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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

Sem palavras

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Chega à minha caixa, aquele cliente, sobre o qual já aqui falei muitas vezes, principalmente da sua constante boa disposição. Cumprimenta-me com um aperto de mão,  noto logo que algo se passa, pois ele não vinha com piadas e brincadeiras como é hábito. Pergunto se está tudo bem, ao que ele responde. "não, está tudo mal!". Então eu pergunto se é a esposa que está novamente doente e ele responde: "não,  doente ela não está, já está, é enterrada!" Neste momento, eu fiquei bloqueada, surpreendida, sem saber o que dizer, pois ainda há tempos os tinha vistos lá aos dois.

 

Foi aquela doença maldita, houve uma altura que a senhora esteve internada, mas depois já lá ia de novo com o marido, é lamentável, eles chegavam a ir lá quase diariamente, sempre juntos.

 

Fiquei triste, nós vamos nos afeiçoando ás pessoas...claro que depois sentimos a sua falta

Os clientes familiares

 

Ao fim de cerca de oito anos a trabalhar na mesma empresa, na mesma localidade, vou fixando algumas caras, algumas manias, algumas características de alguns clientes. Aqueles clientes fixos. Por exemplo:

 

- O desenho animado - este senhor já bem velhote vai semanal ou quinzenalmente com a esposa. Está sempre a reclamar e tem uma voz que parece de desenho animado. Só me apetece desatar a rir quando o ouço!

 

- O cliente que não é cliente - tem uma aparência engraçada, pois é careca, mas tapa a careca com o cabelo dos lados. Sempre que pergunto pelo cartão de cliente, ele responde, com um ar sério, que não é cliente. Mas vai lá imensas vezes.

 

- o Sr. fala barato/ou o sr. Boa disposição - fala pelos cotovelos em voz alta, é uma animação aquele senhor, sempre com boas piadas!

 

- a chatinha de serviço - esta senhora é tão chatinha, que quando a vejo entrar, começo a rezar para que não vá à minha caixa. Faz mil perguntas, só quer é descontos e promoções, do tipo passo um artigo tenho de parar para ver a validade, o preço, se tem desconto, depois se não lhe convier desiste deste, e passamos ao segundo e a história repete-se. Haja pachorra!

 

- o Sr. das sextas-feiras - Gosta de fazer as compras à sexta-feira. É um senhor muito culto e simpático. Costumamos falar...imaginem de política, isto porque este senhor, tal como a maioria das pessoas (eu incluída) está indignado com a actual situação do país.

 

- o Sr. do jornal "o publico" - Compra sempre este jornal, é muito simpático e calmo,  é um cliente diário.

 

- o casal amável - Um casal de velhotes muito bem aperaltados, culto, simpático. Gosto imenso da maneira como eles me tratam. O senhor quando chega á caixa diz: " desculpe, vir mais uma vez dar-lhe trabalho". É tão educado, e está sempre a pedir desculpa, que até me faz rir.

 

- o senhor provérbios - antes ia muito à minha caixa, agora tem outra preferida, mas de vez em quando lá vai e é sempre muito amável. Continua a ir às compras de bicicleta, e por isso tem uma forma especial (que nem todas sabem) de levar as compras embaladas!

 

- a mãe - tem filhotes da mesma idade que o meu filho e costumamos falar...dos nossos filhos!

 

- O Mr. Bigodes - Está sempre a falar do meu livro, a chamar-se escritora, agora trata-me por Agatha Christie. Sempre bem disposto.

 

- a velha e simpática senhora do vinho - isto porque leva sempre vinho, mas faz sempre questão de dizer que não é para ela ( vá-se lá saber porquê).

 

- outro casal simpático - a senhora trata-nos sempre tão bem e é amorosa.

 

- uma senhora já velhota, compra muitas vezes uvas. Outra querida!

 

- o senhor do palito na boca - anda sempre com um palito na boca e faz questão de mostrar.

 

- a franjinhas - entra muda e sai calada, mas sempre correta!

 

 

 

O pós TV

Posso dizer que estou a gostar imenso desta fase “pós SIC”! Muitas pessoas vêm falar comigo, fazem perguntas relativamente ao livro e tenho sido elogiada e reconhecida. Eu que sempre vivi na maior das discrições.

 

Hoje quando estava a chegar ao meu Continente, mesmo antes de iniciar o turno, um cliente chamou-me em voz bem alta e disse-me “ estou na página 20!” Este cliente folheou o livro (mesmo sem o comprar) e reconheceu-se nas minhas descrições, já que eu fiz um texto sobre ele, é o Sr Boa disposição! Foi um momento bem divertido.

 

Depois uma colega contou-me, que uma cliente lhe disse que ia no comboio a ler o meu livro e a rir-se! Essa senhora disse que já estava toda a gente a olhar para ela e a julgarem que ela era maluquinha! Eu nem sabia que o meu livro divertia assim tanto as pessoas, e fico tão feliz com isto!

 

Depois aconteceu uma situação na caixa de uma colega. Um cliente disse “boa tarde!” e depois disse ainda: “...e não digo mais nada, se não você ainda me escreve um livro!” A minha colega fartou-se de rir! E o senhor disse que ia ver se vinha à minha caixa, para ver se eu depois escrevia sobre ele!

 

Ora digam lá se tudo isto, não é bom para mim!? Eu fico emocionada! Só tenho a agradecer a todos os que me têm feito rir, emocionar e sentir reconhecida e valorizada! Obrigada!

http://www.facebook.com/Alupadealguem.olivro

 

Piadas dos clientes

Logo pela manhã tenho na fila da minha caixa, o Sr. boa disposição. Do fim da fila ele começa a chamar-me e a dizer que tem de se despachar porque tem de ir ao hospital ver o Primeiro-ministro. Fica toda a gente a olhar para ele. Ele diz :" Ah vocês ainda não sabiam? Ele foi internado!" As pessoas a pensarem que era noticia recente, perguntaram o que tinha acontecido ao Sócrates. É então que ele diz : " ele queixou-se ao médico que toda a noite ouvia passos de coelho e portas a bater e então já não o deixaram sair de lá! Ficou no Júlio de Matos!" Bem foi risada geral, acho que ninguém conhecia esta piada ainda! Este senhor é mesmo engraçado, e tanta boa disposição até contagia!

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O senhor "boa disposição"!

 

Os meus últimos posts tem incidido na maior parte dos casos sobre situações menos boas com clientes. Mas isto de atendimento ao público nem sempre é negativo. Aliás os casos negativos são marcantes justamente por serem minoria. Quero destacar a simpatia e boa disposição de um senhor que é cliente habitual do estabelecimento onde sou operadora de caixa. Este senhor tem muita graça já que está sempre bem disposto e faz questão de fazer rir todos os que estão por perto. Tem sempre uma palavra amiga e cordial para connosco as operadoras. 

 

Ele brinca muito e fala que conhece o nosso patrão e que conhece outras pessoas notáveis. Não sei ao certo se fala verdade ou se é tudo a brincar, já que brincar parece ser aquilo a que ele se dedica sempre. Há poucos dias deixou um café pago para todas as operadoras que estavam ao serviço naquela hora. Um grande bem haja a este cliente que nem sei o nome nem de onde é, só sei que ele só pode ser uma boa pessoa...