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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

Desabafos na fila do supermercado

No sábado estava uma Associação a pedir alimentos à porta do supermercado. Eu nem sabia qual era a Associação, mas é sempre a quem está na caixa que fazem perguntas (quem são/para quem pedem). Mas porque perguntavam às operadoras de caixa? Se os próprios voluntários, se identificavam!?

Muitas pessoas reclamavam de estarem sempre a pedir, eu lá as ouvia.... A dada altura, e a este propósito, começam a falar da crise, do governo, etc. É aí que uma senhora toda bem aperaltada, começa a falar mal dos políticos, chamando-lhes nomes bem feios. Entram todos em debate uns com os outros. E a fila ali um pouco empatada. Isto porque as pessoas já andam tão revoltadas que sentem necessidade desabafar, e uma fila de um supermercado pode ser uma boa oportunidade para o fazer!

Isto vai mal, vai!

 

A caminho da passagem de ano

Não sei se o facto de o movimento no supermercado estar  mais parado, do que na mesma altura no ano passado, só acontece aqui pelos lados onde trabalho, ou se é mesmo em todo o país. É que, se é mesmo geral, é preocupante...estamos mesmo numa crise muito grande! Sim eu sei, que estamos, que não é novidade alguma, mas é que por vezes, parece que a crise é só para alguns...

 

Ou então, como é típico do português...no dia 31 vai estar cheio!

 

Quando o dinheiro não chega

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Por vezes, depois de o cliente colocar as compras no tapete, diz-me :" Olhe quando chegar aos 10€ pare a conta que é o dinheiro que tenho!"

Apesar de ver esta situação acontecer algumas vezes, não consigo deixar de me afectar por ela, principalmente quando os artigos que têm de ficar, são bens essenciais!

 

As privações que a crise delimita

Estava a registar as compras a um jovem casal. Depois de eu registar uma caixa de preservativos, ouvi entre eles a seguinte conversa:

Ele: - Podias ter trazido mais uma caixa destas!

Ela: - Quanto mais se traz, mais se gasta!

Ele: - Não me digas que agora também vamos ter de poupar nisto!

Ela: - Olha que já faltou mais!

 

Eu nem olhava  para eles quando  ia registando, nem sei se eles perceberam que eu tinha ouvido a conversa. Eles falavam de uma forma tão natural. Realmente, a crise tem destas coisas: poupar em tudo!

 

 

Tiveram de deixar lá todas as compras

 

Um jovem casal com uma criança pequena chegam com o seu carrinho de compras à minha caixa. Eram essencialmente compras destinadas a um aniversário, pois havia bolos, sobremesas e até talheres, copos e taças descartáveis. Pedem também que registe uma bilha de gás. No final das compras, apresentam o cartão de pagamento continente. Escolhem uma modalidade dá "não autorizado", escolhem outra,  outra e outra ainda e o resultado mantém-se. Vão ao balcão de informação, vejo a supervisora telefonar.

 

Regressam á minha caixa e pedem que registe apenas o gás, mas nem assim o cartão deu. Tiveram de partir e deixar lá todas as compras.

 

Coitados, devem de se ter sentido mal com toda a situação, houve pessoas que perceberam a situação e até comentavam o facto de isto acontecer no inicio do mês e de supostamente já não terem dinheiro.

 

Enfim, com esta crise que anda por aí, é uma situação a que muitos de nós estamos sujeitos!

 

  

Era suposto, a cliente já ter o ordenado...

Uma jovem mulher chegou à minha caixa com uma caixa de fraldas e  dois outros artigos. A caixa de fraldas custava cerca de 23 euros. Acontece que o multibanco deu "não autorizado". Foi aí que a cliente disse: " se calhar ainda não recebi o ordenado, vim à confiança e nem vi o saldo. Eu vou ver o saldo. Posso deixar aqui as coisas um bocadinho?!" E assim foi, coloquei as compras em espera. A cliente voltou e disse que realmente ainda não tinha recebido. Apenas levou os outros artigos, cujo valor, nem chegava a cinco euros. Pediu desculpa, e mostrou-se  triste. Fiquei com imensa pena, pois eram fraldas, um bem essencial para quem tem bebés!

E acredito mesmo que  a cliente estivesse à espera de ter o seu ordenado já disponível, pois era dia 2. Espero que o patrão desta jovem cumpra rapidamente com a sua obrigação, e não se aproveite da crise para justificar a ausência do pagamento.

Tanto? A menina não se enganou?

A crise está cada vez mais saliente nos tempos que correm. Acontece demasiadas vezes, os clientes se surpreenderem com o total da despesa. E aquela frase a menina não se enganou é repetida vezes sem conta. Muitas vezes, eu própria estranho o total e confirmo o talão dos clientes. Acabamos por concluir que o resultado está mesmo certo!

A melhor alternativa para estes tempos são as marcas brancas. Ainda bem que o assunto já foi falado em programas e noticiários da TV, talvez assim as pessoas aceitem que as marcas brancas tem qualidade.

O exemplo que deixo a seguir é a diferença entre dois cabazes , sendo um deles de várias marcas e outro de marca branca. A diferença é notável!

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 Sigam este link e vejam a diferença...

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Das duas uma...

... ou a crise está mesmo instalada, daí o supermercado estar com um movimento mais fraco do que o esperado; ou como é típico do português,  deixaram tudo para o último dia. E aí sim, o supermercado vai ficar atolado de gente!

 

A crise

Ultimamente muitos clientes têm falado da crise. Ouço muitas queixas, histórias revoltantes de injustiças. Apesar de  tudo muitos clientes também dizem que este ramo (o retalho) é o que mais se aguenta, pois mesmo que não haja dinheiro para grandes luxos, para a comida sempre vai dando. 

Hoje uma senhora confessava-me que já não sabia mais onde poupar. E depois disse-me: " se calhar tenho de lavar a roupa à mão com sabão azul e branco como no tempo dos meus pais. É que gasto imenso dinheiro em detergente e electricidade, pois a família é grande e tenho sempre muita roupa para lavar!"

 

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Conversas na fila de espera...

 

Cliente a proposito do Natal para outra cliente  :" Este ano parece tudo tão murcho, não se vê aquele entusiasmo do natal, nem prendas, nem as luzes de noite, nem nada! Isto é tudo por causa da gripe! Andamos todos com medo!" 

 

 

 

Resposta: " qual gripe, qual quê, o povo não tem é dinheiro, é mais a crise que a gripe!"