , apenas lhe disse :" Está bem"! Ao que ele respondeu:" Mas parece que você não manda aqui nada"!? E saiu de cena! Sentindo-se melhor, com certeza, por ter opinado...
Não sei porquê, mas tenho ideia que as pessoas que mais reclamam se tiverem mais algum tempo na fila, são os velhotes, e depois ainda dizem que esta mocidade de hoje anda sempre com pressa e que não tem tempo para nada!
Acontece muitas vezes os clientes estarem na caixa e não se decidirem, se querem fatura, se querem sacos, se querem descontar do cartão, se têm cupões....
Era tão bom se não tivessem tantas hesitações e tivessem mais certezas. Ainda há pouco tempo fiz uma destas perguntas , o cliente não respondeu, repeti a pergunta e o cliente respondeu "estou a pensar". e pensou, pensou...e a fila à espera!
E por vezes, depois da decisão tomada, ainda mudam de ideias e querem voltar atrás...
Eu sei que no supermercado, os clientes estão sempre com imensa pressa, atrasados e sem paciência para esperar. Mas quando nós chegamos ao posto de trabalho se não abrimos logo a cancela, é porque precisamos de um minuto para abrir os sacos das moedas e organizar o nosso posto de trabalho. É muito stressante começarem logo com as perguntas "para que caixa é vai", "vai abrir", "demora muito". Muitas vezes eu digo que já vou chamar mas, por ordem de fila.
Num dia destes um cliente disse que ia já pondo as coisas no tapete, eu concordei, pois não havia mais ninguém em espera. Comecei a abrir os sacos das moedas, chega um outro senhor e começa a pedir-me um saco transparente porque o saco das laranjas se tinha rebentado, e como eu não respondi logo, repete a pergunta. Eu apenas queria abrir a caixa quando já estivesse tudo pronto, para evitar estas confusões. As pessoas, cada vez mais, não sabem esperar!
Depois da euforia dos últimos dias que antecederam o natal, o supermercado tem estado mais calmo, com menos gente, e assim o tempo custa mais a passar!