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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

Os velhotes impacientes

Se um dia alguma entidade resolver fazer um estudo para saber qual a faixa etária, que no supermercado,  mais reclama,  mais desespera na fila...em suma que mais dá nas vistas. Vejam se não são os mais velhos! ?

 

Hoje então, o dia 10 do mês,  foi um dia de os ouvir a toda a hora a pedirem mais caixas abertas, prioridade sem realmente necessitarem dela, falta de maneiras a falarem connosco... não deveriam de levar a vida de forma mais tranquila, visto que agora não têm, certamente, horários rigorosos para cumprir!?

 

Felizmente não são todos, mas são uma grande parte, acreditem...

 

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Tempo de esperança na política!?

Noto que há uns tempos para cá, as pessoas estão mais optimistas em relação ao futuro. Já não ouço falar tão mal do governo, como no tempo do Sr. Passos Coelho. Nessa altura, as pessoas pareciam não ter esperança em melhores dias. Só se falava de crise, de sacrifícios.

 

Agora, aos poucos, as pessoas começam a mostrar mais confiança. Estão mais contentes com este novo senhor. Dizem que ele veio dar mais ânimo às pessoas, que aos poucos está a restabelecer a ordem.

 

Mesmo assim, numa conversa, num dia, houve um senhor que disse "espero é que não venhamos a pagar a fatura deste período". Ao que outro senhor respondeu " até pode ser que sim, mas este tempo de ânimo, de esperança já ninguém nos pode tirar, mesmo que dure pouco tempo, é bom"!

 

Em relação à reposição dos feriados, a satisfação é notória. As pessoas dizem ao retirarem os feriados, só revoltaram os trabalhadores, só perderam a produtividade, e nada ajudou o país, apenas ajudaram os ricos empresários.

 

Enfim, neste oficio onde me encontro todos os dias, consigo fazer uma espécie de estudo de opinião sobre alguns assuntos, pois ouço as pessoas, não só quando falam comigo, mas também, quando  falam entre si na fila. Sim, porque estar na fila não é só uma seca, pode também ser tempo para dois dedos de conversa.

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“Entre a Casa e a Caixa”

Hoje gostaria de vos falar de um livro da autora Sofia Alexandra Cruz, licenciada em Sociologia e Ciências Sociais. Não li o livro mas tive conhecimento da sua existência. Sei também que já tem alguns anitos. Este livro intitula-se: “Entre a Casa e a Caixa”. A informação que tenho é que este livro foi baseado num estudo feito a um grupo de mulheres e o seu enquadramento da vida social e profissional. Um dos capítulos incide sobre o retrato das trabalhadoras da linha de caixa de uma grande superfície.

 

È facto que se para um grupo de mulheres trabalhar fora de casa concede-lhes alguma autonomia económica e isso é para elas muito importante, para outras a actividade de caixa de supermercado é uma alternativa enquanto não aparece nada melhor. No primeiro caso estão as mulheres mais velhas e casadas, no segundo encontram-se as mais jovens, as que ainda estudam e as que tendo terminado os estudos encaram a opção como sendo passageira enquanto não aparece nada melhor.

 

Como já referi este livro já tem alguns anos (2001) e creio que as coisas neste campo já melhoraram um pouco, já que o livro parece focar os aspectos menos bons deste universo de trabalho, ainda assim deixo um apanhado transversal do universo estudado podendo ter-se a seguinte leitura:

 

-71% das trabalhadoras trabalha a tempo parcial;
- 15% ocupa o part-time de 12 horas aos fins-de-semana, sendo estas maioritariamente jovens entre os 19 e os 24 anos;
- 29 % trabalham 40 horas semanais (a mão-de-obra mais antiga);
- 53% tem entre o 10º ano e a frequência universitária, uma escolaridade acima da média da dos restantes trabalhadores da mesma empresa que desempenham outras funções. De notar que na maioria dos casos, as mulheres que frequentam o ensino universitário ocupam horários a tempo parcial, nomeadamente aos fins-de-semana;
- 39 por cento é jovem, com idades entre 19 e 24 anos;
- 41 por cento tem situam-se entre 25 e 30 anos e são solteiras;
-  Metade das inquiridas possui entre o 4º ano e o 9º ano de escolaridade

 

  Nos nossos dias assiste-se a uma ilusão de flexibilidade.
Por um lado exige-se a polivalência, sempre implícita a este tipo de cargos, e, por outro lado, se a versatilidade de horários permite a opção do trabalho por turnos, a permanente mudança de horário leva a situações de acréscimo de trabalho ou à exigência de cumprimento de horários que não são compatíveis com as vivências familiares de algumas dessas mulheres, o que instaura situações de ansiedade e angústia, uma situação que se percebe melhor quando do universo estudado pela autora se verifica que 46% das mulheres são casadas.

 

(Queria deixar assente que obtive estas informações na revista Recensio)