Uma cliente estava a dar passos largos de sinalética em sinalética, eu disse que ela podia colocar os artigos no tapete. Revela-me estar nervosa com isto tudo. Diz-me até ter receio de ser presa, porque mora numa aldeia distante, onde está tudo fechado, e tem de sair, porque nem mercearia lá tem.
Conta-me que não tem dinheiro para fazer grandes avios de uma só vez, pois só pode comprar as coisas aos poucos.
Tento aclamar a senhora dizendo que o importante era levar alimentos para estes dias de 9 a 13 de abril. Ela diz que foi isso que fez, mas que depois terá de voltar.
Aproveitei para lhe dizer que as medidas eram para nossa segurança, porque a situação era grave. Penso que a conversa comigo a reconfortou!
É curioso o facto de agora os clientes já não deixarem o talão (factura simplificada, neste caso) das compras lá no tapete ou me pedirem para o colocarem no lixo. Pelo que os clientes me dizem e pelas noticias que circulam na internet e na televisão, a fiscalização pode estar mesmo á porta dos estabelecimentos. Aliás, alguns clientes disseram-me que na semana passada, estavam a fiscalizar à saída do Continente de Santarém. Talvez por isso as pessoas agora tenham medo, e guardem todos os talões.
No entanto, a proposito do assunto, encontrei esta nota:
«A Associação de Defesa do Consumidor (DECO) criticou esta medida e considera que seria “um erro histórico” multar algum comprador por não exigir factura, sustentando que é “uma exigência que não faz sentido e dificilmente poderá ser implementada”. A entidade acusa ainda o governo de querer fazer dos consumidores inspectores das finanças.
Já o sindicato dos trabalhadores dos impostos garante que os serviços não têm nem meios nem estatuto legal para levar a cabo essas acções de fiscalização.»
Há uns dias atrás, estando eu na caixa prioritária, chamo uma senhora que está em outra fila: "se quiser pode vir aqui, escusa de estar à espera"! Ela responde: " não deixe estar, eu tenho tempo"! Ela ficou na outra fila à espera e eu fiquei parada sem ninguém para atender. No fim desta senhora ser atendida, passou á minha caixa e disse-me: " desculpe, mas eu não fui a essa caixa, porque depois iam achar que eu estava grávida"!
Eu fiquei tão surpreendida que nem fui capaz de dizer nada!
Acontece de tudo um pouco num supermercado. Era um dia com algum movimente e consequentemente com filas. Um senhor que certamente estava constipado, dá um grande atchim (espirro). Nesse momento uma Sra. que estava muito próxima afasta-se subitamente e mostra desagrado na face... é então que o Sr. do espirro se mostra indignado e diz: -" eu não estive no México"! Os clientes que estavam próximos ficaram a olhar, uns com olhar preocupado e outros a sorrir. Este episódio não foi propriamente engraçado, mas no final todos nos rimos. Penso que isto acontece porque o medo desta gripe A está instalado nas pessoas. Todos os dias a TV, os jornais, a internet falam no assunto. É bom que informem, mas por vezes parece que quando as notícias são boas e ouve-se que não há perigo em Portugal as pessoas ficam sempre na dúvida...