A fruta quando vai dentro do saco, que é meio opaco não se percebe se é pêssego vermelho ou nectarinas. Tenho de pesar a fruta na balança da caixa. Pergunto á cliente se são pêssegos ou netcarinas que leva. Olha para mim, mas não responde.
Julguei que fosse estrangeira. Então, resolvi abrir o saco que estava atado para ver. Diz-me logo: "porque está a abrir o saco?" Respondo: "Para ver se era pêssego ou nectarina, eu perguntei e como a senhora não respondeu" Ao que a pessoa responde: "então o preço é o mesmo!" Explico: "Pois, mas o código é diferente e nós aqui marcamos os códigos e não os preços!"
Chega uma senhora à minha caixa, uma senhora simpática, bem parecida, com um casaco muito chique .
Queixasse do calor que está ali na zona das caixas. Disse-lhe que era normal estar ali calor. É aí que começa a nossa conversa, numa altura de acalmia, enquanto registo as compras.
Cliente: Sim, e também deve ser da vacina , que levei ontem.
Eu: Vacina!? Mas a do covid!?
Cliente: Sim, sim
Eu: E então correu tudo bem? Doeu?
Cliente: Sim, correu. Não doeu. Esperei o tempo devido, sempre bem. Já em casa tive um pouco de febre, dor de cabeça, calor. Mas é tudo normal, tudo que era aspectável, porque na verdade estão a injectar-nos um vírus e é normal que tenhamos alguns sintomas do covid. Se não tivéssemos qualquer sintoma, era porque a vacina não estava a fazer efeito.
Eu: Não sabia. Ainda bem que correu bem. Sem medos, não é!?
Cliente: Eu confio, eu tenho esperança. Se a classe cientifica se uniu, para erradicar o vírus, temos de acreditar. Tenho esperança!
Neste momento já as pessoas da caixa atrás estavam de olho na conversa.
Foi uma conversa agradável, foi bom ouvir um testemunho cara a cara.
Todos queremos o mesmo, que isto acabe, e que voltemos todos a ser livres!
Graças a Deus que de entre alguns clientes desatinados, existem os de bom coração. Os que nos retribuem o cumprimento e a despedida. Aquele cliente de todos os dias, que não nos esquece, que pergunta sempre se está tudo bem. Que tem sempre um “bombom” para nos adoçar o dia. Que até nos oferece uma bolacha do pacote aberto. O cliente que nos entrega o dinheiro em mão. Que nos diz obrigada.
Há uma senhora que lá costuma ir ás compras à quarta ou à quinta feira, normalmente à mesma hora. Diz que vai no dia que lá tem uma pessoa a limpar-lhe a casa. Em tempos de férias até leva os netinhos. Lembro-me mais de um deles, que é tão educado, deve ter aí uns 12 anos, um futuro partidor de corações femininos. É uma senhora muito simpática, boa conversadeira.
Já há uns meses que não a via. Mesmo não sabendo o nome da senhora, pelas características, cheguei a perguntar a uma colega se tinha conhecimento de alguma coisa se ter passado. Essa colega disse-me que também já não a via a algum tempo, mas que lá na terra não tinha ouvido nada de grave, portanto devia de estar, tudo bem.
Entretanto vi-a lá um dia destes, veio à minha caixa me cumprimentar, perguntei da ausência e ela disse-me que esteve doente. Estava realmente com um ar cansado e visivelmente, mais magra.
Espero que recupere logo e que a volte a atender em breve, pois a conversa com ela sempre foi tão positiva e animadora, que já tenho saudades.
Um casal de clientes vai sempre à quinta feira fazer as suas compras. São super simpáticos, espirituosos. Falo mais com a senhora, que tem sempre histórias engraçadas para contar sobre os seus muitos animais. Leva sempre imensos mimos para eles, para os seus e para os que lhe aparecem à porta só para comer...
Ela nem sabe o bem que me faz sentir, quando, mesmo nos dias em que não são atendidos por mim, ela vai de propósito à minha caixa me cumprimentar e desejar um bom fim de semana. São gestos que nos confortam...
Num dia de grande movimento, uma senhora, que não devia de ter mais de quarenta anos, entrega-me a caderneta das facas, dou-lhe os seus seis selos, ao que ela me diz:
Cliente: Então não cola os selos?
Eu: Estão aqui , a senhora pode colar ou guardá-los!
Sabem aquela hora em que não sabemos se devemos dizer, bom dia ou boa tarde!? Estava eu num desses momentos e diz um cliente com muita simpatia: " Você tem relógio de boa tarde e barriga de bom dia, não é!?"
Por vezes há aqueles dias em que não estamos com muita paciência. Quem é que já não teve dias assim? E há lá um determinado casal que até nos dias de boa disposição, me custa ter paciência, porque são realmente pessoas difíceis de lidar. Estão sempre a tirar sacos, não colocam os artigos sobre o tapete e atiram-nos para a minha frente. Uma vez tive a sensação que me queriam enganar por causa deste método. Tenho de estar sempre a dizer para colocarem em cima do tapete, (e de olhos bem abertos) mas eles não compreendem.
Ontem esteve lá só o senhor a levar uns artigos e disse-me que ainda lá ia voltar para ir buscar mais coisas e perguntou até que horas eu lá estava. Eu respondi a que horas o Modelo fechava e ele disse de novo: “ mas e você até horas está aqui?” Eu respondi, mas sempre achei que eles já não me iam lá apanhar, mas enganei-me. Faltava menos de dez minutos para eu sair, e eles lá, com dois carrinhos! E a Sra., disse logo: “ ainda bem que cá está!” Eu estava desertinha para sair à hora certa naquele dia, e eles fizeram com que eu me atrasasse um bocado. Nem sei porque queriam que eu os atendesse, com tanta gente lá, não sei se será por simpatia ou por implicância. Sei que não sou a única a tentar fugir destes dois!
Que simpatia a de certos clientes, estarem ao telemóvel quando estou a embalar as coisas e nem me dirigirem a palavra e no fim dizerem: "Eram duas contas, e você fez isso tudo junto! "
Volto a falar de clientes habituais, aqueles a que também gosto de chamar: clientes do costume. Este velhote, o Sr. Provérbios é um deles, pois passa por lá quase todos os dias e às vezes mais que uma vez!.
Mesmo quando não é atendido na minha caixa porque a fila está grande ou por outro motivo passa sempre pela Lupa nem que seja para dizer: "ora viva"! Hoje atendi-o na minha caixa e ele em jeito de provérbio e cortesia disse-me :" bem disposta, trabalha no que gosta!?" Faz-me sempre sorrir a sua simpatia depois disse-me que a versão original seria:" bem disposto, trabalha com gosto?" mas como estava a falar com uma senhora adaptou o cumprimento. São gestos destes tão simples que nos fazem sentir valorizadas!