Os clientes já começam a adaptar-se a este sistema de não haver sacos de plástico de oferta. Até parece que há uma moda para estes sacos. Existem tantos modelos e tão diversificados. Por vezes, os clientes, trazem sacos tão diferentes, alguns tão bonitos que não resisto em falar sobre eles e perguntar onde os compraram. Muitos deles foram marcas próprias que ofereceram aos clientes como bónus ou na compra de alguma coisa.
Mas um dia, uma senhora trazia uma cesta, uma cesta que me fez viajar no tempo e recordar, de quando tinha uma destas, e ia à mercearia da minha localidade fazer as compras. Como não havia clientes, fiquei ali uns breves minutinhos, na conversa com esta cliente sobre estes tempos e sobre os anos que aquela cesta tinha.
Provavelmente esta cesta vai voltar a ser fabricada, talvez com alguma inovação. Que pena a minha cesta já não existir. Foi uma conversa bastante agradável!
Uma senhora de idade e a sua jovem neta compravam um pacote de detergente da marca Continente. O custo era de 10,02€ e era a avó que pagava. Então a avó diz-me: " Então e não tira ao menos os dois cêntimos?" Mesmo antes de eu responder, a jovem diz: " Oh avó, aqui não dá para fazer isso!"
Achei graça, pois esta senhora certamente não está habituada a grandes superfícies, deve de ir à mercearia, onde há este tipo de arredondamentos.
Não sei se já aqui disse, mas eu sou de uma terra, vivo em outra e ainda trabalho noutra. Já quando vivia na minha terra, nunca sabia quem era quem, pois usavam muitos apelidos e alcunhas que eu tinha sempre dificuldade em identificar. Hoje em dia continuo a ser assim, quando me falam de pessoas que não me são próximas, nunca dou muita importância ao assunto, porque imagino logo que não conheço. Por vezes dizem-me " tu nunca conheces ninguém, és mesmo despistada"!
Acontece que um destes dias, uma cliente na fila perguntava-me coisas sobre uma outra cliente que eu tinha acabado de atender. Perguntava se aquela senhora era filha de não sei quem. Eu respondia que não sabia. E ela retomava e dizia, se a cliente não tinha um café que tinha sido trespassado não sei de quem. Eu dizia "pois não sei, não sou daqui" e ela disse: "mas estava a pergunta-lhe pela filha!" Tive de lhe explicar que conhecia a filha de a ver ali com a mãe já algumas vezes às compras. Se calhar, mesmo que soubesse ia arranjar maneira de não responder.
Será que as pessoas não percebem que o Continente não é a mercearia do Zé?