Há um velhote, super castiço, que mesmo quando não vai à minha caixa, vai sempre meter conversa, vai principalmente falar do meu gato.
Há duas semanas lá foi ele dizer-me que vinha aí o frio e que eu tinha de fazer uma camisola para o gato. Então eu disse-lhe que infelizmente já não tinha esse gato. O senhor ficou comovido, disse-me que bem sabia o que custava perder um animal, quando se tem amor por eles, o senhor que sempre brincava, ficou sério!
Esta semana já lá voltou e mais uma vez, foi só meter conversa e desejar um bom dia, já não falou do gato!
Hoje o assunto do dia, foi a morte do cantor Marco Paulo. Apesar de muitos o saberem doente, não deixou de ser inesperado.
O assunto era abordado, principalmente, por pessoas na casa dos sessenta anos, e principalmente senhoras. No entanto, houve um senhor que também me falou no assunto, disse que tinha ouvido a noticia na rádio a caminho do supermercado.
É que até podia haver pessoas que não gostavam do género de música ou da pessoa em si, mas todos o conheciam, todos se lembram, do Marco Paulo, dos caracóis, do seu estilo ao segurar no microfone e mudar de mão para mão, da sua passagem pela Guiné na tropa, na guerra colonial, do seu afilhado, das milhares de fãs que sempre o acompanhavam.
Uma senhora, levava uma revista em que ele era capa, mas que tinha saído antes da morte, e mais uma vez falamos um bocadinho sobre ele.
O Marco, foi realmente um marco na história da música em Portugal. Parte o cantor, ficam as canções!
O dia do reformado receber a sua reforma é o dia 8, mas também se estende ali a 9 e 10. Aqui há uns tempos era a dia 10.
É um dia que gosto muito. Gosto dos velhotes castiços, a maioria são simpáticos, querem contar coisas, fazer desabafos, conversar até de trivialidades. É preciso alguma paciência é certo, porque há momentos em que temos de abrandar, dar espaço, dar tempo, mas acho que consigo dar conta do recado, com tranquilidade! É sempre bom rever, certas caras, que só vão nestes dias, porque é quando o "patrão" lhes paga!
Há vidas difíceis, reformas pequenas, mas eles acima de tudo, mostram carinho e afeição por nós!
Há um cliente, o Sr. Aranha que acredito que precise de meter conversa, quer seja para reclamar de alguma coisa, mesmo que seja exterior ao supermercado, quer seja para contar alguma história.
Ele não é daquelas pessoas de fácil trato, é até um pouco chato, mas tento ter paciência, porque certamente não deve ter quem o ouça.
Pela terceira vez, contou-me a mesma história, sobre uma máquina de café que comprou no continente. Diz que tinha uma, pensou que estava avariada, comprou outra e depois percebeu que a outra estava boa e agora tem duas. E leva dois tipos de café, um para cada uma das máquinas, e depois ainda fala sobre se é ou não bom beber muitos cafés! É mais um monologo!
Enfim, vou aguardar pelas próximas aventuras das suas máquinas de café!
Estou a atender um senhor, [ na casa dos 60 anos] que pretende descontar o saldo do cartão continente. Digo ao senhor : "para descontar o saldo tem que colocar um código, sabe qual é!?" Ao que o senhor responde: "sei, é o 19**!" Eu logo muito rapidamente digo: "não é para dizer, em voz alta, era para o senhor colocar aí ..."
A senhora, cliente seguinte, que estava a colocar as compras no tapete, riu-se. Também esboço um sorriso, mas digo-lhe "acho que a culpa é minha, fiz mal a pergunta!" É então que o senhor, diz :" não se preocupe, também não é uma fortuna que lá esta!" Mas eu reitero ao senhor que nunca se deve dizer códigos a ninguém, nem em voz alta!
Quando o senhor saiu, falamos sobre a ingenuidade das pessoas e sobre o facto de escolherem datas de nascimento para códigos, por ser logo o que quem tem má intenção , vai experimentar!
Estou a atender uma casal, ambos simpáticos e alegres.
A dado momento dizem-me ser pais de um colega. Quando me dizem o nome, olho para a senhora e vejo logo traços desse colega, então digo "ah e ele parecido consigo!" O senhor olha para mim e responde: "então e não é também parecido comigo?" Ups, fico ali por breves momentos em silencio, até que a senhora me diz, que ele também gosta de ouvir, que o filho é parecido com ele!
E foi mais um momento de boa disposição, com clientes divertidos!
As crianças são mesmo especiais. E com a sua pureza e doçura, são capazes de transformar os nossos dias!
Estava a atender uma senhora com a sua filha que devia de ter uns 4 ou 5 anos. A menina apresenta-se dizendo o seu nome! Eu disse-lhe que ela tinha um nome muito bonito e que também ela era linda e simpática! Então ela perguntou-me como eu me chamava. Respondi.
Diz-me ela: "És parecida com a Elsa"! Ao que eu pergunto: "Que Elsa?"
Ela diz : "Da Frozen!"
Talvez porque eu estava a usar uma trança! Para mim foi um elogio! Deixou-me emocionada! E despediu-se de mim calorosamente!
Foi quando estive uns dias afónica que tomei noção do quanto precisamos de falar. Estas são apenas algumas frases quase obrigatórias, depois também faz falta a dita conversa de circunstância, se não, parecemos uns robôs, é a conversa que mais gosto, quando o cliente e a situação o permite!
Devo ressalvar, que neste supermercado a nossa revista magazine, se vende tão bem, que nem é preciso solicitar!
O que não é fácil "vender" , para mim, são os vales, mas há quem o consiga fazer. Nem todos conseguimos ser bons em todos os pontos!
Os sacos para os congelados, são, no meu ponto de vista, aqueles que agora, as pessoas, mais trazem de casa!
Também temos de pedir trocos, é essencial, para que não faltem moedas e principalmente notas de €5!
Uma cliente falava de todas as situações que tinham surgido nos últimos tempos e que nos tinham afectado de alguma forma, fosse em perda de liberdade, fosse em aumentos dos preços dos produtos, fosse pelo medo e pela negatividade que nos trouxe.
E em relação à pandemia, dizia ela, que no inicio, se dizia que seria para tornar as pessoas com hábitos melhores, mais higiénicas, mas civilizadas, mais solidárias. Mas que, parecia não ter feito esse efeito.
E ao ouvir isto, lembrei-me de uma história, que se terá passado mesmo antes de Cristo, que conheci não só pelas escrituras, mas também porque vi num filme épico, na Páscoa...
Para convencer o faraó a libertar o povo hebreu da escravidão, Deus enviou 10 pragas, as conhecidas 10 pragas do Egipto.
Agora estas novas pragas (as pragas do SEC. XXI) que estão a surgir, qual será o objetivo? Haverá algum? Ou é tudo acidental!? Pois não sei...