Até pode haver dias em que aparece um ou outro cliente mais difícil. Mas não falo deles para me queixar, mas para desabafar, e dar a conhecer como é o atendimento ao público.
Mas tenho de dizer que é com satisfação que faço este trabalho. Por vezes até me divirto com os clientes. É um tempo bem passado. Sou uma sortuda porque faço aquilo que gosto e ainda recebo uns trocos! Quantas pessoas podem dizer o mesmo!?
Hoje atendi uma cliente, que traz sempre tão boas energias. O tempo que passo a atendê-la, é tão bom, que me apetecia que ela ficasse mais um bocadinho... Estava a dizer-me que na hora de pagar a conta, o marido desaparece sempre. E depois, na brincadeira, dizia ainda que os homens fazem falta, para pagar contas, depois eu digo "para mudar lâmpadas" e ela diz "e para mudar pneus"! Estava um senhor na fila que achou graça e até entrou na nossa conversa!
Não foram estes dois dedos de conversa que atrapalharam o funcionamento da fila, muito pelo contrário...foi um momento de entusiasmo para muitas pessoas.
Estou a atender um casal já de média idade (por volta dos 50/60 anos). O homem diz à mulher que vai buscar algo que se esqueceu. Neste momento a esposo vai ao expositor de revistas, traz uma e diz-me: “ menina passe a revista, depressa, que o meu marido não pode ver”! Assim fiz. Depois a Sra. já mais calma e com a revista guardada na mala, revela-me:” Desculpe estar a envolve-la nisto, mas se o meu marido sonha que gasto dinheiro em revistas… Foi sempre um forreta, só pensa em juntar e só compra o necessário”. Entretanto o marido chegou e a conversa parou por ali. Fiquei com a sensação que aquela senhora estava triste, e precisava mesmo ter aquele desabafo. Por vezes os homens conseguem ser uns insensíveis.
Deixem lá as esposas comprarem uma revista, um livro, um batom. Sem exageros e desde que não comprometa a compra de bens essências, claro!
Como costuma acontecer aos sábados, o supermercado estava cheio de gente. Talvez por ser o último fim de semana para usar uns cupões. Uma colega vinha a chegar para abrir a caixa e disse: "podem passar a esta caixa por ordem de fila"! É nesta altura que dois clientes começam a discutir quem é que está primeiro. Discutiam em voz bem alta de forma a chamarem todos olhares em sua direcção. Um dos homens disse : "eu não daqui, olhe chame a policia!"
Na minha caixa estava uma uma senhora com um filho pequeno e a criança até estava assustada. A senhora disse.-me " é vergonhoso ver dois marmanjões ( foi a expressão que usou) a discutir por isto, já não há respeito!" Sinceramente a Sra. teve toda a razão, parece que há pessoas que gostam mesmo é de armar barraco! Por pouco não se pegavam, até foi lá o segurança acalmar aquilo. No fim das contas a diferença do atendimento entre aqueles dois foi de uns míseros minutos...
Hoje uma cliente chegou ao pé de mim e disse-me:" menina não viu o meu cesto? Deixei-o aqui para ir ali ao corredor do arroz, e agora desapareceu?" Perguntei há quanto tempo e ela respondeu que cerca de dois minutos. Como não tinha clientes, saí da caixa e fiquei ali a observar e reparei que havia um outro cestinho ali num corredor sem dono.
Em menos de um ou dois minutos chega um senhor todo atrapalhado, pois tinha levado o carrinho/cestinho errado. Lá resolveram o mal entendido. A atrapalhação do senhor foi tão engraçada, o homem era muito cómico e ao mesmo tempo pacato.É mesmo coisa de homens, são tão distraídos nas compras!
No outro dia, estava a atender uma senhora a quem ajudei a ensacar as compras, pois pensei que ela estava sozinha. O senhor que estava do outro lado de braços cruzados, alheio a este processo, para mim era apenas o cliente que eu iria atender a seguir.
Só no final do registo é que entendi que este senhor era o esposo da cliente que eu estava a atender. Depois dos artigos embalados e da senhora pegar nos sacos é que esta "criatura" pegou num molho de notas e pagou a conta. Apenas pagou a conta, nada mais fez para ajudar a esposa, nem sequer ajudou a levar os sacos. Quando vejo estas atitudes, fico a meditar no porquê de tanto machismo.
Será porque são pessoas da aldeia? Mas a cidade está mesmo ali! Ou será que foram educados assim? Situações assim ainda se encontram algumas vezes, onde estão os cavalheiros?
"Eu não sei meter as coisas nos sacos, meta você"! Foi a frase preferida por um cliente ao chegar á caixa. Eu cumprimentei o senhor, e comecei a colocar os artigos, já é hábito fazer isto mesmo sem os clientes nos pedirem. Só que este cliente usou uma tal arrogância que não lhe ficou nada bem. Entretanto a cliente que estava a seguir a este senhor quando ele saiu do local disse: -"homens"! e eu disse "pois" e sorrimos. Uma dica para os senhores e que as senhoras apreciam no ensacar das compras: Não misturem os detergentes com mercearias fáceis de romper, como por exemplo, açúcar, sal, farinha...
Mais dicas: separem os congelados do pão. Tudo o que estiver em estado seco e embalado pode ficar junto no mesmo saco. Convêm sempre usar o menor número de sacos possível e assim proteger o ambiente...