Ontem atendia uma cliente habitual, por quem já tenho alguma afinidade, pois já são alguns anos de convivência! Sei que tem três netinhos, que vivem longe, e uma filha que de momento estava cá na terra com ela.
A dada altura, a senhora dá-me um cartão continente e diz-me "pode ver se este cartão tem saldo, é que encontrei o lá em em casa, era da minha filha!" Eu passo o cartão, e vejo que está inativo. Digo à senhora o estado do cartão. Ela diz-me: "então pode por no lixo!" E eu respondo: "mas se é da sua filha , ela pode ativá-lo"!
Quando a senhora me diz que a filha tinha morrido no final de março, eu fiquei pasmada! Eu sabia que a filha da senhora estava a tratar-se de um cancro , mas costumava vê-la por lá com ela, julguei que estava a recuperar, parecia melhor.
Fiquei chocada, sem saber o que fazer. Disse-lhe que lamentava muito, e lá deu para ficar um pouco a falar com a senhora.
Chega à minha caixa, aquele cliente, sobre o qual já aqui falei muitas vezes, principalmente da sua constante boa disposição. Cumprimenta-me com um aperto de mão, noto logo que algo se passa, pois ele não vinha com piadas e brincadeiras como é hábito. Pergunto se está tudo bem, ao que ele responde. "não, está tudo mal!". Então eu pergunto se é a esposa que está novamente doente e ele responde: "não, doente ela não está, já está, é enterrada!" Neste momento, eu fiquei bloqueada, surpreendida, sem saber o que dizer, pois ainda há tempos os tinha vistos lá aos dois.
Foi aquela doença maldita, houve uma altura que a senhora esteve internada, mas depois já lá ia de novo com o marido, é lamentável, eles chegavam a ir lá quase diariamente, sempre juntos.
Fiquei triste, nós vamos nos afeiçoando ás pessoas...claro que depois sentimos a sua falta
Há poucos dias, na minha caixa estava uma cliente já habitual que entre comuns cumprimentos de "como está e/ou como tem passado" noto a senhora bastante triste. Confessa-me então que tinha uma cadelinha já muito velha e doente e quando esta morreu a outra cadela começou por deixar de comer e a ficar triste e procurar a "amiga". Cinco dias depois faleceu também. Entre lágrimas e já com outras pessoas a seguir a conversa dizia" não me digam que os animais não tem sentimentos, porque eu sei que têm, esta cadelinha morreu de desgosto pela perda da "amiga"!
Esta senhora deve ter mais animais , pois levou muitas rações. Embora uns não substituam o lugar dos outros, sempre dá para aliviar um pouco, espero...