As pessoas estarem na fila, coladas umas ás outras, sem respeitar o espaço do outro, e o da operadora de caixa, sempre foi, e é, uma situação que me incomoda.
Até parece que gostam de se encostar, de espreitar o que o outro está a embalar, de bisbilhotar o código do multibanco. Qualquer dia andam ás cavalitas uns dos outros, só para estarem mais colados!
Já houve situações de a pessoa empurrar o carrinho e bater no outro. Ontem mesmo chamei a atenção de uma cliente, e ela respondeu que se tivessem mais caixas abertas, isso não acontecia. Ora ontem, e naquele momento, estavam várias caixas abertas, e nem havia filas.
Por vezes, o cliente está tão em cima de mim, que quando tem tosse, levo com os gafanhotos!
Quando estávamos em contexto de epidemia, as pessoas, pelo menos inicialmente, tinham esse cuidado!
Afinal parece que o COVID 19 não fez com que as pessoas tivessem melhores hábitos!
Hoje, a uma determinada hora, o supermercado encheu de gente. As filas eram grandes, as pessoas estavam impacientes. Tinham pressa!
Uma senhora ainda jovem, mas com uma canadiana para se apoiar, veio até mim, perguntar se tínhamos uma caixa prioritária. Disse-lhe que eram todas prioritárias, podia ser atendida em qualquer uma. Vi que as pessoas começaram a reclamar. Então, eu disse à senhora que mal acabasse os clientes que estava a atender a poderia atender, mesmo vendo desagrado nas pessoas que estavam a seguir.
A senhora prioritária, disse-me que, na opinião dela, mais valia termos uma caixa exclusiva de prioridade, como era antes, em alguns supermercado. Depois contou-me que já era a terceira caixa a que vinha, e apontou para uma caixa e disse " nem imagina as coisas horríveis que as pessoas me disseram ali. Eu tenho um papel com a incapacidade que tenho, custa-me imenso estar de pé, mas ninguém me quis ouvir. Eu já só venho uma vez por mês, porque é sempre assim." Então eu disse à senhora que entendia, que ainda havia alguma falta de civismo nesta área. Então sugeri à senhora a segunda feira, quando não calha ao dia 8, para vir às compras (porque ela questionou qual o dia mais calmo). A senhora disse, que tinha ido hoje, porque foi ao médico, porque só sai de casa para ir ao médico, pois, também está com uma depressão.
Fiquei cheia de pena da senhora. A situação mexeu comigo.
Mas no meio de todo este episódio, os clientes que tinha atendido antes, uns miúdos novos, brasileiros, ajudaram a senhora a embalar as compras, foram de uma grande empatia e generosidade. A senhora até disse que a ajuda, por vezes, vem de onde menos se espera.
A senhora que tinha reclamado, ao assistir ao episódio, também pediu desculpa.
Parece que esta lei da prioridade, ainda não está bem. Ainda deve de haver algo que se possa fazer, para melhorar. Quem tiver esse poder, essa capacidade, que dê alguma sugestão a quem pode tratar do assunto!
Se não der para mudar as regras da prioridade, algo que possa mudar a mentalidade das pessoas...
Há uns dias atendi uma cliente, tinha vários cartões do continente,e que tendo vários cupões, tinha de fazer várias contas. Até aqui, a situação é completamente normal.
O problema foi que a senhora tinha um carrinho cheio, e não retirou os artigos todos para cima do tapete, ia tirando conforme ia fazendo as contas. Houve até vezes em que já tinha retirado várias coisas, mas como queria fazer um total de 20€, e ainda sobrava produtos, voltava a colocá-los dentro do carrinho. Andava ali num tira e mete. Então, eu disse que podia deixar os artigos em cima do tapete e ela respondeu "eu é que estou a pagar, faço como eu quiser"!
Houve até clientes que não tiveram paciência para esperar, e mudavam para outras caixas. Uma outra cliente disse "se fosse toda a gente assim, estávamos bem tramados!"
É impressionante, como há pessoas que não têm qualquer problema em empatar os outros, até parecia que a senhora era a única cliente ali, e que o supermercado estava vazio!
Como já aqui disse, apesar de existirem clientes mais desafiantes, gosto do que faço, pode parecer um trabalho ás vezes monótono, mas há sempre situações caricatas, que nos despertam, que nos incomodam, que nos ensinam alguma coisa, e até que nos dão vontade de fugir...
Há uma senhora, que até é educada e simpática, mas que para mim, é a empata filas, pois quer venha sozinha ou acompanhada, tem quase sempre a tendência de empatar, ou porque se esquece de alguma coisa, e deixa os artigos no tapete e desaparece, ou porque tem de ir buscar um carrinho, ou porque se esqueceu de imprimir cupões, ou porque está na conversa e não me responde ás perguntas. Enfim...
Desta vez já tinha pago e tinha os sacos sobre o tapete quando lhe toca o telemóvel. Decide atender, encostar-se e não retirar os sacos que estavam a ocupar todo o tapete de saída, impedindo que eu atendesse os clientes seguintes.
Ainda aguardei alguns segundos, mas ela continuava no corte e costura da sua conversa. Até que o cliente seguinte lhe diz já um pouco impaciente e com toda a razão: "importa-se de retirar os sacos daqui, que as pessoas estão à espera!" Ao que ela responde, achando-se no direito disso "olhe, educação e boas maneiras nunca fizeram mal a ninguém!"
A pessoa ainda acha que os outros é que tinham de esperar pacientemente ela acabar o telefonema, para terem o espaço livre para serem atendidos! É caso para dizer "mas que grande lata!"
Agora já não existem, para oferta, aquelas moedinhas de plástico, para as pessoas tirarem os carrinhos de compras. Certamente, alguns de nós ainda temos uma ou outra, mas com a redução do plástico, não vão fabricar mais.
Pelo menos no continente modelo onde trabalho já há carrinhos que apenas estão encaixados, mas que é só puxar, não é preciso nem moedas reais, nem moedas de plástico.
Por um lado é bom, é menos uma preocupação em achar moedas, ou ter de trocar dinheiro, mas por outro lado, as pessoas largam os carrinhos em qualquer lado, porque já não têm que encaixar para recuperarem a sua moedinha!
Já é habitual as pessoas andarem sempre com muita pressa, e nesta época, a pressa ainda aumenta mais .
Quando tenho clientes com mais idade, tento sempre ter o cuidado de andar ao ritmo do cliente, e ajudar no que for preciso, principalmente, quando são aqueles clientes castiços, e simpáticos.
Um senhor, estava a fazer o pagamento com multibanco, mas estava atrapalhado, então eu estava a explicar ao senhor devagarinho, como ele tinha de fazer, e o cliente que estava a seguir disse "tanto conversa"! Ao que eu respondo "mas, o senhor está na vez dele! "Responde ainda:" pois é, mas eu estou cheio de pressa!"
Não respondi, ignorei, e prossegui . E o velhote ainda pediu desculpa a este!
Uma senhora com duas crianças, avó moderna, chique, deixa alguns artigos dentro do carrinho e passa com as crianças e os outros artigos para o outro lado. Eu ainda não tinha concluído a conta da pessoa que estava a atender. Quando lhe digo que ainda tem coisas no carrinho que não colocou no tapete, ela responde: "não tenha medo que eu não vou roubar nada! Não vê que estou com duas crianças!? Já lhe dou as coisas!"
É isto tipo de pessoas, que se acham importantes, mas são arrogantes, soberbas! Então, a criatura tinha alguma coisa que estar a passar para o outro lado quando a outra pessoa ainda não tinha saído, e, ainda por cima, com artigos dentro do carrinho!? Não consegue dar conta, cuidar e ter controlo, de duas crianças e fazer compras de forma respeitosa, ao mesmo tempo? Qual era a intenção!? Qual era a pressa!? Vive na civilização ou na selva!?
Tantas pessoas que estão com crianças e não fazem tais figuras! Grande exemplo para estas crianças!
Uma cliente andava só de um lado pro outro, julguei que estava com a senhora que eu estava a atender, pois estava justamente frente ao terminal de pagamento automático, parecia que tinha estado a ver o registo dos produtos e ia ser ela a pagar!
Digo o total a olhar para ela, e ela fica a olhar para mim sem pestanejar. A dona, por assim dizer, da conta, diz que estava a ver se a senhora lhe queria pagar a conta. Percebo que afinal não estavam juntas. Peço à intrusa/emplastra para dar licença. Ela ainda responde: "faça favor" , mas não se mexe, nem saí do lugar. Eu digo "tem de se afastar um pouco, e ela ainda responde: "está aí muito espaço!" Respondo: "Mas esse espaço não lhe pertence, pertence à pessoa que está a ser atendida, e ela tem o direito de pagar a conta sem que a senhora veja o código secreto do cartão!"
Lá se afasta de trombas. O tempo que a estive a atender, só lhe disse as palavras que um robô lhe diria!
Certamente, esta pessoa, não tinha a intenção de espiar o código da outra cliente, certamente é só totó e incivilizada!
Aqui há uns anos, talvez no inicio de começar a trabalhar neste supermercado, havia uma placa a dizer saída sem compras, agora já não existe.
Muitas vezes, os clientes ficam sem saber por onde sair quando não compraram nada, porque não há uma indicação, e porque em alguns supermercados a saída é pela linha de caixas. As pessoas que estão a ser atendidas têm que se desviar, para o cliente sem compras passar!
Embora, a maioria das pessoas nem reparem nem respeitem indicações, cartazes ou informações, se calhar fazia falta. Quando as pessoas perguntam, logo respondo. Também, por não saberem ou por influência de outros supermercados, vão com cuidado e pedem licença, mas a maioria nem pergunta, empurra quem estar a ser atendido e passa!
Voltei a este assunto, porque vi recentemente um cliente sem compras a esbarrar na cliente que estava com o carrinho encostado ao tapete, não havia ali espaço para passagem, mas a pessoa quase atirou com a senhora ao chão e saiu sem pedir pelo menos, desculpas!
Um destes dias, ainda a cliente que estava a atender não tinha arrumado uns dois ou três produtos, quando a cliente seguinte coloca o seu saco em cima dos produtos da cliente anterior e diz-me para lhe registar os seus produtos. Eu digo "espere só um bocadinho"! A senhora dos produtos tem de pedir licença para alcançar os seus produtos. A outra diz "mas tenho esperar porquê, estou com pressa!" Eu digo que é uma questão de civismo e que ela está a ocupar o espaço que ainda não está livre.
Ela responde "somos todos cívicos, passe lá os artigos, que eu tenho pressa"! A outra senhora diz "deixe lá , é o pais que temos, cada vez as pessoas estão piores"! E foi embora desanimada!
A senhora diz-me "vá deixe lá isso, não se enerve"! Ao que eu respondo"pois nem vale a pena, se nem uma pandemia civilizou as pessoas, quem sou eu!"
Acho que ela ficou sempre a achar que ela é que estava certa!