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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

O mês de agosto e o frantuguês

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Este é mais um cromo repetido, é mais um assunto repisado, mas ainda assim, não consigo deixar passar em branco!

Para os emigrantes deve ser uma grande alegria poderem regressar ao seu país, estar com as suas famílias, estar em lugares conhecidos, desfrutar das nossas praias!

Quando começamos a ouvir nos corredores do supermercado, pessoas a chamarem pelos filhos, numa mistura de idiomas - porque na sua maioria, as crianças circulam sozinhas, brincam à apanhada - coisa que os portugueses não deixam tanto, pois estão sempre de olho nos miúdos,  ouve-se muito barulho, vão em grandes grupos ás compras, já sabemos de quem se trata!

O que não consegui ainda entender, mas estou  na busca desse entendimento, estou a caminhar nesse sentido, é o porquê, de ao estarem em Portugal, até com elementos da família que vivem cá, e ainda assim, falarem francês, ou metade em francês e outra metade em português! Seria bom que as crianças já nascidas nesse país, fossem habituadas ao português, até porque tanto os avós , como os primos, que nunca saíram de Portugal, querem ter boas conversas!

De qualquer forma, desejo que tenham umas boas férias, e que recarreguem baterias para o regresso ao país que os acolheu e onde ganham o seu sustento!

Aquela birra, foi horrível

No passado sábado, a manhã esteve caótica, cheia de clientes, fim de mês é natural.

No meio de tanta gente, está na fila atrás de mim, uma mãe, uma avó e um menino ai dos seus 3/4 anos. Estava com uma birra descomunal, gritava alto, esperneava, a avó tentava em vão o assoar, pois a cara dele era ranhoca, era lágrimas!

O barulho era tanto que eu não conseguia ouvir o pip da máquina ao passar os artigos, nem os clientes me ouviam a fazer as perguntas habituais , nem eu ouvia as respostas.

Uma senhora na minha fila com um rapaz adolescente e uma bebé no carrinho, dizia "espero que a minha nunca faça uma birra destas"!

Não sei qual o motivo da birra, julgo que também não tenha sido fácil para aquelas pessoas verem toda a gente a observar e a tecer comentários.

O momento foi longo, e valeu a muita gente, eu incluída, uma grande dor de cabeça!

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Os clientes familiares

 

Ao fim de cerca de oito anos a trabalhar na mesma empresa, na mesma localidade, vou fixando algumas caras, algumas manias, algumas características de alguns clientes. Aqueles clientes fixos. Por exemplo:

- O desenho animado - este senhor já bem velhote vai semanal ou quinzenalmente com a esposa. Está sempre a reclamar e tem uma voz que parece de desenho animado. Só me apetece desatar a rir quando o ouço!

- O cliente que não é cliente - tem uma aparência engraçada, pois é careca, mas tapa a careca com o cabelo dos lados. Sempre que pergunto pelo cartão de cliente, ele responde, com um ar sério, que não é cliente. Mas vai lá imensas vezes.

- o Sr. fala barato/ou o sr. Boa disposição - fala pelos cotovelos em voz alta, é uma animação aquele senhor, sempre com boas piadas!

- a chatinha de serviço - esta senhora é tão chatinha, que quando a vejo entrar, começo a rezar para que não vá à minha caixa. Faz mil perguntas, só quer é descontos e promoções, do tipo passo um artigo tenho de parar para ver a validade, o preço, se tem desconto, depois se não lhe convier desiste deste, e passamos ao segundo e a história repete-se. Haja pachorra!

- o Sr. das sextas-feiras (o homem da rádio) - Gosta de fazer as compras à sexta-feira. É um senhor muito culto e simpático. Costumamos falar...imaginem de política, isto porque este senhor, tal como a maioria das pessoas (eu incluída) está indignado com a actual situação do país.

- o Sr. do jornal "o público" (Black Tie) - Compra sempre este jornal, é muito simpático e calmo,  é um cliente diário.

- o casal amável - Um casal de velhotes muito bem aperaltados, culto, simpático. Gosto imenso da maneira como eles me tratam. O senhor quando chega á caixa diz: "desculpe, vir mais uma vez dar-lhe trabalho". É tão educado, e está sempre a pedir desculpa, que até me faz rir.

- o senhor provérbios - antes ia muito à minha caixa, agora tem outra preferida, mas de vez em quando lá vai e é sempre muito amável. Continua a ir às compras de bicicleta, e por isso tem uma forma especial (que nem todas sabem) de levar as compras embaladas!

- a mãe - tem filhotes da mesma idade que o meu filho e costumamos falar...dos nossos filhos!

- O Mr. Bigodes - Está sempre a falar do meu livro, a chamar-se escritora, agora trata-me por Agatha Christie. Sempre bem disposto.

- a velha e simpática senhora do vinho - isto porque leva sempre vinho, mas faz sempre questão de dizer que não é para ela ( vá-se lá saber porquê).

- outro casal simpático - a senhora trata-nos sempre tão bem e é amorosa.

- uma senhora já velhota, compra muitas vezes uvas. Outra querida!

- o senhor do palito na boca - anda sempre com um palito na boca e faz questão de mostrar.

- a franjinhas - entra muda e sai calada, mas sempre correta!

A operadora não pode atender familiares na sua caixa

Não podermos atender pais, marido, irmãos, filhos, namorado, etc., na nossa caixa, é uma norma da empresa. Acredito que seja assim na Sonae e em todas as empresas concorrentes do ramo. Há dias, estava a atender uma colega minha que levava o filhote, e  disse-lhe " mostra lá um sorriso à tia!" Na verdade eu não sou tia do menino, mas é um hábito que tenho com as minhas amigas, chamar-mos sobrinhos e tias no nosso ciclo de amizades. No momento deste episódio fiquei com a sensação que alguém ficou com dúvidas, pois vi um olhar focado em nós. Mas como nada me disseram, deve ter sido apenas impressão minha!

 

Ainda assim, acho que é melhor não usar estes termos, pois não quero confusões!

 

Cenas familiares passadas na hora das compras...

 

Faz parte deste blog contar cenas passadas com os clientes que passam na linha de caixas no hipermercado onde sou operadora. É no meio desta monotonia que é o meu trabalho que assisto a episódios, por vezes engraçados. Este que hoje vou falar foi protagonizado por um casal e seus dois filhos(um casalinho). Á medida que eu ia passando os artigos os dois irmãos de 9 e 11 anos iam discutindo um com o outro. A mãe só dizia "calem-se que já não os posso ouvir" e era isto de manhã. Eles continuavam a agredirem-se verbalmente. Então eu disse: "então  não era suposto serem amigos?" Então em coro eles responderam: "é sempre ele(a) que começa!". O pai não dizia nada e a mãe tinha um ar exausto e cansado... Penso cá para mim que aquela senhora ao fim do dia deve estar de rastos...