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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

Era assim tanta a vontade de se exibir de forma propoente, desrespeitando os outros!?

Uma senhora com duas crianças, avó moderna, chique, deixa alguns artigos dentro do carrinho e passa com as crianças e os outros artigos para o outro lado. Eu ainda não tinha concluído a conta da pessoa que estava a atender. Quando lhe digo que ainda tem coisas no carrinho que não colocou no tapete, ela responde: "não tenha medo que eu não vou roubar nada! Não vê que estou com duas crianças!? Já lhe dou as coisas!"

É isto tipo de pessoas, que se acham importantes, mas são  arrogantes, soberbas! Então,  a criatura tinha alguma coisa que estar a passar para o outro lado quando a outra pessoa ainda não tinha saído, e, ainda por cima,  com artigos dentro do carrinho!? Não consegue dar conta, cuidar e ter controlo,  de duas crianças e fazer compras de forma respeitosa, ao mesmo tempo? Qual era a intenção!? Qual era a pressa!? Vive na civilização ou na selva!?

Tantas pessoas que estão com crianças e não fazem tais figuras! Grande exemplo para estas crianças!

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Pessoas que estudam como contornar regras, de forma legal

Um destes dias, presenciei uma situação, que me fez pensar em como as pessoas conseguem arranjar estratégias para contornar as regras, fazendo parecer, que afinal, não estão a fazer nada de errado!

Uma mulher ia a avançar com o seu carrinho de compras para as caixas self-service. As caixas (ditas rápidas/automáticas) que existem, supostamente para quem tem poucos artigos, está com pressa, ou até porque,  não lhe apetece falar com a operadora. Está lá uma sinalética que proíbe passagem de carrinhos. Vi uma colega dizer à senhora que ali não dava com carrinho.

Depois assisti lá do meu lugar à cena: a pessoa retirou as coisas do carrinho, levou os artigos , não sei como, lá para o chão ao lado da caixa self, deu a volta e estacionou o carrinho no lado da saída (corredor de passagem), ou seja, fora do espaço das selfs, encostado junto à última self. A disposição deste lugar no "meu" continente é diferente da imagem que aqui está, por isso não sei se o leitor me consegue entender.

Então, a pessoa ia registando e colocando os artigos diretamente no carrinho, fazendo várias contas. Várias vezes bloqueava o  sistema e lá tinha de chamar o assistente. Sem exagero, eu atendi uns 10 clientes, e aquela pessoa lá naquele compasso.

Fez bem a coisa:  várias contas com poucos artigos e  não passou lá com um carrinho de compras. O tempo que lá esteve a ocupar o lugar, não interessa nada, porque estava na vez dela, e a fazer tudo dentro dos conformes!

E eu a olhar para a situação, com vontade de lá ir chamar a senhora de chica esperta !

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Depois da pandemia, a selva!?

Havia filas, as pessoas estavam a fazer distanciamento, como é normal em maio de 2021.

Entretanto, um cliente deixa o seu cestinho vermelho na fila e passa pela frente da minha caixa sem pedir licença e dando um encontrão ao carrinho da pessoa que estava a atender, ainda  o tentei chamar , mas a pessoa seguiu caminho.

Cheguei a pensar que tinha tido uma emergência já que parecia ir direito à casa de banho, mas afinal, foi ao multibanco!

Continuo o meu trabalho , já estava com outros clientes, e a pessoa, novamente entra pela linha de caixas, ou seja em contra-mão, incomodando quem estava ali a ser atendido e a cumprir as normas.

Digo ao senhor que não pode andar ali a sair e a entrar pelas caixas e ele responde que já foi vacinado!

Agora é assim!? Os vacinados são selvagens!? É  que nem se trata de uma questão de vacinação, mas de boa educação! Com ou sem pandemia é um comportamento incorreto!

Quem me dera que as restrições acabem logo, para não ter de estar a cada dia a lutar para que se mantenha o distanciamento. Se nem a pandemia ensinou a pessoas a terem comportamentos mais corretos, mais nada os fará mudar de atitudes.

Mas será que depois da pandemia, as pessoas vão  ter comportamentos ainda piores do que tinham antes, e durante a pandemia!?

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Falta de bom senso...

Compreendo que houvesse motivo para festejar, mas estamos em tempo de pandemia, a comemoração poderia ter sido feita em outros moldes. Quem trabalha no atendimento ao público e tem de "lutar" todos os dias para que as pessoas cumpram as regras, que são tão importantes para afastar a pandemia, não pode ficar contente ao ver isto!

No meu ponto de vista, mais valia o jogo ter o público nas bancadas com um número restrito de espetadores, com distanciamento.   Tudo o resto era vedado e proibido ter alguém!

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Um aplauso para um cliente!

Uma cliente trás dois cestinhos daqueles vermelhos com artigos. Está a colar os produtos sobre o tapete, quando pergunto se precisa de saco. É quando se lembra que não tem sacos, mas também não quer comprar, e pede para ir à rua buscar um carrinho - os carrinhos estão no parque.

Como aparentemente, não estava muita gente,  lá foi buscar. Eu ia chegando os artigos para o fundo, para dar espaço. Chega um senhor, que percebe que eu estava sozinha. Entretanto a senhora lá chega, começa a colocar os artigos, o telemóvel toca. Pensei que como estava atrasada não ia atender, mas atendeu. E a partir daí, começou a arrumar as compras mais devagar. Eu já tinha registado tudo, aproveitei para limpar o tapete de receção de artigos.

Como percebi que a conversa não era urgente e para ver se a pessoa percebia que já estava a empatar demais, perguntei pelo cartão continente. Mas nem me respondeu. Perguntei em voz mais alta. Ela diz à outra pessoa que já lhe liga. Olha para mim e para o outro senhor e diz : "é impressionante como é sempre nestas alturas que os telefones tocam!" E a resposta do outro senhor, foi de louvar e  até de aplaudir:

O mais impressionante não são as alturas em que os telemóveis  tocam, o que impressiona é as vezes que as pessoas,   mesmo assim, os atendem!

Se pudesse tinha aplaudido de pé!

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E se respeitassem o acrílico!?

Um cliente  debruçou-se sobre o acrílico para chegar a uns frasquinhos de álcool gel, que estão num suporte à nossa frente. O normal seria ele pedir. Quando se debruçou cheguei-me para trás indignada, ao que ele ainda disse:  "não tenha medo"! Respondi:  "Este acrílico está aqui é para que não seja transposto, é para nossa segurança! O senhor só quem que respeitar!"

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A imagem que me veio à cabeça foi de um surfista numa prancha a deslizar. Já não chega atirarem com os artigos a bater no acrílico, ainda têm de vir eles próprios!

Eu já não consigo ficar calada, agora tenho de falar, sempre educadamente, mas tem de ser, não posso deixar passar, se não vão continuar a cometer os mesmos erros!

Será que nas outras lojas ou serviços  onde também há acrílicos as pessoas também acham que aquilo é para furar, para contornar, para invadir!?

Não somos máquinas, temos sentimentos

Gostaria que existisse uma câmara de filmar secreta na linha de caixas, que pudesse detectar tudo o que se passa na fila e no atendimento. 

E, ao ser revelado, o que ali acontece, ficariam de certo surpreendidos com as situações que ali se passam, com as palavras e  atitudes que quem ali está a trabalhar, e  a dar o seu melhor, tem de ouvir e suportar.

Hoje pedi,  a um senhor já na terceira idade, que se afastasse um pouco para a cliente que estava a atender, poder fazer o pagamento. E ele perguntou-me "mas  porquê!?" Expliquei que tinha de se afastar um pouco, para dar privacidade à cliente e para manter o distanciamento mínimo. E ele diz-me em voz bem alta "Distanciamento!? Tenha juízo, esteja calada!" 

Nós temos de tolerar isto? Está falta de respeito!? Estamos ali para  trabalhar e não para receber insultos!

Um dia salta-me a tampa e digo alguma coisa, que me vai prejudicar. E depois perco o meu trabalho. Mas há alturas que até as pessoas pacificas como eu, ficam cheias de tanta falta de civismo.

Trabalho este, que até há bem pouco tempo, era para mim um orgulho tê-lo e que me fazia sentir útil. Saía de casa sempre bem disposta para o ir realizar e nunca era um frete. Mas agora, em vez desta pandemia mostrar a solidariedade das pessoas, mostra mais a falta de respeito.

Será que as pessoas não pensam que estamos ali a cumprir ordens!? Será que não percebem que quando  fazemos um pedido ou se dizemos que não é de uma maneira mas sim de outra é porque a ordem vem de cima!? Porque ficam zangados e descarregam sempre em cima dos mesmos!? Devem de achar que gostamos de os contrariar.

Andam tão danadinhos para se andarem a roçar todos uns nos outros! Não chega o calor que está, ainda se fosse no inverno!

Haja paciência infinita!

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Situações que me indignam

Estou quase a acabar de atender uma pessoa, na fila e logo a seguir está um senhor de carrinho cheio, já a colocar as compras no tapete e atrás deste um cliente habitual, um senhor muito humilde, apenas com um artigo. Ele podia ter pedido a este senhor que colocava as compras no tapete se podia registar só aquele artigo, mas não o fez, ficou a aguardar.

 

Chega uma senhora com dois artigos e tipo furacão pergunta ao senhor do carrinho se podia passar. O senhor ainda disse " por mim pode, mas esse senhor também está na fila". Ao que ela responde: "Ah ele não se importa!" E o pobre senhor (invisível para esta senhora) de um só artigo, coitado, a assistir à cena admirado! Esta senhora merecia um abanão.... que  falta de respeito! Registei-lhe as coisas indignada! Foi o senhor do carrinho que disse ao senhor do único artigo que passasse também!

 

Eu resolvi não dizer nada, porque estou numa posição que tenho de me manter neutra, e fazer de conta que nem percebi, por vezes é a melhor opção! Apenas posso desabafar aqui!

 

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