Uma senhora com duas crianças, avó moderna, chique, deixa alguns artigos dentro do carrinho e passa com as crianças e os outros artigos para o outro lado. Eu ainda não tinha concluído a conta da pessoa que estava a atender. Quando lhe digo que ainda tem coisas no carrinho que não colocou no tapete, ela responde: "não tenha medo que eu não vou roubar nada! Não vê que estou com duas crianças!? Já lhe dou as coisas!"
É isto tipo de pessoas, que se acham importantes, mas são arrogantes, soberbas! Então, a criatura tinha alguma coisa que estar a passar para o outro lado quando a outra pessoa ainda não tinha saído, e, ainda por cima, com artigos dentro do carrinho!? Não consegue dar conta, cuidar e ter controlo, de duas crianças e fazer compras de forma respeitosa, ao mesmo tempo? Qual era a intenção!? Qual era a pressa!? Vive na civilização ou na selva!?
Tantas pessoas que estão com crianças e não fazem tais figuras! Grande exemplo para estas crianças!
Quando numa destas manhãs cheguei ao meu "continente" e vi que tinham retirado todos os acrílicos, a sensação foi de alivio e felicidade. Já não seria mais necessário falar a gritar!
No entanto, minutos depois de estar a trabalhar sem os acrílicos, já os desejava de novo!
Os clientes ficam em cima de nós, alguns até se debruçam à frente, outros tiram-nos os artigos das mãos antes de nós os registarmos, arranham-nos, invadem o nosso espaço, atiram as moedas para a nossa frente, não posso ter nem a caneta ali que mexem. Houve um senhor que eu tive de pedir para não me tirar as coisas das mãos porque não me deixava registar, ao que ele respondeu que não estava a tirar-me nada das mãos. Houve uma cliente que colocou o saco dela em frente ao meu scanner e registou-o de novo, pedi que se chegasse um pouco mais para o lado e respondeu "já chego, deixe-me só acabar aqui". Tento empurrar os artigos mais para o fundo, mas os clientes não saem de cima de nós! Faz-me aflição!
Caramba que não aprenderam nada com a pandemia, não perceberam que a pandemia tinha vindo para tornar as pessoas mais civilizadas, com hábitos mais corretos. Que invasão!
Nem que seja só uns centímetros, voltem a colocar uns acrílicos ou alguma barreira ali, por favor!
Um destes dias, estava eu a atender um dos últimos clientes do dia, quando este, tendo espaço atrás no tapete, atirou um artigo contra o acrílico. Pensei "oh estou quase a sair, não me vou estar a chatear"! Fingi que não vi. Entretanto, a pessoa repete atirando outra coisa. Respirei fundo, e voltei a não dizer nada! Mas à terceira disse. "Mas o que é isto!? Um cesto de basquetebol!?" Não sei se me percebeu! Pelo menos não repetiu a façanha!
Parece que na visão de algumas pessoas, há ali um cesto de basquetebol para incestar artigos!
Uma senhora de idade estava com a jovem neta às compras.
Todo o processo estava a correr muito bem, a neta foi muito pro-activa a ajudar a avó. Chega a fase do pagamento, e a velhota abre a carteira põe a máscara no queixo, pega numa maço de notas de 20€, cospe para os dedos e começa manusear as notas. Peço-lhe para colocar a máscara, vira-se para mim, e na maior descontração diz-me "e como é que quer que conte o dinheiro com a máscara"!? Como se o dinheiro só se pudesse contar daquela forma. É a neta que convence avó que tem de por a máscara.
Daqui se percebe que ainda há muita falta de comunicação, entendimento e cuidado em relação a esta pandemia. Do que adianta aquela senhora ter levado a máscara, ter provavelmente desinfetado as mãos à entrada, ter feito o distanciamento se depois fez umas das piores asneiras !?
Estou ainda a atender uma cliente, quando a cliente seguinte empurra o seu carrinho vazio até tapar a janela de pagamento do acrílico, espaço que era necessário para a outra pessoa fazer o pagamento. Peço-lhe para afastar um bocadinho e ela responde: "ah é só o carrinho que está aí , acho que não faz nenhum mal!" Virei-me pro outro lado, respirei fundo, chamei-lhe um ou dois nomes feios. Com a máscara e falando baixinho, ninguém percebe, mas alivia !
Entretanto atendo um senhor que quer ser ele a decidir como eu lhe registo as compras, porque já foi empresário e sabia muito bem a melhor forma de facilitar o cliente.
Mas será que esta gente acha que nós estamos ali só para implicar!? Acham que nos dá algum prazer ter de chamar atenção!?
Se cumprissem as normas, se lessem cartazes, respeitassem sinalética, distanciamento. Está tudo sinalizado e escarrapachado, nós não estamos a inventar nada. São normas não só da empresa, como também governamentais. Mas as pessoas gostam mais de questionar tudo, do que respeitar.
Se cada cliente fizesse a sua própria lei, isto seria a República das Bananas!
Continuo a achar que devia ser proibido atender e fazer chamadas desde que começam a colocar os artigos no tapete até ao pagamento e retirada dos artigos/sacos do tapete de saída, a não que seja alguma coisa urgente, ou apenas para dizer à outra pessoa que está do outro lado, que agora não pode atender.
Um destes dias, uma senhora ia colocando os artigos no tapete com uma mão e com a outra segurava no telemóvel e falava descontraidamente com alguém. Avisou-me que tinha três contas. Termina uma conversa desliga, paga uma das contas, novamente o aparelho toca e a senhora volta à lentidão. Começo a stressar e pergunto se posso colocar as coisas no saco, diz que não, porque tem se separar as coisas. É que ainda se dá ao luxo de andar com picuinhiches a arrumar as coisas. Quero avançar para a outra conta, mas ela continua ao telemóvel e a ignorar-me. Lá desliga, mas logo a seguir, faz ela uma chamada.
Uma pessoa perde a paciência, desta vez ninguém se queixou na fila, mas uma vez, numa situação igual (só não estávamos em pandemia) um senhor me disse que a empresa não devia permitir que atendessem o telemóvel, até falou num país que tinha mesmo um sinal de proibido.
No continente, há vários procedimentos onde se tem de usar o telemóvel, tais como a aplicação, cupões, o continente pay, por isso é complicado proibir o uso, mas podiam proibir as chamada e/ou a utilização para outros fins.
Aqui há uns dias alguém me disse, que com este cenário do vírus, parecia que alguém tinha andado a ler os meus posts e tinham implementado algumas das minhas ideias, nomeadamente a do espaço entre pessoas, a sinalética no chão. Ao que eu respondi "nem todas, falta uma, a de proibirem que se atenda e faça chamadas desde o momento em que começam a colocar as compras no tapete, até à conclusão do atendimento!"
Está sempre a acontecer! Um dia destes uma senhora tinha de pagar €26, deu-me os €20, o telemóvel tocou atendeu, eu disse " falta os €6 e ela disse "pode aguardar um momento!?" Ao que eu respondi "Não, isto é para circular, estão pessoas à espera." Vai ela diz à pessoa da chamada para esperar, deu-me o dinheiro e entre dentes disse "com que então não podia esperar"! Ignorei, conclui, despedido-me cordialmente, mas com vontade de...bem não vou dizer!
Tenho aqui partilhado o facto de a maioria dos clientes estarem a aceitar bem as normas de prevenção, tanto para funcionários como clientes.
No entanto, há sempre exceções à regra. Hoje quando vi o cliente seguinte a colar-se ao anterior, pedi que não avançasse ainda e ele responde "não se preocupe que eu não vou pegar nada a ninguém"!
Assim se pode ver que ainda há alguma falta de informação. Tentei explicar, mas logo percebi que não ia resultar. Ainda houve alguém a dizer que com a idade as pessoas tinham mais dificuldade em entender.
Entretanto, um outro cliente, talvez pela mesma idade disse " mas isto não é novidade, já no tempo dos nossos avós, apareceu uma coisa parecida, era a pneumónica, foi em 1918/19 e morreu muita gente, só naquele tempo, não havia informação!"
Porque achei curioso, até memorizei a palavra, para ir pesquisar. Se calhar até dei essa matéria na escola, mas com o tempo, esqueci.
E assim são as nossas conversas na fila do supermercado!