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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

Ai, valha-me Deus, que não chega!

Estou a atender uma simpático e bem disposto velhote, que vai arrumando os seus artigos diretamente no carrinho, porque tinha deixado os sacos na viatura!

A dada altura começa a olhar preocupado para o ecrã, e  diz: "Ai, valha-me Deus, que não chega"! Nesse momento, fico na dúvida se continuo a registar ou  se pergunto ao senhor alguma coisa. Também fiquei preocupada.

Quando termino o registo, peço o cartão continente, pergunto se tem algum cupão e se quer número de contribuinte na fatura.

O senhor disse-me que não sabia se tinha dinheiro que chegasse, e eu disse, "então vamos lá contar". Contei todas as notas, moedinhas...Faltava pouco, cerca de quase dois euros, e como o senhor tinha várias latas de atum de primeira marca, apenas anulei uma. Pediu desculpa, e eu disse-lhe que não havia problema. O senhor foi de uma simpatia, que eu retribui.

Mas custa-me imenso estas situações! Infelizmente não se pode ajudar muito mais...

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Levar as compras sem pagar, não pode ser...

Há dias, um casal de idosos quando ia pagar as suas compras com o cartão multibanco, aparece a mensagem de cartão expirado.

Vejo que o cartão tinha acabado em abril e já estávamos no meio de maio. Perguntei se não tinham recebido um cartão novo. O senhor queixa-se do carteiro que agora só lá vai uma vez por semana. Pergunto se não nem outra forma de pagar, diz que não!

Começa a ver o dinheiro que tem e está longe de chegar. Explico o caso à minha colega, porque parecia que os clientes achavam que o problema era nosso e que nós é que tínhamos de o resolver.

Entretanto, a minha colega pergunta aos senhores que querem que guardemos as compras enquanto vão a casa buscar dinheiro. E o senhor responde imediatamente: " ir a casa e voltar, isso é que não!" E continuam ali à espera! A minha colega diz-lhes: "pois mas assim, como deve compreender, levar as compras sem pagar, também não pode ser!"

Foi nessa altura que o senhor deixa lá a esposa com as compras e vai ao carro, e não sei como arranja o dinheiro!imagineJPG56.jpg

O coronavírus: covid -19

O tema do coronavírus fala-se por todo o lado. Trabalhando num supermercado, de vez em quando, lá surge o assunto.

Há pessoas muito assustadas, há  pessoas que desvalorizam o assunto, há ainda quem brinque com a situação.

Confesso que estou naquela de tentar  não entrar em pânico, mas estar alerta, ser cuidadosa. Ontem  tossi uma vez, coloquei o cotovelo como sempre e a cliente disse logo "olhe o vírus"!

Nas notícias ouvi que o dinheiro por andar de mão em mão pode trazer todo o tipo de vírus e baterias. Diziam para lavarmos as mãos depois de mexer no dinheiro, ou para evitar manusear dinheiro vivo e usarem mais cartão multibanco.  Ora  o meu trabalho, é muito mexer em dinheiro, não posso andar a lavar as mãos assim tantas vezes! E uma pessoa leva as mãos ao rosto mesmo sem querer, é inevitável, nem damos conta!

Sinceramente só quero que isto se resolva, que isto acabe. Jamais imaginei que em pleno séc. XXI pudesse acontecer algo assim, tão trágico. É tão injusto!

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Os velhotes e o dinheiro

Um casal de velhotes, para pagar a conta, cujo valor era cerca de 110 euros, vai-me dando uma a uma, notas de vinte, e cada vez que me dava uma, o senhor esfregava bem a nota com os dedos, ainda me dizia "veja bem, se não são duas, podem ir coladas!"

 

Eu compreendo bem a preocupação deles, o dinheiro com certeza que não abunda e é preciso cuidado, por isso não levei nada a mal, nem quando me pediram para recontar...

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É mais fácil apontar a falha e culpar os outros

Uma senhora assim que começa a colocar os artigos no tapete,  fala sozinha primeiro qualquer coisa que não entendi e depois diz-me que a sua conta não pode passar dos €20 porque não trouxe o multibanco.

 

A conta já está quase a chegar aos €30, mas com os descontos imediatos nos produtos dá pouco mais de €18, fico descansada, achando que assim a senhora ainda levava troco. No entanto, a senhora diz-me que assim não pode ser. Depois mostra que tem um cupão de €5 para usar em compras de €20. Concluo, que afinal, ela não podia gastar mais de vinte euros não só porque tinha ou  não queria, mas também porque queria usar o dito cupão.

 

Então pergunta-me:

 

Cliente: - E agora o que é que eu vou levar para chegar aos €20?

 

Eu: - A senhora é que sabe o que precisa. Eu ponho a conta em espera e a senhora vai ver!

 

Cliente: - Eu apanho já aqui alguma coisa, não é  preciso por a conta em espera!

 

E no espaço de um minuto, chega com um frasquinho de água micilelar!

 

A conta chega aos €21 euros. Usa o cupão, acumula cinco euros no cartão. Quando lhe entrego o talão, diz-me:

 

Cliente: - Pois, fez-me ir buscar uma coisa à parva, que eu nem uso!

 

Fiquei a olhar e nem lhe respondi, porque se respondesse era para lhe chamar alguma coisa feia! Esta senhora quando chegar a casa se o marido lhe perguntar porque comprou aquele artigo, é bem capaz de dizer que foi a operadora de caixa que a obrigou a comprar!

 

Haja paciência!

 

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Quando o dinheiro falta aos velhotes

Estou a atender um velhote, pergunto se precisa de saco, ele responde que precisa, mas que primeiro tem de ver se o dinheiro chega. Quando digo o total constata que o dinheiro não dá para pagar tudo, como levava duas manteigas, diz-me para anular uma. Não sobra dinheiro para o saco e ele não tem como levar tantas coisas nos  braços. É aí que uma senhora da fila, me dá dez cêntimos para pagar um saco ao senhor. Eu fico aliviada, e o velhote agradece à senhora!

 

Não é nada fácil assistir a estas situações, com velhotes e principalmente em bens necessários, e perceber como o dinheiro de alguns, deve ser tão pouco...

 

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Nós, os pobres...

Um cliente engana-se no código do multibanco quando está a fazer o pagamento. Diz-me que vê mal, e pede-me para ser eu a marcar o código e diz o  código em voz bem alta. Primeiro eu disse que não  podia marcar,  mas ele insiste e repete o código. Preocupada eu aconselho-o a não dizer assim o código a toda a gente. Resposta do senhor. "Deixe lá que não levava mais do que 15 ou 20 mil euros, não ia muito longe"! Fiquei surpreendida. Parecia que estava a gozar com os pobres. Como se 15 ou 20 mil euros não desse para fazer tantas coisas.

 

Quisera eu ter esse valor na minha conta!

 

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Espaço meu e vosso

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Tenho menos tempo para dedicar a este espacinho, pois tenho mais tarefas para fazer. Tenho a caixa de email cheia, peço desculpa se tenho demorado ou falhado nas respostas. Eu leio tudo, mas, por vezes  não consigo responder logo.

 

Tenho recebido alguns pedidos para  parcerias e para fazer publicidade. Nunca foi objetivo deste blog, ganhar dinheiro com ele. Apesar de já por duas vezes,  em 2012, creio, ter feito publicidade para o continente e ter ganho alguma coisa, mas foi um caso isolado, e porque, foi para o  supermercado continente , e assim  tinha a ver com o tema, em que o  blog estava  enquadrado.

 

Muitas vezes pedem-se para fazer textos a publicitar uma marca que nada tem a ver com o blog, por exemplo uma sapataria, uma loja informatica. Ora onde é que o assunto se enquadra com o blog? Claro que o podia fazer, ninguém me impede, mas não me apetece... é claro que até me dava jeito receber uns euritos extras, mas quero manter-me fiel ao meu propósito inicial e ao qual já me dedico há quase nove anos. Quero escrever sobre o que eu quiser, e não ser um pau-mandado. Quero continuar a chamar este espaço de meu, ou vosso e não deles!

 

Eles que não me levem a mal, mas este blog, vai continuar a ser, apenas um blog de uma operadora de caixa e o seu universo!