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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

Sempre haverá pessoas desconfiadas

Estamos na semana do cupão dos 15% em cartão em toda a loja. Nós perguntamos ao cliente se já usou o cupão ou se tem para usar.

Claro que acontece muitas vezes, ser nessa altura, que o cliente se lembra do dito cupão e quer ir imprimir no dispensador. Para evitar que se perca esse tempo, e se deixe clientes à espera, costumo ter um desses cupões de reserva e explico ao cliente que , se ele quiser, passo aquele, e assim ele escusa de ir imprimir. Sempre que é possível, faço isso. Se não der é porque o cliente já o tinha usado e este não dá para repetir!

Costuma resultar, e maioria dos clientes, até agradece.

No entanto, ontem estava a atender uma senhora relativamente jovem, no final da conta que passava dos cem euros e daria um bom desconto, faço a pergunta sobre o cupão. Ela diz que deixou em casa e que se esqueceu de imprimir. Sugiro usar o cupão que lá tinha e vai ela diz: " O quê!? Isso é que era bom! E depois o dinheiro  vai para onde?!" Ao que  respondo: "vai para o seu cartão! "Responde de volta: " Não, não, espere aí que eu vou lá imprimir um só meu!"

Lá foi a correr, uma fila de gente, demorou o tempo que precisou e veio com o seu cupão!

Despeço-me vai embora. A cliente seguinte diz-me "gabo-lhe a paciência, eu tinha a mandado a um certo sitio. Então você a querer facilitar!? Ai que nervos! "Esta cliente foi super amável e atenciosa, e no final, ainda me disse "obrigada pela paciência"!

Realmente, ao fim de tantos anos a lidar com o público, e com determinadas situações, até parece que já estamos vacinados, e já se leva na boa. Tipo é só mais uma!

Mas também sabe bem ouvir a compreensão e a valorização de outros clientes!

Obrigada!

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O atendimento ao público é uma fonte de inspiração

Estou tranquilamente a registar os produtos a uma senhora, que está acompanhada de outra jovem, talvez filha. Cada uma tinha um saco, e iam embalando os artigos.

A dada altura diz-me: "escusa de estar com pressa, que eu vou arrumar as coisas ao mesmo ritmo"!

Digo: "desculpe!?" ela diz: " escusa de estar com pressa, que eu vou arrumar as coisas ao mesmo ritmo, está bem?"

Respondo:  "está bem"!

Ela diz em tom altivo, "obrigado"!

Ora se há coisa que eu sempre tenho em atenção é registar em função do cliente. Nunca fui de registar e atirar os artigos à pressa, porque quando me fazem isso (e há sítios que o fazem), e eu sou cliente, não gosto, ninguém gosta. Acelero um pouco se vejo que o cliente está com mais pressa e a acompanhar o meu ritmo.

Mas enfim, esta senhora certamente vinha mal disposta de casa e precisou de aliviar o stresse em alguém, tadinha!

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Uma vacina chamada paciência, eu tenho!

Pergunto a um senhor se tem cartão continente, ele não responde. Repito a pergunta ele responde: "ESTOU A ABRIR O CASACO!"

Espero mais um pouco, ele retira o cartão continente mostra-mo e diz: "Esta aqui, mas não vale a pena, isto nunca dá nada"! Pergunto se  quer  o número do contribuinte na factura, responde que não. Paga com multibanco.

Depois do pagamento e do talão ter saido diz: "ah mas passe o cartão que quero descontar o saldo"!

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Há uma caixa apta a cadeiras de rodas

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É habitual existir no supermercado, pelo menos nos continentes, existe, consoante a dimensão do espaço, uma ou mais caixas   "aptas a cadeiras de rodas", ou seja, o sitio onde o cliente faz o pagamento com o  cartão  multibanco está no final do tapete e mais baixo, para que uma pessoa estando sentada numa cadeira de rodas possa lá chegar!

No entanto, apesar de estar sempre a explicar ás pessoas porque o sitio está mais distante, parecem não entender. Ainda há dias uma cliente dizia "estão sempre a mudar o sitio disto, ainda no outro dia estava aqui"! Ou então dizem "ah agora meteram isto lá ao fundo!"

Enfim, eu por vezes já nem explico, não vale a pena!

Há caixas invisíveis

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Estava eu na ultima caixa, que por ter um poste, pode eventualmente não se perceber que está ali alguém. As outras caixas tinham clientes, a minha não.

Saio da caixa e vou ás filas perguntar se não querem passar à minha. Parece que ninguém quis saber. Entretanto vem um carrinho a chegar e vai logo para lá. A dada altura vai lá uma cliente e diz-me que eu a vi passar e que não a chamei. Até disse, que fiquei ali caladinha! Ao que eu respondi " se a senhora não me viu, como é que queria que eu adivinhasse que já tinha acabado a recolha dos produtos!?"

Isto  porque as pessoas passam lá e muitas vezes estão só a meio ou no inicio da recolha dos artigos!

De outra vez, como não tinha clientes, aproveitei para limpar e desinfectar todo o posto de trabalho, atitude normal nos tempos de pandemia. Entretanto chega uma cliente, começa a por os artigos, e outra cliente, de outra fila,  diz que pensava que eu ia embora porque estava a limpar o tapete. Respondo que como estamos em pandemia, é um procedimento normal, para fazer várias vezes ao dia!

Enfim, isto há situações que é preciso uma grande dose de paciência, para aturar certas atitudes!

E a saga continua...

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Era um casal na casa dos quarenta anos, que não queria fazer distanciamento, e tivemos uma troca de palavras. Quando respondi que este procedimento já durava há mais de um ano, eles disseram que agora já não era preciso tanta coisa. Voltei a dizer que, ainda assim eles tinham de cumprir as regras como os outros.

E o homem diz para a mulher: " Deixa estar que o covid está acabar!"

Parecia querer dizer, que "a minha diversão, estava a acabar!" Porque devia de achar que me diverte fazer os clientes cumprirem regras! Até parece que fui eu, e era a única, a exigir distanciamento! Porque eu faço o que me apetece e não o que a empresa manda!

Haja paciência infinita!

Só quem está no atendimento ao público é que sabe

Um cliente queria utilizar um cupão de €5 em €20 de compras. Mas não trouxe o cupão de casa, nem   tinha imprimido uma segunda via no dispensador de cupões.

Digo-lhe que pode imprimir depois, e no balcão recuperar com a colega que lá estava, para não interromper a fila e fazer as outras pessoas esperar.

Então ele começa a ser parvo e a dizer que lhe estou a dar baile, porque se fosse lá depois de pagar como é que ia ter o desconto!? Respondo que os €5 euros ficavam no cartão e não era descontado já na conta. Ele insiste que o estou a enganar.

Uma senhora que estava na fila, pede licença para intervir e mostra ao senhor um cupão de €5 onde se lê que o desconto ficava no cartão! O senhor, mesmo torcendo o nariz, lá aceita!

Quando ele sai, a senhora pede desculpa, porque também trabalha no atendimento ao público e a situação estava a incomodá-la. Digo-lhe que só tenho a agradecer, porque só me ajudou!

E é isto, só quem atende ao público consegue se por em nosso lugar em determinadas situações! Fiquei  muita grata a esta cliente!

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E que tal esperar a sua vez!?

Estou a atender os clientes que tenho na minha fila. Uma senhora que está na fila atrás de mim, ao ver-me registar uns copos (da campanha dos selos) à pessoa que estou a atender, pergunta-me  até quando é a campanha. Respondo!

Continuo o meu trabalho e a mesma cliente de trás volta a chamar-me para fazer outra pergunta, interrompendo o atendimento que estou a fazer. Ora ela estava noutra caixa, não podia esperar pela sua vez para fazer as suas questões, ainda confessa que estava já a perguntar para depois não se demorar tanto.

Isto é de doidos! Não me deixou dar a devida atenção que eu tinha de dar ás pessoas que estavam na minha fila.

Qualquer dia tenho uma explosão de nervos e digo alguma coisa que depois me vai lixar, mas é que há pessoas que têm o dom de nos testar a paciência!

Falta de noção!KLOIYU7890.jpg

E esta hien!?

Hoje quando estava quase a terminar o atendimento a um cliente, ele diz-me: "Ah hoje está bem dispostas!?" Ao que respondo que tento estar sempre bem disposta para os clientes . E ele diz-me: "mas da última vez que me atendeu, eu estava ao telemóvel e você não me queria deixar  terminar a conversa! É que estava a falar com um colega e não podia desligar assim, sem mais nem menos! As conversas não se acabam assim, não é!?"

Eu não fixo bem as caras, mas recordo, de estar a pedir a um cliente o cartão ou o dinheiro, e ele não me "atender" porque estava ao telemóvel. Agora percebo que esta pessoa ainda achou que eu é que estive mal, não foi ele que  estava a fazer-me esperar (a mim) e ás outras pessoas, nós é que tínhamos todos de esperar que sua excelência terminasse a conversa, não urgente, com o seu colega!

Que vontade eu tive de lhe dizer umas quantas coisas, mas apenas lhe disse que em Portugal ainda era permitido as pessoas na caixa estarem ao telemóvel, mas que felizmente na Alemanha não era, e que tinha esperança que também chegasse cá! Ao que ele disse "isso é uma estupidez!"

Quero agradecer à Ligia Rodrigues, pela imagem e pela explicação:

«Tenho conhecimento da Alemanha, mas penso que é coisa de países nórdicos, tendo em conta a mesma mentalidade cívica, mas posso-lhe dizer que à minha frente uma operadora se recusou a atender o cliente até ele desligar a chamada.
Já em UK uma situação similar deu queixa da operadora .»
 
Se mais alguém fora de Portugal tiver algo do género, diga,  porque já uma cliente me disse que vivia num pais onde havia mesmo um sinal de proibido na linha de caixas, tenho ideia de ser no Luxemburgo, mas posso estar enganada!

nalemanhaeassim.jpgContinuo a precisar de doses extra diárias de paciência!

Dias positivos e dias cansativos

Há dias positivos, tranquilos, onde tudo até corre bem, na medida do possível, mas há outros com situações e pessoas que nos cansam...

O nariz fora da máscara, o teimar em não fazer o distanciamento, o não respeitar o acrílico e a sinalética, o estar ao telemóvel no momento de finalizar o atendimento ou mesmo durante o mesmo, o passar pela linha de caixas, sem compras e incomodando quem lá está,  enfim...

Exemplos:

Estava ainda a atender uma cliente, quando uma outra passa pro outro lado, digo-lhe que não pode passar enquanto ainda ali está uma pessoa, ao que me responde: "Não vou passar, vou só deixar os sacos"! Ao que eu digo: "Pois,  mas não  pode!"

O tapete de recepção dos artigos, nem sempre o consigo limpar a tempo, mas o tapete de saída, limpo quase  sempre, a não ser que esteja limpo e não seja necessário desinfetar. Então, eu tinha-o limpo antes de uma cliente chegar. Quando acabo o atendimento, havia lenço de papel amassado e senhas de quando as pessoas vão ás secções, padaria e charcutaria. Digo à  senhora "olhe deixou ali uns papeis" Ao que ela responde "isso não é meu". Respondi:  "curioso,  que eu limpo sempre o tapete antes do cliente chegar e não estava aqui nada!" Ainda assim, foi embora e não tirou de lá aquilo. Lá fui pegar naquilo com um saco transparente a servir de luva para colocar no lixo!

Um cliente, na fase do atendimento, quando o telemóvel toca, desce a máscara para falar. Digo-lhe que tem de colocar a máscara. Por acaso este, até se desculpou e disse que se distraiu...

Noutra situação, uma senhora, sem compras, saiu pela linha de caixas, deu um encontrão ao senhor que eu estava atender, nem "com licença", nem um pedido de desculpas. Não tinha nada que sair por ali, ainda a chamei, e a resposta foi: "Que é foi!? Não levo nada!" Vale a pena!? O senhor que eu estava atender até disse: "É o país que temos, ninguém respeita nada!" Sim, porque há pessoas que respeitam e que também ficam indignadas com estas situações!

Depois de dias assim, precisamos de mais do que dois dias de folga e seguidos, mas, claro, não é possível! Era preciso sim, mais pessoal!

Felizmente, o que temos direito,  dá para descomprimir e regressar de novo pronta para esta "guerra"!

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