Não é por trabalhar ou conhecer melhor o continente, que tenho a opinião que é dos melhores supermercados, nomeadamente a nível de organização.
Há supermercados onde pedem aos clientes que coloquem todos os artigos sobre o tapete, todos mesmo todos! depois há outro onde, os garrafões não precisam de tirar pro tapete , e, até os mandam recolocar no carrinho, caso os clientes os tenham tirado, além dos garrafões qualquer outro artigo volumoso ou pesado, fica dentro do carrinho. Não acho uma boa táctica, já vi um artigo passar entre garrafões e packs de leite. O sistema do continente é mais seguro, pois nós pedimos sempre um artigo para multiplicar e verificamos bem o interior dos carrinhos!
Outra coisa, no continente somos nós que registamos os sacos de plástico e os mesmos estão ao nosso lado. Noutros supermercados, os clientes é que os tiram e quando chegam à registadora, como saberá a operadora se são trazidos de casa ou novos!? Também há um supermercado em que já não os têm e que a pergunta "vai precisar de algum saco?", já não se aplica!
Nós no continente, só temos um separador do "cliente seguinte", noutros supermercados, talvez porque o tapete é mais comprido, há vários!
Também são as operadoras que passam o cartão continente, em outros há uma maquineta onde é o cliente que passa! Por norma perguntamos no fim do registo se o cliente tem o cartão cliente!
Também é no fim do registo que colocamos o número do contribuinte na fatura, há supermercados onde os clientes podem dizer no inicio ou no meio do registo.
A saída sem compras, no continente é pelo local onde entrou, e não pelas filas a passar roçando nas pessoas que estão a ser atendidas, incomodando o atendimento.
No continente, ou em alguns continentes, a padaria, não tem selfservice, são as colaboradoras que colocam o produto na embalagem, pode se perder tempo, mas é mais higiénico, porque assim não andam todos a mexer no pão, porque nem todos os clientes usam luvas ou a tenaz para retirar pão ou bolos!
Depois, é o sistema de multibanco, também é diferente de loja para loja, nuns tem contact less, noutros não tem, nuns tem de encostar mais acima, em outros, mais ao centro!
Deveria ser uma norma universal, os clientes mostrarem os sacos vazios que trazem de casa, porque quando peço, e faço-o sempre educadamente, há clientes que ficam ofendidos! Se fosse um hábito comum, seria um momento mais tranquilo!
Por isso é normal que os clientes fiquem baralhados. Seria muito melhor se as regras e procedimentos fossem universais, mas também entendo, que o que os torna diferentes, seja o motivo da escolha de alguns clientes!
Estava eu numa caixa ao fundo da loja, onde há cerca de dois anos, era a entrada para o supermercado.
Estava distraída com o atendimento, e com os clientes que estava a atender, não dei por um grupo de pessoas chegar até perto de mim, porque julgavam que seria ali a entrada. Só dei por eles quando começaram a falar alto, de modo agressivo, zangados por a "porta" não abrir. Ora não existia ali porta alguma, apenas um vidro.
Apanhei um susto enorme. Entretando lá houve alguém que percebeu que a entrada, era no inicio da loja por onde eles já tinham passado. Era um grupo grande com mulheres, homens, crianças e até bebés. estavam quase todos vestidos de preto, com as mascaras e as roupas sujas, notei até pelo menos uma senhora tinha um trapo branco a servir de máscara.
Depois de andarem por dentro da loja, mesmo sem os ver, ouvia-os da minha caixa, falavam, ralhavam, as crianças choravam. Uma parte deles foi para a minha caixa e a outra para outra caixa. Na minha caixa com o carrinho que tinham davam cacetadas no carrinho do cliente que estava à frente, ainda tentei chamar atenção, mas ou não ouviram ou não quiseram saber, mas tive receio de insistir.
Quando começo a registar um homem pergunta-me se posso lhe trocar uma nota de €50, digo que não. Saiu para ir trocar a nota e ficou uma senhora com um bebé no colo, mais duas crianças pequenas. Uma das crianças derramou sumo para cima do tapete. Conforme eu ia registando a senhora ia atirando os artigos para dentro do carrinho, sem cuidado, nem critério. Partiu os ovos, e partiu uma caneca, um pão saiu do saco, mas não quis saber, deixou até o chão pingado do ovo. Uma das crianças que devia de ter uns 5 anos, lindo de olhos azuis, tinha narizito ranhoso, mostrou-me uma moeda de um euro e apontou para umas carteiras de legos e perguntou se eu lhe vendia aquilo por um euro. Lá lhe disse que não chegava.
Entretanto chega o homem com um maço notas e paga. Saíram cheios de pressa, a ralhar e os miúdos a barafustar!
Eu não quero ser mal interpretada, mas se estas pessoas, tiveram um comportamento diferente, fizeram-se notar, deixaram-nos com receio. Não é uma questão de racismo ou de xenofobia, não quero estar com queixas, mas para que todas as pessoas, culturas, etnias, religiões, sejam vistas por igual, também deveriam ter, um comportamento adequado nos lugares que frequentam, porque mesmo sendo um grande grupo, não estavam ali sozinhos.
Se todos os clientes fossem em família ás compras, a fazerem aquele espectáculo, seria normal e já estaríamos habituados, mas felizmente não é assim. Porque se estão em grupo na sua comunidade, podem ter o comportamento que faz parte da sua cultura, mas se querem ser vistos como iguais em sitios publicos não se comportem de modo diferente!
Devido a uma situação, em que estou a tender um senhor de fato e gravata, que me parecia ser um milionário, penso, "vou oferecer selos para colecionar copos, quando este senhor, já deve ter copos de cristal em casa que nunca mais acabam?" Ocorreu-me o seguinte pensamento: no atendimento ao público, devemos atender todas as pessoas de maneira igual? A resposta mais óbvia seria "claro que sim". Mas, analisando bem, acho que não. E não porquê? Porque as pessoas não são iguais, não têm as mesmas necessidades, os mesmos gostos. Claro que expliquei a campanha a este senhor e ele levou a caderneta e um selo, certamente só o fez por educação.
Depois há aquelas pessoas que gostam de trocar dois dedos de conversa, e há outras que não estão para conversas, apenas querem pagar e sair dali com as compras. Há aquelas que precisam de tempo para arrumar todos os produtos a a seu jeito e gostam que nós registemos os produtos mais devagar, e há as outras que arrumam "tudo ao molho e fé em Deus" e querem é rapidez. Outro exemplo, não posso atender um velhote com problemas de se mover, da mesma forma que atendo uma senhora que veio a correr fazer umas compras na sua hora de almoço. Eu tento ajustar-me consoante a pessoa que estou a atender...
E isso não é estar a descriminar ninguém, acho que é apenas fazer um "atendimento personalizado"!
Alguns pais gostam de colocar os seus pequenotes no tapete rolante, como se de um carrossel se tratasse. Tenham cuidado, os pequenos podem se magoar. Não sei porque os pais insistem nesta brincadeira...
Costuma-se dizer que portugueses e brasileiros falam a mesma língua. Concordam? Começo a achar que há muitas diferenças. Como clientes, acho-os simpáticos, educados e parecem estar sempre de bem com a vida. Lembro-me de uma vez uma rapariga me pedir sacolas, lá tive de decifrar que queria sacos. Penso até que nós os entendemos melhor a eles do que o contrário. Talvez porque sempre vimos as novelas deles e isso deu-nos alguns conhecimentos. Chegamos mesmo a usar palavras originarias do Brasil.
Hoje um casal, absolutamente normal, com uma filha, chega à minha caixa e a mulher pergunta-me: " não tem empacotadores?" Eu pedi para repetir, e como continuava a não perceber, peguei no telefone e ia chamar o apoio, dizendo:"...por esse nome, não estou a ver, mas pode ser que essa coisa tenha outro nome"! Foi então que a cliente disse:" Coisa???? Mas é uma pessoa...como vocês falam...a pessoa que coloca as compras nas sacolas." Lá estava eu de queixo caído e ainda confusa. Foi então que a senhora me disse que no Brasil, tal como existe a operadora de caixa existe a função de empacotador, para embalar as compras dos clientes. Vocês sabiam disto? Esta função não existe em parte alguma do nosso país, pois não?