Em relação a esta campanha da Missão do continente para ajudar a Ucrânia. Os portugueses são solidários, e estão, aliás estamos todos, com receio desta guerra, e todos com muita pena e horrorizados com o sofrimento deste povo!
A primeira semana correu-me relativamente bem. Não sendo eu boa "vendedora". Porque há aquelas pessoas que já nascem a saber vender, a saber defender um produto, a ter técnicas de vendas. Eu já não sou assim. E depois certas respostas deixam-me triste. Porque há algumas pessoas, que não dizem apenas um NÃO, têm de justificar, criticar, rebaixar! Outras que as respostas, até são legitimas!
Deixo alguns exemplos, que fui registando num pedaço de rolo de papel dos talões ao longo destes dias:
- Faço a pergunta a um casal, a esposa, não responde, olha para o marido à espera que ele dê a resposta, e ele diz em tom altivo e bruto "já estou farto de ajudar!"
- Já vou contribuir, pois vou receber uma pessoa ucraniana na minha casa.
- Já dei um avio;
- Dei cobertores;
- Estou a ajudar de outra forma;
- Já estou a contribuir através da escola dos meus filhos;
- Estou há dois anos de baixa, ninguém me ajudou;
- Uma senhora que questiona como vai o dinheiro parar lá, quando menciono a palavra cruz vermelha, nem me deixou acabar e disse logo não, e contou uma situação negativa relacionada com a cruz vermelha;
- Outra pessoa diz que prefere dar coisas a dinheiro;
- Outras pessoas dizem que estamos sempre a pedir e que não pode ser sempre;
- Um senhor disse que a sua reforma era muito pequenina;
- Outra pessoa, começou a dizer como era a sua vida, ao ponto de eu ter ficado até constrangida de lhe ter pedido;
- Um casal que levava dois carrinhos cheios, respondeu que também eles precisavam de ajuda;
- Outro senhor começa a justificar, o seu não, quando lhe digo que não precisa de justificar, ele diz-me, que agora o tenho de ouvir!E lá o escutei!;
- Pessoa que me diz "eu já dei, deve estar aí no meu cartão"!, como se eu pudesse ver isso do cartão de cliente;
- Quando dizem que a eles ninguém os ajuda.
Que esta ajuda seja uma mais valia para este povo! Obrigada a todos os que têm ajudado, seja qual for a forma ou a quantidade! Creio que até temos de lhes estar gratos, porque a luta deles [ucranianos] pela liberdade, não é só na Ucrânia, mas também na Europa, o que inclui Portugal!
Aqui há uns dias surgiu-me uma situação, que me fez ter vontade de simplesmente, ir embora e deixar ali a cliente, com os seus caprichos e sem alguém para a atender.
A cliente depois de colocar os artigos no tapete vai a passar com um saco daqueles de ráfia pendurado no carrinho e o mesmo vai cheio de outros sacos, forma balão. Peço educadamente para os colocar sobre o tapete, dizendo que está lá escrito o pedido. Responde: "pois eu sei que está aí, mas é só você que pede. Isto está atado e tudo, não vou estar a desatar" !
Digo: " Peço desculpa , mas tem mesmo de colocar!" Então, desata o saco à bruta, atira-o por cima do acrílico, passa pro outro lado, abre a mala e diz: "quer também ver se levo alguma coisa aqui dentro!?"
O que vale é fiz um exercício mental de respiração e ignorei a senhora. Porque este tipo de gente, são pessoas mal formadas, que não respeitam os outros. Esta deve ser assim, diariamente, coitada!
Quando a operadora perguntar se quer o número de contribuinte na fatura, apenas responda sim ou não, só depois pode ditar o número, dizer que o número já está associado ou noutro que prefira!
Sabem aquelas perguntas que os clientes fazem à operadora de caixa, mesmo sabendo a resposta. Por exemplo:
veem a operadora com a cancela fechada a limpar o tapete a arrumar e tudo e dizem : " Já vai fechar?!" ( então o já deixa-me fula, é como se fosse cedo para fechar. Sabem lá eles há quanto tempo ali estamos);
a operadora está na caixa com a cancela aberta, à espera dos clientes e perguntam:" está a trabalhar?" ( apetece dizer, "não, estou só aqui para fazer turismo, e porque acordo cedo"!);
quando dizem "este cupão acabou ontem, mas eu não pude cá vir, ainda o posso usar!?" Ora normalmente os cupões têm uma ou duas semanas de duração, e se acabou, o sistema já não aceita. Depois ficam chataeados porque sempre que querem usar os cupoes, já passaram do prazo. Será que estes clentes também deixam passar o prazo do pagamento da conta da eletrecidade, ou da água!? Tudo tem prazos!
E há mais do género, mas estas são as mais comuns, sendo que a primeira é a mais recorrente.
Um dia destes, em conversa com uma cliente que também trabalha no atendimento ao público, comentávamos o facto de por vezes termos vontade de responder de forma mais crispada a certos clientes, quando eles são incorrectos, mas sabemos que não o devemos fazer.
Acabei por concluir que gostava de ter um dia em que me dissessem: "hoje podes responder aos clientes o que quiseres, o que achares adequado, que não vais ter qualquer represália, por isso"!
O que podia acontecer, era nesse dia, não aparecer nenhum cliente desses, porque felizmente a maioria deles, são simpáticos, educados e civilizados!
Estou no meu posto de trabalho, fardada, com a caixa aberta, e o cliente diz: "está a trabalhar?" Nestes momentos só me apetecia dizer :" não, estou só a descansar, vim, porque acordei cedo!"
Quando a caixa já está fechada e estou a limpar tudo, o cliente chega e diz :" já está fechada, não pode registar só duas coisinhas?" Gostava de responder: " pois, já acabei por hoje, agora vou à minha vida, porque tenho outras coisas para fazer, como por exemplo, comer, que estou faminta"!
Considero-me uma pessoa ponderada no que diz respeito aos clientes. Raramente dou uma resposta sem pensar primeiro. Mas por vezes, há aqueles clientes que me tiram no sério, mas mesmo assim acho que consigo ser educada e prestativa.
No outro dia, atendia duas senhora, talvez mãe e filha. Colocaram o cartão de cliente no meio das compras, parecia que queriam brincar às escondidas, para ver se eu o encontrava. Estava camuflado numa embalagem da mesma cor e por pouco que eu nem o via. Enquanto elas colocavam as compras no tapete eu embalei algumas coisas, mas quando elas passaram para o outro lado deixei de arrumar. Agora eram elas que tinham de o fazer, já que eram duas e havia outros clientes na fila. Mas elas não embalavam ficaram as duas a olhar para mim. E às tantas diz a cliente mais nova (talvez na casa dos 40 anos).
Cliente: Então as coisas não vão para os sacos? - ao que eu respondo, sem ponderar, mas que se calhar devia de me conter e não responder assim.
Eu: Se lhe der uma ajuda, vão!
Primeiro olharam-me e depois começaram a arrumar as coisas. Estava uma cliente na fila com vontade de rir...e depois a mesma quando estava a ser atendida, gabou-me a paciência.
Espero que esta minha resposta não tenha sido ofensiva!