Andei semanas e semanas a tentar que os clientes fizessem o pagamento pela dita abertura/janela do acrílico. Já estava no bom caminho. Entretanto a dita janela foi corrigida por causa do multibanco, e a abertura ficou mais pequena e mal lá cabem as nossas mãos para entregar troco, talões. Apenas dá para pagamento com multibanco.
Agora já não insisto, se quiserem pagar lá do topo, que o façam! Inicialmente tinham-me dito que era para fazer tudo por ali, mas depois até quem mo disse, fez o mesmo que os clientes. Para que andava eu a insistir em querer que tudo funcionasse bem! Há pessoas que vão sempre querer fazer as coisas à sua maneira. Claro que há situações em que não convém vacilar, mas nesta, já não me ralo! Venceram-me pelo cansaço!
Recebi por email, relativamente a um post que escrevi sobre a segurança e saúde no trabalho:
«Faço parte da SST (Segurança e Saúde no Trabalho) há uns tempos, mesmo antes da pandemia, fui chamada para intervir numa formação para operadores de supermercado.
Deixo alguns pontos importantes desse dia.
A empresa ou o empregador, tem a obrigação de assegurar a segurança e higiene dos trabalhadores em todos os locais de trabalho e relativamente a todos os aspetos relacionados com o mesmo.
Um meio ambiente de trabalho que exponha os trabalhadores a riscos profissionais graves , facultando acidentes de trabalho e doenças profissionais, atinge o trabalhador, e afeta a produtividade.
Se no caso dos operadores de caixa, a própria empresa tem boas normas, principalmente e relativamente ao levantamento de pesos, onde é pedido que os artigos de peso sejam colocados sobre o tapete, por forma a minimizar o esforço do operador, o não cumprimento dessa norma por parte do operador, e no caso de acidente, pode tornar o processo de accionar o seguro mais complicado, pelo incumprimento do operador. Por isso é importante o cumprimento. É importante arranjar estratégias que evitem o levantamento de pesos.
Neste dia pude entender pelo diálogo com os formandos, que para quem tem 20 anos, este problema não tem muita importância, porque as meninas ainda não têm consciência dos danos a longo prazo. Da minha parte tentei consciencializar as pessoas para esta situação.
Importante evidenciar que no grupo havia duas operadoras que tinham preferido esta função, por a mesma ser, supostamente, um trabalho mais leve e uma outra pessoa, que tinha transitado da secção da fruta para as caixas, devido as lesões adquiridas no trabalho duro que antes tinha, e que por isso, estava com problemas a vários níveis. Foi a própria empresa que sugeriu a mudança, salvaguardando a saúde e a continuação da trabalhadora.
A satisfação dos trabalhadores é um fator importante, o emprego não deve representar somente o trabalho que se realiza num dado local para auferir um ordenado, mas também uma oportunidade para a sua valorização pessoal e profissional. »
Mais um ponto positivo do acrílico nas caixas: agora os clientes que tinham o hábito de nos dar pela frente caixas das cervejas (ou outros artigos pesados) , já não o podem fazer!
Pessoas com problemas de coluna, era um constante desafio, e quem não os tinha, com este exercício, certamente, ficaria. Posso dizer que cheguei a andar dois meses com um problema num ombro devido a esta brincadeira.
Agora existe um motivo para recusar, porque antes, tinha de aguentar, e pronto! Mesmo assim, com o acrílico há clientes a darem lá cabeçadas e encontrões. As pessoas não entendiam, que o tapete rolante servia justamente para que as pessoas não tivessem de fazer aquele esforço, para que poupássemos o nosso corpo, para facilitar a vida às pessoas, porque também não somos máquinas.
Se fosse um maço de rolos de papel higiénico, apesar de volumoso é leve, não se compara a produtos pesados que puxavam pelo físico!
Ao longo do dia, quer na rádio do continente, quer ao nosso som, a funcionária que está no balcão, vai pedindo aos clientes para respeitarem a sinalética, o espaço de dois metros entre pessoas e para serem breves nas compras, para permitirem a entrada de outras pessoas.
Estava uma colega a fazer o dito pedido, enquanto eu atendia uma senhora que estava com a sua mãe, era um momento até de acalmia. Entretanto a senhora mais nova (a filha) diz: "Vá mãe despacha-te, não ouviste!? Vão fechar para almoço e estão a pedir ás pessoas para saírem!"
Percebi logo que as pessoas nem prestem atenção ao que dizemos, elas ouvem o que lhes convém, ou o que acham por bem, o que lhes apetece. É impressionante!
Lá expliquei o que tinha sido dito, e que o continente não fechava para o almoço, como alguns supermercados na zona.
É uma pergunta muito frequente, pelo menos, nos supermercados. Claro que cada um tem as suas regras, por isso, vou falar do continente, porque é o que conheço melhor.
A saída convém que seja feita por onde é a entrada, porque o espaço é mais amplo. E agora, perguntam vocês: "então e não se pode sair pelas caixas?" Eu respondo:" sim, até podem, mas, ora pensem: estão lá pessoas com carrinhos e artigos, têm de pedir licença, as pessoas têm de se desviar, interrompem o atendimento. Por vezes é só mesmo por terem de dar mais uns passos. Acham bem?"
Então e as entradas , que são pela porta principal (normalmente no cimo tem escrito Bem Vindo ou mesmo Entrada), mas as pessoas também querem entrar pelas saídas das caixas, se apanham uma "cancela" aberta, porque vezes nos esquecemos de fechar, aproveitam logo e até querem entrar pela saída das caixas selfservice.
Parecem cachopos rebeldes, sempre a quebrar regras!
Estava a registar as compras a um casal de clientes. A dada altura, havia quatro caixas, cada uma com uma garrafa, de um vinho de nome mula velha reserva.
Abro uma caixa, retiro a garrafa, registo a garrafa, volto a colocar dentro da caixa,vou para a segunda caixa, e a cliente diz "são todas iguais, porque não multiplica"!? Ao que eu respondo, que pela norma da empresa, tenho de abrir as caixas e registar o código interior da garrafa e verificar se a garrafa não tem alarme para tirar. E a senhora diz-me ."pois, mas quando é leite, por exemplo, isso não acontece, multiplicam!" E o cliente que estava a seguir, afirma: " está mal, porque um vinho de reserva, quando menos se mexer, melhor!"
Mas será que as pessoas não entendem!? Já me aconteceu, ao abrir a caixa, haver "brindes" lá dentro, ou o código da garrafa interior, não corresponder ao código exterior da caixa. Sim, há pessoas capazes disso. Será que as pessoas não percebem que estamos a fazer o nosso trabalho e não a desconfiar!?
Um destes dias uma cliente, disse ser induzida em erro por causa de um preço na frutaria. Depois de a colega da fruta lhe ter explicado, que agora havia uma norma em que o preço em letras maiores correspondia ao preço do quilo e o preço em letras menores ao preço da embalagem (esta pode conter 2 ou mais quilos), a cliente compreendeu e aceitou a situação.
Entretanto já aconteceu mais um ou outro caso em que eu tive de explicar o mesmo aos clientes. Alguns dizem ser publicidade enganosa. Eu disse que era natural que estranhassem agora no inicio desta norma, mas que depois seria um habito. Nem sei se disse o que deveria, sei que disse apenas o que eu achava. Até eu já fiquei uma vez baralhada, porque a tendência é olharmos para as letras maiores e não para as mais pequenas. Vocês já reparam nesse facto na frutaria, naquelas chapinhas dos preços?
O que hoje vos vou contar vem na sequência do post que escrevi ontem. Escrevi o post com o tema" normas dos cupões de desconto" antes de ir trabalhar. Eu dizia que acontece sempre algo devido a uma deturpada interpretação destes cupões. Este caso foi mais um insólito. Uma senhora chega á minha caixa com o seu carrinho de compras, depois de colocar os artigos passa para o outro lado e tira da mala duas cartas daquelas que recebemos pelo correio: "menina tenho aqui dois descontos, um meu e o outro é da minha irmã, ora se ela gasta aqui menos que eu porque tem descontos melhores que eu!?" A carta da senhora é como o exemplo da imagem do post anterior, ou seja, 10% de desconto. O da sua irmã tinha a mesma data mas era 5€ de desconto em compras de valor igual ou superior a 25€. A cliente barafustava porque achava que a irmã gastava menos dinheiro e estava a receber melhor desconto que ela. Então eu fiz-lhe a seguinte explicação: " imagine que a senhora e a sua irmã fazem ambas compras do valor de 100€, ao apresentarem o cupão de desconto, a senhora fica com 10€ no cartão e a sua irmã fica com 5€, quem é que ficou mais beneficiada? Foi a senhora, certo?" A senhora pareceu compreender e aceitar a minha dedução. Quando concluo a conta ela dá-me o cupão, mas eu digo: " mas a data que está aqui é a partir do dia 16 e hoje é dia 15 só amanhã é que dá para descontar..." Bem, a mulher começa a barafustar de uma maneira que só visto, estava a ficar violenta, não estava mais ninguém na fila e o intervalo entre a minha colega da frente era de duas caixas e eu estava a prever que a mulher ia tomar alguma atitude menos própria. É então que ela pega nos cupões aproxima-se de mim e diz: " quer ver o que eu faço com esta merd..." e rasga os papéis. Depois continua o discurso e diz que vai ligar para lá (disse mesmo lá, deve ser para a sonae) e diz que vai deixar de ir ali às compras, e conclui com desaforos.
Esta senhora, não teve razão alguma para fazer isto, porque estava tudo dentro das normas com os cupões, ela foi bastante injusta. Ela fez figura triste e lamentavelmente não havia mais ninguém por perto para me ajudar a fazer-lhe entender isto. Quando estas questões acontecem dá-me vontade de fugir dali. Mas como não pode ser tenho de contar não até 10 mas até 100 porque 10 não chega!