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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

Uma conta choruda e uma cliente amável

Uma cliente habitual levava o seu carrinho bem recheado. Levava carne, peixe, marisco, bacalhau, e outras coisas mais. Conversa puxa conversa, e ela diz-me que algumas de nós são como família para ela, pelos anos de convivência, o que me deixou emocionada!

Quando vejo o total, o valor passa dos quatrocentos euros. Não era um resultado habitual, então enquanto a senhora terminava de embalar, fui puxando no ecrã para ver se me teria enganado e repetido alguma coisa ou multiplicado mal, alguma quantidade.

Quando digo o total à senhora, a resposta foi : " ai não pode ser, deve de haver algum engano, nunca gastei tanto assim no continente!" Preocupada voltei a verificar, mas com a pressão de ter pessoas em espera, não dava tempo para confirmar um a um todos os registos. Então, eu pedi à senhora que confirmasse tudo, e que, se alguma coisa estivesse mal registada, viesse falar comigo.

A senhora entretanto desapareceu do meu ângulo de visão, foi certamente arrumar os produtos ao carro.

Daí a momentos, chega até mim, com o talão na mão. Pensei logo, que certamente tinha cometido algum erro.

Mas não! A senhora veio ter comigo, apenas para me dizer, que não ficasse preocupada, pois estava tudo correto!

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O Sr Espirituoso e a esposa

É um casal habitual muito simpático e divertido. O Sr mesmo quando não vai á minha caixa, vai sempre á minha beira perguntar pelo meu gato, ou dar conselhos para ele. Ontem, por exemplo sugeriu que lhe comprasse carapaus. Isto acontece há anos. 

São pessoas que partilham comigo o apreço por animais.

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Já é a terceira vez que me conta essa história

Há um cliente, o Sr. Aranha que acredito que precise de meter conversa, quer seja para reclamar de alguma coisa, mesmo que seja exterior ao supermercado, quer seja   para contar alguma história.

Ele não é daquelas pessoas de fácil trato, é até um pouco chato, mas tento ter paciência, porque certamente não deve ter quem o ouça.

Pela terceira vez,   contou-me a mesma história, sobre uma máquina de café que comprou no continente. Diz que tinha uma, pensou que estava avariada, comprou outra e depois percebeu que a outra estava boa e agora tem duas. E leva dois tipos de café, um para cada uma das máquinas, e depois ainda fala sobre se é ou não bom beber muitos cafés! É mais um monologo!

Enfim, vou aguardar pelas próximas aventuras das suas máquinas de café!

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Cuidador, com muito amor

Hoje atendi um senhor, ciente habitual, repetente, um velhote dos castiços, mas infelizmente,  muito amargurado pela vida e pela perda da esposa.

Costumava ir comprar fraldas de incontinência e pedir sempre fatura completa. Já não o encontrava há algum tempo, e pela última conversa, já pressentia que a esposa tinha partido.

Recordou-me que a doença de Alzheimer chegou precocemente á esposa aos quarenta e poucos anos e que assim ficou até aos 81 anos.

Falava sempre dela com tanto, mas tanto amor e cuidado. Foi seu cuidador com ajuda da filha. Mesmo,  a senhora nos últimos 10 anos estando acamada, sem falar,  ele achava que ainda não era a hora dela partir! Ele achava que o olhar dela mudava quando ele estava perto, e parece que só isso lhe bastava! Porque era só o que ela mexia, os olhos!

Esta dura e real história de vida, dava um livro. Nós criamos afinidades com as pessoas, e sempre me emocionava com o zelo dele pela esposa! Não conheço o senhor a não ser dali, mas ele sempre, pôde contar comigo para os seus desabafos. Também lhe disse que ela agora estava em paz e que já não sofria.

Não posso fazer muito , mas acredito que ouvi-lo também o ajudou.

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Os madruga

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É um casal de clientes habitual, que por vezes se faz acompanhar pelo filho, que deve ter um trabalho. O Sr diz que se levanta sempre ás  6 horas da manhã porque  quando trabalhava era a sua hora de se levantar, e quando se reformou, não conseguiu perder este hábito. Por isso eu os retrato como "os madruga". São clientes, habituais, repetentes, de fácil trato, com quem gosto de socializar!

Os clientes repetentes

Actualização dos clientes do costume, ou os clientes repetentes.

Então:

  •  O Sr. Boa Disposição/fala barato, mudou-se para Espanha, e só cá passa de vez em quando.
  • O homem da rádio, também já não vem todas as sextas feiras como era habitual, mas sempre que vem, é a mesma simpatia
  • O Sr. Provérbios continua a passar por cá, embora com menos frequência.
  • Cómico de serviço e a sua simpática dama, são praticamente visitas diárias, que sempre nos animam.
  • Há uma senhora que tem animais, já falamos das suas ovelhas, e também trabalha com artesanato, faz casinhas e figuras em miniatura. É sempre bom o bocadinho que converso com ela.
  • Outra senhora, que agora não vejo tanto, mas que tenho saudades. Recordo me de me ter contado como a sua gata, ficou tripé.
  • A simpática família Madruga, um casal de reformados, mas ainda relativamente novos, com o filho. Agora vai mais o casal, pois o filho deve trabalhar. O Sr diz que gosta de se levantar sempre às 6h da manhã!
  • O casal BertoLimpa. Esta designação pelo nome e pelo facto de o Sr dizer que o "saldo é para limpar !" Têm uma netinha linda que muitas vezes os acompanha!
  • Um casal de velhotes bem simpático, em que a senhora tem duas gatas e como eu tenho dois gatos, o tempo que os estou a atender a nossa conversa gira á volta dos felinos. Por vezes a filha deste casal vai com eles, ou são eles que vão com ela, não sei bem!
  • Duas clientes mãe e filha, loiras. Um dia a senhora mais velha ia sozinha e sentiu -se mal, quase desmaiou à minha frente. Foi um alívio a rever um ou dois meses depois.
  • A mulher de vermelho, uma cliente que gosta de vestir vermelho, e,  por isso, por vezes, é vista como funcionária e os clientes, perguntam-lhe coisas, como por exemplo, onde é que estão determinados produtos, e ela se souber, ajuda!
  • Um casal de velhotes, em que a senhora acumula saldo no cartão, e sempre diz "não desconte nada, o saldo é para o Natal"!
  • A avó Nostalgia, uma senhora com uma dura história de vida, mas que está na luta. Tem já netas, e uma delas, vem muitas vezes com a avó ao supermercado!
  • O Senhor do Pente, também é um cliente habitual dehá vários anos, quando tira a carteira para pagar dá para ver que tem um daqueles pentes antigos castanhos!
  • O  senhor do Pão que é cliente praticamente diário, vai sempre ao pão e já me confessou que gosta muito do nosso pão!
  • Empata filas. Vai, habitualmente com o filho e a mãe. A mulher faz sempre a fila parar, ou porque se esqueceu de alguma coisa, ou porque vai imprimir cupões, ou seja por que motivo for, é sempre um stress atender este pessoal!
  •  O senhor dente d'ouro ouvi dizer que tinha falecido, certo é, que nunca mais por cá o vi.
  • A Mestre-Cuca, uma senhora que é uma boa cozinheira e os seus pratos e petiscos, são bem conhecidos na localidade!
  • A dona Cesta, senhora muito simpática que tem uma daquelas cestas antigas, que me leva para a infância!
  • Animaleza, uma senhora idosa, que disse numa campanha solidária, que preferia  ajudar animais em relação a  pessoas, porque gosta muito de animais e tem cadelas e as pessoas a desiludem!
  • Um casal muito Gentil, o Sr trata-me por dona Anabela.
  • As irmãs da 5ªfeira, duas senhoras que são irmãs e vêm juntas á quinta feira. Uma delas começo a notar nela a perda de algumas faculdades!
  • A  Senhorita 100 que a identifico assim, porque sempre diz, sem contribuinte, sem descontar o saldo!
  • Um casal de velhinhos, que o senhor sempre me dizia" desculpe lhe estar a dar trabalho", soube que o senhor faleceu, e certamente a esposa está com alguém, pois nunca mais a vi, por cá.
  • O Sr Colacao , um velhote que leva montes de embalagens de cola cao, porque não usa açúcar, então adoça tudo com isto, seja café, leite, chá. Despede se sempre com a frase " Deus lhe dê muitos meninos e dinheiro para os criar"!
  • A dona Vicência, não sou de mencionar nomes, mas este nome é especial e raro,. É o nome daquela foi minha tia, minha segunda mãe, minha melhor amiga. 
  • Um senhor super bem disposto - que chamam de doutor - que vem com a empregada, também continua  a visitar este supermercado.
  • A tia da Alice, não conheço a miúda, mas conheço a tia, que é a muito orgulhosa desta sobrinha.
  • A dona Geleira que quer seja de inverno ou de verão, leva sempre uma geleira azul com aqueles blocos azuis, para ter principalmente, o peixe, sempre fresco!
  • O senhor que tinha a esposa acamada, há muitos anos. Para mim é o   Cuidador com muito amor e dedicação, tem  uma história de vida bastante dura, também já algum tempo que não o encontro. Espero que esteja bem, na medida do possível, dada a situação da esposa!
  • O senhor Aranha que tem uma aranha tatuada na mão, também é repetente, ele é um pouco chato, mas tento ter paciência, pois certamente, não deve ter muito mais gente, para o ouvir!
  • A senhora Cool que tem alguns gatos e cães, e até aves, é sempre um gosto, conversar com ela.
  • A Busca folhetos, senhora que não me inspira muita confiança, porque tentou levar peixe sem pagar, também por cá continua.
  • A senhora Tá-no-ecrã que  diz sempre,  que o contribuinte está no ecrã!
  • A senhora que é muito pachorrenta a arrumar as compras!
  • O casal Cortês, em que a sra é sempre muito cordial e amável. Certa vez perguntou me se o marido lá tinha estado, e eu não me recordava da cara do marido, porque ela é carismática, mas o marido tem uma aparência comum e difícil de memorizar, na minha perspetiva!
  • O senhor Espirituoso, vai com a esposa, sempre me pergunta se o meu gato ainda mia! Também são pessoas que gostam e tratam bem animais!
  • As 3 manas . Três senhoras já com alguma Idade. Marcam encontro ao domingo no supermercado.
  • O avô e a neta, ambos muito simpáticos e a menina muito educada e generosa!
  • O menino da família, vai com a mãe e a avó, é  super divertido e falador. Gosto muito dos momentos com eles.
  • gateira da quinta, foi ela que nos deu um gato. Desde a pandemia que não a vejo, sinto a sua falta e gostaria de saber se está bem!
  • O Sr. que cheguei a chamar "Black tie" na altura, que ficou viúvo, perdeu a esposa numa situação inesperada há cerca de 10 anos. Cliente do jornal, o Público. Entretanto tem uma nova companheira, mas vejo-os mais nas caixas self service.
  • Uma senhora já avó (através do filho homem) que perdeu a filha para um cancro. Já a vejo poucas vezes, acho que a senhora nunca recuperou o desgostou. É uma perda pela qual, ninguém deveria passar.
  • Velhote castiço, que gosta muito de ser atendido por mim, gosta de conversar e eu também me sinto lisonjeada pela o seu apreço!
  • O Mr. Bigodes, que me chamava de escritora, de Agatha Christie, que foi ao "Preço certo" da RTP, deve ter deixado de frequentar o "meu" continente.
  • mulher com sotaque da Nazaré, que estava sempre a contar tostões e que eu achava ter dificuldades, mas afinal tem posses, apenas é forreta! Está sempre a demonstrar pressa e a pedir para passar na fila porque tem sempre só dois ou três artigos.
  • O Casal Hábil, prático, despachado. Têm tudo eletrónico, não sai qualquer papel, e não é um casal jovem, mas são tudo prafrentex. E de extrema simpatia!
  • O cliente "Multiplica", há um mais antigo, mas não é o único. É uma mania que me deixa stressada, põem um sumo de laranja e dizem "ora são seis destes", mas depois há também sumos de maçã, só que para o cliente está tudo bem, porque o preço é igual! Mas não, não é assim que funciona, cada sabor tem um código diferente, mesmo que seja o mesmo preço! Por vezes, o melhor é o cliente meter tudo em cima do tapete!
  • O cliente proclinado, um senhor já com alguma idade, que sempre se debruça, pendura, para cima do visor, e ficando colado à operadora de caixa. É irritante!
  • O cliente lesiona,  representa um conjunto de pessoas, com esta atitude, que consiste em obrigar a operadora de caixa a pegar em pesos!

Muitos outros clientes repetentes, por cá continuam. Gosto de os  "retratar".  Alguns de outras postagens, já nem me recordo bem deles. Uns que marcam, outros que partiram, outros que estão a chegar. Um universo sempre a gingar!

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A dona Vicência

Como já aqui disse, eu não sei os nomes dos clientes, quando os retrato, uso alguma caraterística que os identifique. No entanto, esta senhora, a dona Vicência tem um nome muito raro, mas que me diz muito. Tem o mesmo nome que a minha saudosa tia. A tia que foi a minha segunda mãe, a minha confidente, companheira, melhor amiga. Afeiçoei-me a esta senhora não só pelo nome, mas também porque percebi que tinha em comum com a minha tia, a doçura de pessoa!

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