Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

As frases de uma operadora de caixa

Foi quando estive uns dias afónica que tomei noção do quanto  precisamos de falar. Estas são apenas algumas frases quase obrigatórias, depois também faz falta a dita conversa de circunstância, se não, parecemos uns robôs,  é a conversa que mais gosto, quando o cliente e a situação o permite!

Devo ressalvar, que neste supermercado a nossa revista magazine, se vende tão bem, que nem é preciso solicitar!

O que não é fácil "vender" , para mim, são os vales,  mas há quem o consiga fazer. Nem todos conseguimos ser bons em todos os pontos!

Os sacos para os congelados, são, no meu ponto de vista, aqueles que agora, as pessoas, mais trazem de casa!

Também temos de pedir trocos, é essencial, para que não faltem moedas e principalmente notas de €5!

asfarsesdaoperadoradecaixa.jpg

A falta que a voz faz...à operadora de caixa

Não é costume me constipar no verão, mas talvez devido ao excesso de uso do ar condicionado, constipei-me! E uma das consequências habituais é perder a voz!

A voz faz-me imensa falta. Tenho de fazer perguntas, cumprimentar as pessoas, divulgar campanhas, dizer o total, agradecer, fazer a despedida. Por vezes nem me dou conta,   do quanto falo. Dava jeito umas plaquinhas com as falas, ou uma gravação, nestas alturas!

No sábado estava completamente afónica, e além das frases habituais, como não me ouviam, ainda tinha o esforço acrescido de as repetir até quase à exaustão. Alguns clientes diziam "ah está rouca!", ou, "e... como você está"!, ainda "isso não será covid!?", outros desejavam as melhoras, aconselhavam chás, faziam ainda mais conversa e eu tinha ainda mais de me justificar!

Até que, quando perguntei já a falar baixinho, a uma senhora o número de contribuinte, ela respondeu-me também num tom de voz baixinho como o meu, mas não era porque estava como eu, na altura, pensei que estava a gozar comigo! Pedi para ela repetir dizendo que não tinha percebido e ela disse "pois" num tom de voz normal, mas o número de contribuinte repetiu em voz baixa, deu invalido, eu não quis saber, e deixei assim!

No momento fiquei triste, desanimada e com uma vontade de sair dali a correr! Mas era um dia de grande afluência, lá respirei fundo, contei até 10 e prossegui!

Horas depois, já em casa, a pensar nesta situação, cheguei à conclusão, que a senhora certamente não estava a gozar, mas sim, a dar-me um recado/lição. Queria que eu entendesse que não deveria estar ali, porque as pessoas não me entendiam, e assim estava a prejudicar o trabalho e os clientes!

Diapositivo1.JPG

Diapositivo2.JPG

Diapositivo3.JPG

Diapositivo4.JPG

Diapositivo5.JPG

Tiramos sim, uma vez é para mim e a outra é para o continente!

Certo dia, na caixa de uma colega, um cliente teve de marca duas vezes o código do multibanco, porque houve qualquer erro da primeira vez. Quando o cliente marcou a segunda vez disse para a minha colega:

"Veja lá se depois me tiram o dinheiro duas vezes!"

Ao que a minha colega, calmamente respondeu:" Tiramos sim, uma vez é para mim e a outra é para o continente!"

O cliente, em resposta, sorriu.

Eu achei graça.  Quando houve ocasião, devido a uma situação igual, resolvi, repetir a mesma frase que a minha colega. Só que o cliente não me sorriu, em vez disso, fez uma careta, e eu disse logo, "estava a brincar", antes que desse confusão!

pagarduasvezes.jpg


Em modo robot

Um cliente chega à minha caixa, depois dos cumprimentos, diz:

"Olhe não quero saco, não tenho cartão continente, não quero contribuinte e vou pagar em dinheiro!"

Registo tudo ao senhor, e pergunto se tem cartão continente. Imediatamente  me recordo que o cliente já tinha dito que não, peço desculpa e digo que já faço esta pergunta em modo automático.

O senhor disse que compreendia, e sabia que nós repetíamos a mesma história vezes sem conta, e a intenção era me poupar a esse trabalho. Não deixou de ser um momento engraçado!

Por vezes também acontece os clientes darem logo o cartão no inicio, mas como a pergunta está programada para o fim, volto a pedir. E muitos deles dizem "mas eu já lhe mostrei" ou " outra vez?!"

É mesmo verdade isto está tão automatizado, que já sai mesmo sem ser necessário. Inclusive,  há certas frases que digo no trabalho, que depois repito no dia a dia, por exemplo,  alguém  me agradecer qualquer coisa e eu responder "obrigada nós"!

Até quando durmo, nos meus sonhos, digo estas frases e ouço o bip da caixa registadora!

eurobot678KLO.jpg

A vidinha do reformado

Estavam dois senhores já de alguma  idade, mas muito bem dispostos e divertidos na fila. Conheciam-se e lá iam conversando, até que um pergunta ao outro se ele ainda tinha o seu negocio, ao que o primeiro lhe responde: "Eu agora já estou na fase do Baltazar, de noite é para dormir, e de dia é para descansar"!

 

Lá está mais uma frase/rima, daquelas que eu apanho dos clientes, e colecciono aqui neste blogue. E para mim esta é nova, sempre a aprender alguma coisa!

fasedoreformado.jpg

Pagar e morrer o mais tarde que puder ser

Pergunto ao cliente se quer descontar o valor da compra do cartão continente, ele pergunta se  tem saldo suficiente. Digo que sim e ele responde: " Então quero,  pagar e morrer o mais tarde que puder ser"!

21257788_n51YU.jpeg

Já tinha ouvido uma frase semelhante, mas sem rimar.  Agora, analisando bem, se o mais tarde que puder ser, significar ficar a dever dinheiro, não combina muito comigo!

Quando fazem a pergunta, mesmo sabendo a resposta

Sabem aquelas perguntas que os clientes fazem à operadora de caixa, mesmo sabendo a resposta. Por exemplo:

 

  •  veem a operadora com a cancela fechada a limpar o tapete  a arrumar e tudo e dizem : " Já vai fechar?!" ( então o deixa-me fula, é como se fosse cedo para fechar. Sabem lá eles há quanto tempo ali estamos);

 

  • a operadora está na caixa com a cancela aberta, à espera dos clientes e perguntam:" está a trabalhar?" ( apetece dizer, "não, estou só aqui para fazer turismo, e porque acordo cedo"!);

 

  • quando dizem "este cupão acabou ontem, mas eu não pude cá vir, ainda o posso usar!?" Ora normalmente os cupões têm uma ou duas semanas de duração, e se acabou, o sistema já não aceita. Depois ficam chataeados porque sempre que querem usar os cupoes, já passaram do prazo. Será que estes clentes também deixam passar o prazo do pagamento da conta da eletrecidade, ou da água!? Tudo tem prazos!

 

E há mais do género, mas estas  são as mais comuns, sendo que a primeira é a mais recorrente.

 

oquefazesaki.jpg 

 

 

 

Mais uma rima para guardar

Lembram-se que no inicio deste blogue , eu falava muito do sr. Provérbios. Um senhor que é cliente habitual, que nos visita diariamente, apesar  de ir mais em passeio do que ás compras. Mas assim, vai curtindo a reforma, que segundo ele, é  boa. Um senhor que costuma ter sempre um provérbio, uma frase, uma rima, algo assim do género.

 

Este senhor anda sempre de bicicleta, a quem chama de "o meu Mercedes". Ao que parece gosta mesmo muito de bicicletas.

 

Hoje quando lhe perguntei se queria contribuinte na fatura, e talvez porque acredite, que as faturas ainda são premiadas e que o prémio é um carro. Responde que não quer carros, porque só gosta de bicicletas. E remata com isto:

 

 "É uma mania

que tem a criatura

e quanto mais o tempo passa

mais a mania dura!"

 

misterprov.jpg