Ao longo do dia, quer na rádio do continente, quer ao nosso som, a funcionária que está no balcão, vai pedindo aos clientes para respeitarem a sinalética, o espaço de dois metros entre pessoas e para serem breves nas compras, para permitirem a entrada de outras pessoas.
Estava uma colega a fazer o dito pedido, enquanto eu atendia uma senhora que estava com a sua mãe, era um momento até de acalmia. Entretanto a senhora mais nova (a filha) diz: "Vá mãe despacha-te, não ouviste!? Vão fechar para almoço e estão a pedir ás pessoas para saírem!"
Percebi logo que as pessoas nem prestem atenção ao que dizemos, elas ouvem o que lhes convém, ou o que acham por bem, o que lhes apetece. É impressionante!
Lá expliquei o que tinha sido dito, e que o continente não fechava para o almoço, como alguns supermercados na zona.
Olá a todos! Como têm passado nestes dias tão difíceis!?
Na rua , muitos estabelecimentos estão fechados, há poucas pessoas, e muitas dessas, usam luvas, máscaras, lenços ou cachecóis. Finalmente as pessoas estão a perceber que esta pandemia, que é o covid-19, é real, é muito grave, e estamos todos juntos no mesmo barco.
No supermercado, desde que foram tomadas novas medidas, a situação está bem melhor. Agora a entrada é controlada à porta, há um número de clientes dentro da loja, só quando alguém sai, outro alguém entra. Acredito que o mais aborrecido é mesmo ter de esperar na rua para entrar, mas a maioria das pessoas entende. E dentro do supermercado, nas filas para a caixa, há uma sinalética no chão, como eu sempre defendi, só que por outras razões, e o cliente seguinte só avança quando a operadora chama ou faz sinal. Chamamos, quando as compras do cliente que estamos a atender já estão quase todas registadas. Assim, nem o cliente atual nem o seguinte, estão próximos nem a operadora está cercada de clientes, já que as caixas abertas, são caixa sim, caixa não. Nas outras secções também existe a mesma sinalética no chão. Nós podemos usar luvas e gel desinfectante com álcool, alguns clientes também andam de mascaras e luvas.
Tem corrido bem, as pessoas respeitam, pois também já entenderam que as medidas são para o bem de todos. Acho que os portugueses estão mesmo a habituarem-se a uma nova forma de vida!
Uma senhora que levava dois maços de rolos de papel higiénico, fez questão de me explicar que um era para ela e o outro para a sua mãe, porque a senhora não foi aconselhada a sair de casa. A cliente até disse que vinha buscar os seus produtos do costume e que não levava mais que isso!
No entanto, notei alguns clientes a levarem carrinhos bem cheios ou até dois carrinhos, contas de duzentos e trezentos euros. Alguns disseram mesmo que se estavam a precaver para o caso de os obrigarem a ficar em casa.
Muitos clientes despediam-se amavelmente desejando-me saúde, que tudo corresse bem. Uma cliente que estava com a filha foi encantadora disse "e obrigada a vocês por estarem aqui para nós!"
Nem sei se agradeci devidamente, porque fiquei agradavelmente surpreendida. Pois são pessoas assim que nos fazem sentir bem, sentir úteis! A elas também a minha gratidão!
Deu nas noticias que, em virtude desta pandemia que é o covid-19, o continente poderia vir a abrir só ao meio dia e fechar ás 20 horas, mas cada loja poderia tomar a decisão mais adequada. Essa decisão seria para cada loja ter um “serviço razoável e ajustado às necessidades atuais da população, minimizando eventuais riscos de operação".
Com esta medida tenho algum receio que o aglomerado de gente se torne ainda maior, visto que as pessoas só terão aquele tempo, mas até pode ser que corra bem.
Na minha modesta opinião, de operadora de caixa, que vale apenas por uma, além de se implementar esse horário, sugeria que, tal como nas clínicas médicas particulares, houvesse uma marcação, pelo telefone de "visita ao supermercado" com data e hora marcadas, onde, dependendo do tamanho do supermercado, não estivessem mais de 10 ou 20 clientes ao mesmo tempo dentro do supermercado. Para isso funcionar teria de estar alguém na porta de entrada a controlar as entradas e saídas.
Também haveria um menor número de funcionários dentro da loja, teria de haver um plano onde nos fossemos revezando, e já agora, sem mexerem muito nos ordenados, porque as nossas despesas matem-se iguais.
Talvez assim, as pessoas só se deslocassem se a necessidade dos artigos fosse mesmo importante e urgente. Talvez também comece a haver necessitar de racionalizar alguns artigos.
Claro que seria uma situação temporária! Porque este coronavírus há de passar e havemos de voltar à normalidade.
Esta semana o caso começou a ficar realmente preocupante. As pessoas, andam a correr ao supermercado, a açambarcar tudo o que podem, como se a comida fosse acabar.
(Imagem retirada da internet e publicada por um cliente do continente)
Tem faltado algumas coisas, não porque não haja os artigos, mas porque não se esperava este açambarcamento, e é preciso repor, reforçar.
Hoje por exemplo, foi a loucura, ás 9:30h já as filas eram grandes, diminuiu um pouco à hora de almoço, mas se for como ontem, no horário pós laboral, volta a encher até se perder de vista o fim das filas.
Ainda se fosse como na greve dos combustíveis, que havia a hipótese de os alimentos não chegarem ao destino e ficarem retidos, mas não! Isto é um caso sério sim, devido ao contágio, não por se poder passar fome!
As pessoas disseram ter receio de os obrigarem a ficar fechados em casa e depois não terem nada para comer. Não acreditam que alguém lhes vá depois fornecer comida.
Então e o papel higiénico, perguntavam-se eles!? Isto vai dar em diarreia!? Não é por isso, diziam outros, é porque alguém disse para limparem as superfícies com um spray desinfetante com papel e depois meter no lixo! Então era para isso tanto papel!?
Uma senhora que me disse ter problemas de saúde, pensou levar máscara mas teve vergonha, e só foi comprar as coisas do costume, realçou que não fazer armazenamento.
Muitas pessoas ouviram as notícias sobre as praias de ontem (zona de Carcavelos) estarem cheias de gente, acusando as pessoas de inconscientes, desobedientes, porque os tinham dispensado da universidade/escola/trabalho para ficarem em casa e foram todos para esplanadas e praias. Enquanto uns vão pro supermercado esvaziar prateleiras, outros vão para praia desfrutar do sol! Fazer o que lhes foi pedido e recomendado, não! Talvez com vigilância policial...
Parece que o medo de passar fome é superior ao do contágio. É preciso calma, ter comportamentos adequados, principalmente de higiene e ouvir mais quem sabe, quem é profissional, do que os sensacionalismos da comunicação social, principalmente um determinado canal, felizmente é um canal por cabo e muitos velhotes não tem acesso.
Nós, que trabalhamos num supermercado também estamos muito expostos, temos um frasquinho em spray com álcool, para ir passando nas mãos e nada mais. Eu estou realmente preocupada, não só por mim, mas também pelos meus, aqueles com quem vivo. Para já ainda não tenho receio de ficar sem comida em casa.
A mensagem que ontem o jornalista Rodrigo Guedes de Carvalho da SIC deixou, tornou-se viral no bom sentido, por ser tão correta e sensata!
« Foi declarada oficialmente a pandemia. Permita-me recordar que nesta fase estamos todos no mesmo barco, não sabemos para onde vai, não sabemos qual a dimensão do perigo que espreita. Em Portugal, e até novas ordens, podemos fazer a nossa vida.
Mas com uma atenção suplementar: reduzir os nossos contactos físicos ao estritamente necessário, evitar aglomerações sempre que possível, manter uma higiene vigilante e respeitar o espaço dos outros.
É bom que os portugueses percebam que esta não é daquelas que se resolvem a pensar 'isto só acontece aos outros'. Dito isto, vamos manter a esperança e o animo porque a tempestade vai passar com a ajuda de todos nós, do país e do mundo.»
O tema do coronavírus fala-se por todo o lado. Trabalhando num supermercado, de vez em quando, lá surge o assunto.
Há pessoas muito assustadas, há pessoas que desvalorizam o assunto, há ainda quem brinque com a situação.
Confesso que estou naquela de tentar não entrar em pânico, mas estar alerta, ser cuidadosa. Ontem tossi uma vez, coloquei o cotovelo como sempre e a cliente disse logo "olhe o vírus"!
Nas notícias ouvi que o dinheiro por andar de mão em mão pode trazer todo o tipo de vírus e baterias. Diziam para lavarmos as mãos depois de mexer no dinheiro, ou para evitar manusear dinheiro vivo e usarem mais cartão multibanco. Ora o meu trabalho, é muito mexer em dinheiro, não posso andar a lavar as mãos assim tantas vezes! E uma pessoa leva as mãos ao rosto mesmo sem querer, é inevitável, nem damos conta!
Sinceramente só quero que isto se resolva, que isto acabe. Jamais imaginei que em pleno séc. XXI pudesse acontecer algo assim, tão trágico. É tão injusto!