Um senhor, já velhinho e muito debilitado, que mal andava, ele arrastava os pés, perguntou-me onde estava um determinado artigo, e especificou ao pormenor, limonada de um litro da marca B. Quando percebi a distância que esse artigo estava e visto que de momento não tinha ninguém na fila, pedi autorização para ir buscar o artigo ao senhor.
Depois de ter a resposta, o senhor disse-me"traga-me dois" ele sabia bem a marca , a quantidade que tinha e o sabor.
Depois disse-me que estava mesmo ali no lar que fica a poucos metros. Pediu-me para por dentro de um sacos. Ele pagou em dinheiro, entreguei o troco. Reparei que estava com dificuldade em pegar no saco. Então fui ajudar a pendurar o saco no braço do senhor. Vi que ele tinha a mão fechada, julguei que ainda não tinha guardado o troco, mas a cliente que estava a seguir fez-me um sinal. Foi quando percebi que o senhor além das pernas também tinha alguma coisa naquela mão e não a abria.
Uns velhinhos já ambos debilitados, e cada um com uma bengala, iam olhando fixamente para o ecrã onde iam controlando os preços ou o total. Tinham poucos artigos, e eu própria os coloquei no saco, porque a preocupação deles era outra.
No final a senhora pergunta baixinho ao senhor "então chega ou não!?" Ele afirma que sim, e coloca umas quantas moedas em cima do tapete e pede-me para eu contar. Na verdade, faltava sete cêntimos, mas eu disse-lhe que estava certo.
Estas situações deixam-me triste. Porque se faltasse mais dinheiro e tivesse que anular artigos, seria ainda pior, porque por mais empatia que possamos ter com as pessoas, também sabemos que não podemos fazer mais.
Existe um cartão que tem o nome de "cartão mais pessoas", que é gerido pela Segurança Social e financiado pelo Fundo Social Europeu. Destina-se a apoiar famílias em situação de carência económica e permite adquirir bens alimentares em estabelecimentos comerciais aderentes ao programa, como é o caso do Continente.
Este cartão só dá mesmo para bens alimentares, considerados essenciais, se registar outro tipo de artigo, o sistema não aceita. Houve uma vez que uma cliente me pediu um saco, e deu logo erro. Passamos o cartão antes de começar a registar as compras, e no fim é usado como se fosse um multibanco com código e tudo.
Enquanto que o cartão da cruz vermelha que também se destina a apoiar famílias carenciadas, dá para comprar produtos não essenciais, este só dá mesmo para bens essenciais!
O cartão é pratico de usar, claro que da primeira vez tive que perguntar, pois não conhecia o cartão.
Uma cliente deste cartão disse que tinha um determinado valor que era carregado mensalmente, e que era uma boa ajuda!
Outra cliente disse me que não sabia o saldo que tinha, porque não sabia mexer com o telemóvel. Essa cliente foi ao supermercado duas vezes na mesma manhã, da primeira, pegou com esse cartão, da segunda, já não deu e pagou com dinheiro.
Estava a atender uma senhora, uma velhota castiça, que eu já há algum tempo não encontrava. Que feliz eu fiquei de a ver bem. Foi muito querida comigo, aliás como sempre.
Levava alguns frasquinhos , de sabonete, de gel banho, uns que têm um manípulo que temos de rodar, e que depois funciona com um clic. Muito educadamente pediu-me se eu os podia abrir, porque ela não era capaz. Na imagem, o primeiro está fechado, e o segundo aberto, depois de rodar!
A primeira coisa que pensei foi que nem eu própria ás vezes consigo, mas prontifiquei-me a ajudar, apenas questionei se depois não vertia o liquido pelo caminho, ela assegurou-me que não!
Felizmente consegui, ela ficou agradecida e eu satisfeita por poder ajudar. Mas, de facto, estes manípulos podem até ser seguros, mas não são fáceis!
Está a decorrer no continente, mais uma campanha de vales solidários, através da missão continente, para o Banco solidário animal, Animalife.
Somos também nós, operadoras de caixa, que divulgamos na caixa a campanha aos clientes e perguntamos se querem contribuir através dos vales de €1 ou €5 .
No meu ponto vista, nas situações que tenho divulgado a campanha, porque apesar de não ser boa "vendedora" sou muito dedicada à causa animal, tenho encontrado um misto de situações.
Tenho encontrado pessoas que neste âmbito, e de forma positiva, dizem preferir ajudar animais a pessoas, pessoas que contam situações de adoção a animais com finais felizes. Algumas pessoas, até me mostram fotos dos seus animais no telemóvel, quando há tempo. Pessoas que se o tempo permitisse, ficaríamos ali, horas a falar sobre os animais, a sua doçura, inteligência, fidelidade, companhia. Pessoas que diziam ajudar de outras formas.
Também houve pessoas que diziam que não ajudavam porque não podiam, mas que eram solidárias com a causa.
Mas, como nem tudo é perfeito, também há pessoas, que ficam indignadas por estarmos a pedir para os animais. Um senhor, que disse " e então logo para os animais, eu não os tenho, para não ter despesas, nem chatices, era o que faltava!"
Acredito que as pessoas fiquem cansadas com estes pedidos, mas, o pouco que possam ajudar, todo junto, fica muito e alimenta muitos animais , principalmente, os sem dono ou que o dono esteja com dificuldades, os das ruas, os das colónias, e os que estão nas associações.
Este saco de pano ecológico do continente é muito resistente, durável e confortável para ir às compras e não só. Tem a vertente solidária pois vem com um QR para depois de seguimos os passos, ser plantada uma árvore, em África.
Por vezes há situações em que notamos que as pessoas precisam de ajuda, e eu gosto de ajudar, acho que sou empática, solidária.
Uma senhora já com alguma idade, estava a fazer um esforço enorme a tirar os artigos do carrinho, porque estava, do lado do puxador, quando deveria estar do lado da ponta que é mais baixo. Quando expliquei , exemplificando, que havia uma forma mais simples, a senhora aceitou, e agradeceu!
Não foi fácil rever a esposa do senhor, que faleceu recentemente e era "nosso" cliente. Era hábito os ver sempre juntos e divertidos. Parece estranho ver um sem o outro!
A senhora está tão abatida, tenho tanta pena. Ela mal consegue falar! Até me disse que nem vontade tinha de sair de casa, mas eu disse-lhe que viesse, porque sempre espairecia, falava com as pessoas.
Gostava de poder ter dado mais atenção, mas é um supermercado e tem horas que o movimento não nos deixa parar!
Esta época natalícia, já foi de luz e magia para mim. Quando o meu filho era pequeno sempre o levei a gostar de todo este encantamento!
No supermercado, há sempre muita correria, impaciência, mas também, algumas pessoas/clientes são invadidas por este espírito e ficam mais tranquilas, amáveis!
Também é altura de campanhas de solidariedade, que no meu ponto de vista, são um pouco longas. Não é fácil pedir, uma semana ou duas, ainda consigo, mas depois as pessoas começam a dar muitas negas, porque também estão com dificuldade. As pessoas justificam o "Não", muitas vezes com histórias de vida, que fazem chorar as pedras da calçada, fico devastada! Fico acanhada e com vergonha de pedir, mesmo sabendo que é parte do meu trabalho! Ainda assim, vou divulgando a campanha, que este ano, se destina a três associações locais, conhecidas pela maior parte das pessoas! Cada pessoa tem o seu feitio, e felizmente há pessoas que têm mérito nesta função!
Com o passar do tempo, e quando começamos a perder pessoas próximas, os sentimentos mudam, os lugares que antes eram de alegria, tornam-se diferentes. Vai-se perdendo o gosto.
Também é altura das avaliações nas empresas, e eu não lido muito bem com injustiças, não só comigo, mas com os outros. São situações, que não concordarmos , e que nos afetam e nos deixam tristes! Mas uma coisa é certa: o nosso valor, não diminui, só porque alguém não o vê! Tenho plena consciência, cada vez que saio do trabalho, que dei o meu melhor!
Mais um ano, mais uma vez a missão continente tem uma campanha que que visa ajudar as instituições que, durante todo o ano, fazem com que haja comida nas mesas dos que mais necessitam.
«Ao comprar um vale Presentes à Mesa, na sua loja Continente, Continente Modelo, Continente Bom Dia e Continente Online, no valor de 1€ ou 5€ estará a apoiar:
Rede Emergência Alimentar
Instituições sociais locais associadas a cada loja Continente
O valor de cada vale será distribuído, em partes iguais, entre a Rede de Emergência Alimentar e as instituições sociais locais selecionadas por cada loja, numa ótica de envolvimento e compromisso com a comunidade local.
O total angariado reverte na íntegra para a Rede de Emergência Alimentar e para as instituições envolvidas.»
Da minha parte apenas queria pedir, para que contribuam, mas, caso não o possam fazer, apenas respondam "não, obrigada!" Nós não precisamos de justificações, nem de criticas, se estamos a pedir é porque faz parte do nosso trabalho. Nós precisamos de motivação e não de desanimar. Já sabemos que têm sido campanhas atrás de campanhas e estamos sempre a pedir, mas também, a situação nunca esteve assim, nunca houve tanta necessidade!
Obrigada, clientes, pela vossa paciência e consideração. Bem hajam!