Ontem, dia 12 de setembro, foi um dia de muita afluência ao supermercado. Principalmente pais e filhos, a comprar o material escolar. Uma das razoes é que, é nos dias da apresentação, que os professores dão a lista do material necessário; outra das razões, é o tipo do português, de deixar tudo para a última hora.
Para quem não sabe deixo a informação de que quem tiver um cupão de 15% e tiver as suas compras habituais e material escolar (ou seja duas contas) e quiser fatura do material, dá para fazer as contas em separado, mas o cupão englobar as duas contas, tendo assim 15% em tudo.
Sempre que pergunto a um cliente se "vai desejar fatura", e este ao invés de dizer, sim ou não, começa logo a ditar o número, é um stresse, porque tenho de dizer "espere só um bocadinho", porque tenho de ir ás teclas e fazer os procedimentos. Parece que é nesta altura que os clientes, mais têm pressa!
Um dia, um cliente depois de eu ter pedido para esperar, continuou a ditar, e não queria repetir, porque segundo ele, "você é que pediu". Eu respondi: "não, eu não pedi, eu apenas perguntei se queria e depois é que ia perguntar qual era o número"! Lá repetiu, mas reclamou!
Pergunto ao cliente se quer fatura. Primeiro diz:" nãooooo", (como quem diz de jeito algum) . Quando estou a fazer o total diz :"Ah espere, quero, já estamos em novo ano fiscal, não me lembrava"! Ainda foi a tempo de eu voltar ao sistema para fazer fatura. Mas depois, diz-me: "ah, deixe estar, eu não sei o número de cor"!
Depois, tive de anular o pedido, colocar a conta em espera e recuperar o talão, é um processo habitual no nosso sistema. Até aí tudo bem, só quem está na fila é que não gosta muito, pois demoramos mais um bocadinho.
As pessoas, por vezes, parece que não sabem o que querem!
Este ano há uma grande confusão nesta matéria. Há alguns clientes que já não pedem fatura do material escolar, porque ouviram nas notícias que as despesas não vão entrar no IRS, porém há outros clientes que afirmam que só as despesas de 6 % de IVA é que entram, e depois há ainda, aqueles que acham que está tudo igual ao ano passado, e que entra tudo.
Pelo que li, a DECO na revista “Proteste”, refere que o material escolar com o IVA superior a 6% (cadernos, compassos e afins), é quase certo que deixa de ser dedutível na categoria da educação. E sendo assim, vai para as despesas gerais, as tais que , são limitadas a 250 euros anuais por contribuinte, e que são, facilmente preenchidas, pelas contas da água, gás, compras supermercado….
Já atendi uns pais que me disseram que nós ali, tínhamos de saber para os poder informar. O que eu respondi, foi que a ideia que me dá, é que ninguém sabe ao certo, e o melhor é pedirem fatura de tudo, e, depois, consoante o desenrolar do assunto, logo se vê o que fazer.
A tão pouco tempo do início do ano lectivo, ainda há tantas dúvidas neste assunto, mas se, ao que parece, nem as Finanças respondem às dúvidas da DECO, como é que ainda há quem ache que as operadoras de caixa de supermercado têm de saber esclarecer os clientes nesta matéria!? Será que as funcionárias das papelarias, livrarias e afins também têm de saber!?
Vou só deixar um pequeno apontamento, que penso também ser útil, para quem compra os livros escolares em supermercados ou em outros sítios que não estão registados com um Código de Atividade Económica (CAE) relacionado com a educação. Apontamento esse retirado daqui .
«O bastonário da OTOC, Domingues de Azevedo, exemplifica uma das situações que poderá gerar maior controvérsia. A compra de manuais escolares nos supermercados* que não estão habitualmente registados com um Código de Atividade Económica (CAE) relacionado com a educação. Na prática, quem comprar os manuais escolares desta forma não conseguirá deduzir a fatura como despesa de educação na declaração de IRS.
Mas as Finanças adiantam que há uma solução. Quando o CAE da empresa não permite associar uma despesa a um benefício fiscal “o consumidor deverá contactar a Autoridade Tributária através do sistema e-balcão ou do Centro de Atendimento Telefónico a dar conta da situação, para que a empresa seja contactada com vista a “atualizar” a sua atividade.»
O que posso dizer é que se informem bem de tudo, já que este ano há o novo regime que acaba com as faturas em papel, e que já não vamos ter aquele monte de papéis para fazermos as contas todas aquando do preenchimento do IRS, agora essa responsabilidade é transferida para as empresas que vendem o bem ou prestam o serviço.
Perguntei a um cliente que apenas comprara um jornal se queria contribuinte na fatura, e o cliente, respondeu afirmativamente. Quando este cliente saiu o cliente que estava logo a seguir, completamente indignado disse: "Ao que ponto isto já chegou, até de um simples jornal pedem fatura!"
Uma cliente coloca um separador entre uma resma de papel e artigos alimentares e diz-me que quer pagar em separado. Pergunto se quer fatura com número de contribuinte ao que me responde "não"!
Paga a resma de papel e passo ao registo dos restantes artigos, dos quais também não quer fatura. No final, pergunta-me pela fatura da resma de papel. Digo que já lhe entreguei. Vai verificar e diz-me "Mas isto era com o contribuinte da empresa!" Respondo : "Mas eu perguntei se a senhora queria com o número de contribuinte e a senhora disse que não"! Responde-me: "Ah pois foi, esta minha cabeça ! E agora!?" Disse-lhe para se dirigir ao balcão de informação. Fiquei a observar e vi que nem lá parou. Certamente voltou a esquecer-se!
Como já aqui disse, agora, temos sempre de perguntar ao cliente se quer fatura. E muitos clientes querem. Queria vos falar de um (quase) novo cartão. É o cartão do e-fatura, que se pode imprimir lá no site e-fatura, quando nós introduzimos a nossa palavra passe e lá vamos verificar as faturas ou fazer outras tarefas . Certamente que isto já não é novidade para vós!
Este cartão é uma grande ajuda para nós passarmos fatura no supermercado, pois tem um código de barras que basta passarmos no nosso scanner e assume logo os dados do cliente. Assim, não há enganos e o processo é muito mais rápido. No início do surgimento destes cartões o código não passava, mas agora, já passa (pode ainda algum não passar devido à - suponho - qualidade da impressão**).
Muitos clientes até plastificaram o cartão, e assim, podem-no usar/guardar como sendo um outro cartão qualquer.
Como todos sabem, nós operadoras de caixa, temos uma espécie de disco gravado, onde repetimos uma serie de perguntas ao cliente. Perguntamos se tem cartão continente, se quer descontar o saldo, se deseja saco, se quer contribuinte. Enfim, por vezes até sinto que me acham uma chata, mas, mesmo assim, tenho de fazer estas perguntas, porque fazem parte do meu trabalho.
Um destes dias quando a minha pergunta foi "quer contribuinte na fatura", a resposta da cliente foi: " mas porquê, isso vale a pena, vou ganhar alguma coisa com isso?" Respondi que não sabia e que apenas colocava contribuinte se a cliente o desejasse. A cliente começou a barafustar e a dizer que se eu estava a fazer a pergunta tinha o dever de saber indicar às pessoas os benefícios ou não do acto. Ainda respondi que não tinha de saber isso, que cada caso é um caso e que cada pessoa é que sabia da sua vida. Ainda disse que essa informação só as finanças ou um contabilista é que lhe poderia dar. A cliente continuou a dizer "Está mal, se não sabem informar não têm de perguntar!" E dizia isto em alto e bom som para ver se alguém na fila lhe dava apoio. Alguém respondeu: "ninguém dá nada a ninguém".
As pessoas ainda andam confusas sobre este assunto. Algumas pedem a fatura porque podem ganhar um carro - outras não querem porque para levantar o dito carro têm de pagar um valor altíssimo, outras porque acham que vão beneficiar no IRS, outras ainda respondem "ninguém tem nada que saber onde eu gasto o meu dinheiro", ainda outras acham que ao pedirem fatura muitos vão ser prejudicados porque pode haver uma discrepância entre o ordenado que recebem e o dinheiro que gastam.
Até ao final de 2014, alguns dos clientes que pediam fatura, tinham como objetivo ganhar, o tão falado automóvel. Mas muitos, diziam não querer o dito automóvel, por ser um carro de luxo, e porque, segundo, os próprios clientes, o governo queria era saber onde gastávamos o nosso dinheiro.
No entanto, este novo ano trouxe mudanças. Já não é pelo automóvel, mas porque , as despesas do supermercado entram no IRS, que muitos mais clientes pedem fatura.
Pergunto sempre aos clientes se querem fatura, entre todas as outras perguntas que tenho de fazer. E neste mês de janeiro e por esta razão que se prende ao IRS, muitos mais clientes querem fatura, incluindo aqueles que antes abominavam as faturas.
Recentemente, estava a atender um cliente que estava a falar ao telemóvel. Pergunto se tem cartão continente, e ele já com o multibanco inserido para marcar o código, acena que não, fiz logo o processo de forma a ele marcar o código e não perguntei se queria fatura. Quando lhe entrego o talão, diz-me: "quero fatura". Respondo que ele tinha de pedir antes, e mostro-lhe um papel que lá está afixado, a pedir aos clientes para pedirem fatura antes do pagamento. Mas ele disse logo: "você é que tem de perguntar"! Eu podia ter respondido, que ele é que me podia dar atenção, ao invés de estar ao telemóvel. Sim porque foi o facto de ele estar ao telemóvel, e aparentar muita pressa, que me fez não perguntar. Mas fiz mal!
No entanto, deixei-o levar a razão com ele, e assim ficou mais contente!
Mas sinceramente, será que não deveria ser também preocupação do cliente, uma vez que o interesse é dele, o pedido da fatura!?
Há uma outra alteração, que ainda está um pouco escondida, e ainda não foi, pelo menos que eu desse conta, alvo de reclamações. Agora, quando o cliente pede fatura, e essa fatura é de uma compra que foi paga totalmente com o cartão continente, ou seja com o dinheiro lá acumulado, o valor da fatura será zero. Se o cliente descontar apenas parte do valor, e pagar o restante com outra forma de pagamento, o valor que foi descontado do cartão não vem na fatura.
Ainda não sei ao certo a razão, mas quando souber, conto!