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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

Tenho prioridade, algum problema?

Quando chego, já havia filas nas outras caixas, por isso peço para passarem para a minha caixa, pela mesma ordem.

Um senhor "fura" descaradamente a fila, quase derrubando as outras pessoas. Então eu digo que tem de esperar, porque há pessoas à frente. Vai, ele responde, com altivez : "Pois, mas eu tenho prioridade, algum problema!?"

Não percebi a razão de ter prioridade, pois se o senhor tinha algum problema, não era visível!

Ninguém reclamou.  Se alguém tivesse dito alguma coisa eu teria de perguntar, porque há casos em que a pessoa prioritária tem de ter um documento.

Aqui há uns anos, quando perguntei a um senhor o porquê da prioridade, ele levantou a camisola e havia tubos no corpo dele, quase caio pro lado, (acho que já mencionei esta situação  no blogue) por isso tento sempre compreender, antes de perguntar!

Também gostaria de sugerir que o cliente prioritário dissesse, caso não seja visível, o motivo da sua prioridade ou então mostrasse algum documento, não pela operadora de caixa, mas por consideração aos outros clientes que estão há algum tempo na fila e merecem esse cuidado!

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Há pessoas que dão exemplos a outras

Como já referi , todas as caixas são prioritárias, e qualquer pessoa que tenha prioridade pode pedir para ser atendida em qualquer uma das caixas. No entanto, há caixas aptas a cadeiras de rodas, no continente modelo, onde trabalho, existe uma e é logo a primeira.

Apenas tem maior acessibilidade porque a passagem é mais larga, mas estas cadeiras também passam nas outras caixas, a não ser que seja uma mais larga.

Há uma cliente que costuma ir sozinha, e encaixa na sua cadeira um carrinho especial que temos para esse efeito; há uma outra cliente que normalmente vai acompanhada pelo marido e é  ele leva um carrinho comum. Ainda assim, pelo menos, comigo, nenhuma das duas pediu prioridade por estarem numa cadeira de rodas.

Duas grávidas, a prioridade e um carrinho sem freguês

Estou a acabar o atendimento a uma cliente, sobre o tapete já está um velhote com uma saca de ração para cão (a vez foi-lhe cedida por só ter um artigo) e logo a seguir uma senhora grávida , a começar a colocar os seus artigos. Peço a ela para aguardar só um pouco até o senhor passar para o outro lado e ela mostra-me a barriga [com barriga ou sem barriga, o distanciamento deveria ser importante].

Atendo o senhor e quando vou para começar a registar as compras da senhora grávida, chega outra grávida, mais jovem e diz-me:

Grávida 2:  Olhe desculpe pode me atender que eu tenho prioridade!?

Eu :  Esta senhora também tem, e quando há duas o atendimento é por ordem de chegada!

Grávida 2: Pois mas eu cheguei primeiro que essa senhora, deixei aqui o meu carrinho a marcar e fui só ali buscar umas coisas que me esqueci

Eu: Pois, mas carrinho sem freguês, não guarda vez!

Eu já tenho esta resposta pronta, porque são situações que se repetem algumas vezes. Neste caso eu até atendi o tal senhor nesse tempo, se tivesse ficado à espera da pessoa só porque foi buscar umas coisas num instante, estava ali parada com gente para atender. além do mais eu nem sabia de quem era o carrinho.

Mas depois disse-lhe que ela podia ir à caixa de outra colega que tinha na mesma prioridade! Lá foi, apesar de chateada!

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Tolerância e bom senso

A primeira caixa do supermercado onde trabalho (caixa1), é uma caixa apta a cadeiras de rodas, ou seja, a passagem é mais larga e no final o sitio onde o cliente coloca o multibanco para pagar é mais baixo, para ficar ao nível de uma pessoa que está sentada numa cadeira de rodas. De resto funciona igual ás outras caixas.

Mas sempre que lá estou, as pessoas, evitam a dita caixa. Uma vez chamei uma senhora e a resposta "Não, não obrigada! Depois vem um prioritário e tenho de dar a vez, e já estou aqui há muito tempo"! Expliquei à senhora que que mesmo em outra caixa se aparecer um prioritário ela teria de dar a vez, porque agora todas as caixas são prioritárias, aquela apenas é mais indicada para pessoas em cadeira de rodas. Veio para a minha caixa e disse-me que mesmo que aparecesse alguém, tinha o direito de não dar a vez! Não entrei mais em conflito, e deixei-a falar!

Sempre que alguém está naquela caixa a tendência das pessoas é não ir lá, porque não querem dar prioridade, quando a prioridade é igual em todas as caixas. Aliás, agora a prioridade  tem de ser ainda com mais bom senso, já que estando o tapete cheio de artigos, o prioritário tem de aguardar para que o distanciamento seja cumprido,e, será imediatamente atendido a seguir!

Com tolerância e bom senso tudo se resolve!

Caixa apta a cadeiras de rodas - A lupa de alguém

Gente que acha que pode mandar

Desde que estamos nestes tempos de pandemia, quando há alguém na fila que seja prioritário, e uma vez identificado, a pessoa aguarda que atenda a pessoa que já tem os artigos já em cima do tapete, e vem logo a seguir. Assim tem corrido nos últimos sete meses, sem sobressaltos.

Entretanto hoje, uma senhora de meia idade, com uma canadiana chegou acompanhada pelo filho jovem,  à linha de caixas e disse ao senhor que já tinha os artigos no tapete que ia passar porque era prioritária. O senhor disse-lhe que se ela passasse ia comprometer o distanciamento. Ela começou a barafustar. Intervenho e digo que ela tem de aguardar que eu atenda o senhor porque o tapete já tinha os artigos todos em cima. Disse-lhe que a atenderia logo a seguir. A senhora aumenta o tom de voz e diz que é prioritária e que a tenho de atender já! O senhor recua, faz-me sinal e diz "deixe lá , ela quer conversa, mas eu é que não estou para confusões"! Mostrei o meu indigitamento, disse-lhe que ela estava errada. Fiz uma tal ginástica empurrando as coisas do senhor para aceitar os artigos da criatura, em mão, quando supostamente não se deve aceitar artigos em mão. O tempo que levou todo este procedimento, seria o mesmo se ela aguardasse devidamente.

Atendi, mas fiquei tão revoltada! Que falta de civismo e de bom senso!  Se cada pessoa fosse para o supermercado com as suas próprias regras e teorias e não respeitassem as que já existem no supermercado, estaríamos bem lixados!  Se dependesse só de mim, ela não era atendida à frente, mas atrás do senhor!

Gente pequenina, arrogante, mal educada, que vem para ali só para quebrar regras, princípios e desgastar quem está a trabalhar!

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E a "saga" da prioridade continua na fila

Estou a acabar o atendimento a uma cliente. A seguir está uma velhota já com algumas coisas no tapete e depois desta, está uma jovem senhora, grávida. Esta senhora, por acaso brasileira, pergunta se há uma caixa para grávidas, e se pode passar.

Fiquei ali um pouco indecisa, porque pedir a uma senhora idosa, e se calhar mais debilitada que a grávida, não seria bom senso. Então perguntei à senhora idosa, se ela se importava que atendesse primeiro a senhora grávida, ao que ela perguntou "mas porquê , ela está com pressa?". Respondi que estava grávida, e a senhora idosa não entendeu, o porquê desta querer ser atendida em primeiro lugar. Perante isto a senhora grávida, disse que esperava.

Quando chegou a vez da senhora grávida, eu expliquei que não tínhamos uma caixa exclusiva para grávidas, tínhamos as caixas prioritárias, mas, as mesmas, incluíam grávidas, deficientes, crianças de colo, idosos debilitados... A senhora disse: " mas isso não está muito certo, devia ter caixa para grávidas e cadeirantes, porque, assim a pessoa fica inibida de estar a pedir"! Disse à senhora que quando há vários clientes  prioritários, o atendimento é feito por ordem de chegada à fila, mas pareceu-me que a senhora não concordou, ou não entendeu!

Ainda bem que estes "conflitos" não acontecem todos os dias, e que muitas pessoas já conseguem usar o bom senso, porque não é fácil gerir!

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Grávida ou gordinha?

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Eu não tenho grande pontaria, para verificar se  uma pessoa está grávida ou não, se não for mesmo saliente. Na caixa de prioridade antiga, nós tínhamos de chamar as pessoas, e por vezes eu errava. Então eu deixei de chamar, só chamava mesmo quando se notava bem, e não tinha dúvidas.

Acho que já aqui relatei que uma vez chamei uma senhora que estava com a barriga empinada e as mãos à cintura, mas, errei. A senhora ficou ofendida e eu envergonhada. Pedi desculpa, mas fiquei a sentir-me tão mal.

Recentemente , vi uma outra senhora, e fiquei na dúvida se era gravidez. Olhei pelo canto do olho, disfarcei. Pensei "será que é!?"  Depois vi-a de frente, e pensei que afinal não era. Quando alguém disse que a pessoa estava grávida, para me desculpar disse que não tinha percebido, e   a grávida responde: "então pensava que isto era tudo gordura?"

Ora mais valia eu não ter dito nada!

Às vezes mais vale, esperar que seja o cliente prioritário a pedir/manifestar a prioridade, aliás, é o que está estipulado na lei!

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Até porque, mesmo tendo o direito à prioridade, o cliente prioritário, pode não querer usufruir dela, por se sentir bem naquele momento. Por exemplo, uma cliente pode estar com um bebé, mas o  bebé estar tranquilo a dormir no carrinho, e a cliente não ver necessidade de estar a "roubar" o lugar a quem já lá está à mais tempo, e merece consideração/respeito!

Isso chama-se, ter bom senso!

Falta de bom senso

Estávamos num momento de caixas cheias, filas grandes. Vem um casal com um carrinho de bebé, onde a criança estaria a dormir, pois estava tapada nem dava para ver. Perguntam se podem ser atendidos, visto terem prioridade. Respondi que sim, disse aos outros clientes para deixarem passar, explicando que eles tinham prioridade por causa do bebé.

 

Enquanto a senhora coloca as compras no tapete, o pai passa com o carrinho e o bebé e sai dali. Julgo que foi ver a montra da Wells. A senhora fez tudo sozinha, como se estivesse apenas ela, sem bebé e sem marido! Eu pensei: " isto vai dar confusão"!

 

Adivinhei, as pessoas, assim que a senhora saiu, começaram a comentar o facto e um senhor disse mesmo: " Isto não está correto! Armam-se em espertos! Então porque não foi o pai passear a criança e ficava a mãe na fila!?" Valeu-me o facto de eu responder ao senhor que ele tinha toda a razão, mas que nós tínhamos de cumprir esta lei. E ele disse que sabia, mas que neste caso, as pessoas se tinham aproveitado !

 

Eu reafirmo que o que continua a faltar nesta lei, é o bom senso!

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A gravidez estava bem à vista, mas...

Aqui há uns tempos, uma cliente bastante jovem, pediu para a atender porque estava grávida. Tinha apenas meia dúzia de artigos, ninguém se opôs, alias o senhor que estava para ser atendido, até foi simpático. A cliente era magra, mas notava-se bem a barriga.

 

Quando a cliente saiu, comecei a atender o dito senhor. Correu tudo sem problema. Ao chegar a outra cliente, que já estava na fila e assistiu a tudo, ela manifestou o seu descontentamento, e disse.me: " você  viu algum documento que comprovasse a gravidez? Pois digo-lhe que ela está tão grávida como você ou como eu!"

 

A cliente grávida era cliente habitual, vai lá muitas vezes, não acreditei que a mesma fosse forjar a gravidez só para passar à frente. Mas aquela convição na frase, deixou-me um pouco desconfortável...

 

No entanto, há dias essa cliente grávida voltou a passar na minha caixa, desta vez com um bebé recém-nascido...

 

Pena eu me ter esquecido da cara daquela cliente que queria um documento para ter a certeza que a moça estava grávida, se não, ia me ouvir!

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Ainda sobre a prioridade

Este assunto já está mais que falado, mas vale sempre a pena, relembrar

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Numerei as situações, para conseguir explicar mais facilmente. A prioridade vai para:

 

1. A grávida

 

2. Pessoa acompanhada de criança de colo, até aos dois anos de idade. 

 

3. Pessoa idosa, que tenha idade igual ou superior a 65 anos e apresente evidente alteração ou limitação das funções físicas ou mentais.

 

A pessoa com o nº4, não tem prioridade, pois a sua criança tem mais de dois anos. Costumo chamar em jeito de brincadeira, ás situações em que as pessoas que julgam ter prioridade e não têm;  ou às que têm falta de bom senso de divas da prioridade. O nome chegou-me através de um comentário e eu adotei-o!

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5. Pessoa com deficiência ou incapacidade.

 

A pessoa com o nº6, é acompanhante da pessoa com deficiência. O Diploma prevê o direito de atendimento prioritário para a pessoa com deficiência não estando previsto no diploma qualquer normativo sobre a abrangência do direito da prioridade aos acompanhantes. Exceto no caso de o acompanhante estar a exercer a representação da pessoa com deficiência, ou seja, se estiver a agir no interesse da pessoa com deficiência, ou se se tratar de apoio personalizado. 

 

Este ponto nº6, não é fácil, para quem está no meu lado, ter de avaliar se o acompanhante pode ser atendido logo com o prioritário ou não... Acontece mais com as grávidas, vem a mãe, vem a cunhada, vem a prima. Em princípio só a grávida pode passar à frente (mesmo que acompanhada pelo marido), mas e se as outras alegarem que estão a dar-lhe boleia, ou que ela não pode estar sozinha!?

 

Enfim, mais uma vez se apela ao bom senso...