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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

Dois tipos de abordagem, duas reacções diferentes

Um destes dias, depois de sair do trabalho, voltei a entrar no supermercado para fazer umas compras. Nunca o faço fardada, porque disseram-me que não o devíamos fazer, e para meu próprio descanso, porque se me vissem fardada, os clientes iam fazer perguntas, e nem sempre estou com tempo e gosto de tranquilidade para escolher as minhas coisas.

Então, nessa ocasião, andava eu com o meu carrinho e ouço uma pessoa a dizer:  “olhe, está ouvir, ouça lá”, não respondi à primeira, mas a criatura insistia, então virei-me, com cara de isso é comigo? E a senhora diz:  “Então? Não trabalha aqui!?”. Como quem diz, “estás disfarçada, mas eu sei que trabalhas aqui, por isso tens de me servir, agora e já”!

Noutro dia, noutro supermercado, encontro um velhote, que ao ver-me diz: “ desculpe menina, sei que não trabalha aqui, não deve poder me ajudar a encontrar uma coisa”. Ao que eu respondi “mas diga lá, pode ser que eu saiba”. "É que não sei onde está o pó talco"! Disse ao senhor que devia de estar na secção dos bebés e acompanhei-o até lá . Agradeceu-me imenso e foi de uma humildade e simpatia sem igual. Fiquei tão confortada de o ter podido ajudar.

O que falta muitas vezes ás pessoas é educação, civismo e humildade, porque  com essas três coisinhas, a vida corre  um pouco melhor!

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Por vezes é melhor não nos metermos na conversa...

Atendia na minha caixa duas clientes: mãe e filha. A mãe já tinha idade para ser avó. Enquanto atendia a mãe, a filha ao reparar que eu registava uns bolos e umas sobremesas, disse para a mãe: "não podes comer isso! Já comeste um bolo na pastelaria, sabes que não podes!" Fiquei ali sem saber se continuava a registar  ou se parava.

 

Entretanto,  a filha disse-me que a mãe tinha diabetes e que estava sempre a abusar! É então que uma outra cliente que estava na fila intervém dizendo:" Ah isso não faz mal nenhum, um bolinho ou dois que mal faz!?" A velha senhora toda feliz de estarem do lado  dela, diz para a filha:"vês"!? Mas esta filha não tardou em responder com uma frase, que lamentavelmente eu já não consigo me lembrar.  Foi qualquer coisa, que significava que ela não tinha nada que se meter porque ela é que estava com a mãe e ela é que a levava para o hospital quando era necessário!

 

Nestas situações, prefiro  nem me meter. São coisas muito pessoais. Esta senhora que se meteu depois permaneceu o resto do tempo em silêncio, certamente percebeu que mais valia ter ficado calada!