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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

O dia em que o uso obrigatório da máscara acabou

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Como não tinha visto o noticiário na véspera, fui apanhada de surpresa. Mas, quando me disseram que podia não usar, hesitei. E tenho optado por ainda usar. Acho que ainda não me parece seguro. Preciso de mais uns dias. E a maioria das pessoas quer colegas, quer clientes ainda usa! Vamos ver no que isto dá!

No entanto, ainda bem, que tudo indica que é para acabar de vez com a máscara , em alguns lugares! É sinal que a situação está a melhorar!

Uma espécie de glossário ilustrado

Desde o inicio da pandemia que têm surgido tantas palavras ou expressões novas ou anteriormente pouco usadas, relacionadas com o assunto.

Por exemplo: assintomático, coronavírus, confinamento, distância social, desconfinar, isolamento profilático, máscara, paciente zero, pandemia, quarentena, e mais uns quantos que agora não me recordo. Estas  palavras   têm um sentido  geral, mas em cada empresa, lugar, loja, serviço, também surgiram   novas palvras para  criar mecanismos de comunicação entre funcionários e clientes. E também para segurança!

No meu ponto de vista, as novas palavras ou mecanismos, até agora no supermercado são:

acrílico: um escudo protetor ente funcionários e clientes

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álcool gel: para desinfetar as mãos a cada atendimento

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distanciamento social: que se pede que seja de dois metros

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janela de pagamento do acrílico: espaço onde se faz o pagamento

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máscara: de preferência bem colocada

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sinalética: inclui todos os sinais e regras presentes no supermercado

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Em edição...

Porque tiram alguns clientes a máscara na caixa do supermercado

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Estou a finalizar o atendimento a uma casal de clientes na casa dos sessenta anos. Vejo o senhor colocar a máscara no pescoço. Peço-lhe educadamente que coloque a máscara. Responde-me "já ponho"! Pega num maço de notas que tinha na carteira, lambe os dedos para contar o dinheiro, entrega-me. Põe a máscara correctamente e diz-me "pronto já estou mascarado"! Se eu não tivesse máscara, ele  teria reparado, na minha cara de nojo, por ter de pegar nas notas, por ele salivadas! Fiz questão que ele visse a quantidade de álcool gel que utilizei em seguida!

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Numa outra ocasião, aconteceu com uma senhora da mesma faixa etária, uma situação semelhante. Só que esta senhora a colocação da máscara no pescoço não foi para contar as notas, mas para lamber os dedos e abrir os sacos. Quando lhe pedi para colocar a máscara, respondeu que tinha deixar de ali ir, porque a estavam sempre a chatear com a máscara, quando aquilo a sufoca!

E assim acontece dia sim, dia sim!

Os que falam por falar

Um cliente habitual, um senhor que deve ter algum problema com a água e com o sabão, chega à minha caixa e diz que precisa de dizer uma coisa. Normalmente nunca tem nada de simpático a dizer, mas desta vez resolveu implicar com a minha máscara, dizendo que a mesma era falsa. Isto porque eu não estava a usar a cirúrgica, mas sim outra * comprada no continente, e certificada. Sinto-me melhor com esta!

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Começou a falar alto e a dizer que a máscara dele é que era boa.

Eu: Pois é a sua opinião!

Cliente: E tenho razão!

Eu: Mas deixe lá que a sua máscara no estado em que está, também não lhe vale de muito!

Cliente.  Porquê !? O que tem a minha máscara? (Eu ia dizer que estava sebosa, mas contive-me)

Eu: Essas máscaras só têm duração de 4 horas, e pelo estado dela, tem muitas mais horas em cima!

Ele baixou a altivez e disse: "Eu até acho que nem deviam obrigar a usar a máscara"!

Por aqui se vê o incoerência do discurso; primeiro a minha máscara é falsa, depois , já acha que não deviam obrigar o seu uso!

É cada situação, haja paciência!

*as máscaras de proteção Happo são  uma solução segura, ecológica e reutilizável.

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Mascarados, nem nos conhecemos

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Estava a atender um cliente, a dada altura achei estranho a conversa, porque supostamente não conhecia aquela pessoa de lado algum, mas, afinal conhecia bem a pessoa, só que com máscara não o estava a conhecer!

De outra vez foi entre clientes, uma pessoa meteu-se com a cliente que eu estava a atender, e a cliente olhava fixamente para a outra. Entretanto a outra percebeu que não a estava a reconhecer, retirou um pouco a máscara, e depois todos nos rimos da situação! "Ah és tu!"

A máscara deixa-nos sem perceber o que os outros dizem, não nos reconhecemos, porque estamos meio mascarados, e ainda nos faz sentir sufocados, mas, temos de nos habituar!

O acrílico e a máscara dificultam a passagem do som

Nas linhas de caixas existem como já aqui referi barreiras de proteção em acrílico, há uma rádio. Além disso, agora todos os clientes estão de máscara, nós também de máscara, o que torna mais difícil a comunicação entre a operadora e o cliente. Parece uma conversa de tontos! Por vezes não nos entendemos, e quando o cliente tem de ditar o número de contribuinte, é uma animação.  Mas o mais engraçado é  quando o cliente é estrangeiro e com sotaque! 

O que vale é os clientes entendem e por vezes até brincamos com a situação, eles fazem sinais dos algarismos com os dedos! Ou ficam no topo a ditar!

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O meu primeiro dia com máscara

Não foi fácil. Aquilo ora tapava-me a vista, ora sentia falta de ar. Uma cliente viu-me mexer na máscara com as mãos e chamou-se atenção disse que assim mais valia não usar. Eu disse que tinha desinfectado as mãos.

Depois os clientes não percebiam o que eu dizia, o que é normal, pois também eu,  tenho dificuldade em perceber alguns devido ás suas máscaras, o som fica em modo eco, ou sei lá!

Realmente não sei como as pessoas conseguem e algumas dizem que é tranquilo usar! Talvez me falte hábito, experiência!

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Se o uso de máscara se tornar obrigatório

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Acredito que vai chegar a uma altura em que o uso da máscara será obrigatório, por isso resolvi experimentar... e ao contrário do que eu achava, não é fácil. Parece que me falta o ar. Mas, estou a tentar me adaptar!

Já quando tinha de usar o lenço da farda atado ao pescoço me sentia mal,  mas desta vez, se for para minha segurança, vou insistir!

Do uso da máscara e das luvas

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Já um ou outro cliente me questionou sobre o facto de não usarmos  máscara. Por vezes, parece que estão a fazer um inquérito, outras vezes é só para fazer conversa de circunstância. Justifiquei dizendo que as barreiras acrílicas nos davam  proteção, alguns ficavam convencidos, outros nem tanto! 

Um dia destes resolvi, não usar as luvas, como tenho o álcool em spray e ia desinfetando a cada cliente. Fi-lo porque não me ajeito nada com as luvas, mas consciente do que estava a fazer. No entanto, houve vários clientes perguntarem-me o porquê de não ter luvas. Voltei a usá-las, principalmente para não ter de dar explicações!

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Já me começo mais a habituar ás luvas, e caso fosse preciso, ou me dissessem na empresa, para usar máscara, também me habituaria!

Claro que quanto mais protegidos estivermos melhor, tanto para nós como para os outros!