O homem da guerra
A cena da prioridade na fila do supermercado, nem sempre corre bem, nem sempre é clara, nem sempre há empatia e bom senso.
Por isso, acho bem que seja o cliente prioritário a solicitar a dita prioridade. Já atendi pessoas que mostraram cartões, já me mostraram documentos, que são, o que creio chamar-se, certificado de multiusos. Isto porque nem sempre a incapacidade é visível. Por vezes, há clientes que ao verem uma grávida, uma pessoa com bebe ao colo, ou alguém lesionado, oferecem a sua vez.
Antes da atualização desta lei, na altura em que éramos nós a chamar as pessoas, chamei uma pessoa que me parecia estar grávida, mas não estava. Não foi nada bonita a situação.
No entanto, da última vez, o que aconteceu, parecia uma situação, de filme. Um senhor, talvez na casa dos 70 ou mais anos, e aparentemente sem incapacidade visível, perguntou-me porque não havia uma caixa prioritária. Respondi que agora eram todas. "Então e porque não me atende?" Eu disse-lhe que estava no meio de uma conta, mas que o atenderia logo de imediato. Em voz baixa, outro senhor que estava com este diz "ainda vão perguntar porquê?" Ao que este responde em voz bem alta: "EU ESTIVE NA GUERRA!"
Mas será isso razão ou teria o senhor alguma incapacidade daí derivada!? Seria ofensivo perguntar ou pedir algum documento? E se os outros clientes, quisessem alguma prova!?
Atendo o senhor e ele fica do lado de fora mais um bocado a conversar com o seu conhecido!
Haja paciência infinita!
