Uma cliente habitual levava o seu carrinho bem recheado. Levava carne, peixe, marisco, bacalhau, e outras coisas mais. Conversa puxa conversa, e ela diz-me que algumas de nós são como família para ela, pelos anos de convivência, o que me deixou emocionada!
Quando vejo o total, o valor passa dos quatrocentos euros. Não era um resultado habitual, então enquanto a senhora terminava de embalar, fui puxando no ecrã para ver se me teria enganado e repetido alguma coisa ou multiplicado mal, alguma quantidade.
Quando digo o total à senhora, a resposta foi : " ai não pode ser, deve de haver algum engano, nunca gastei tanto assim no continente!" Preocupada voltei a verificar, mas com a pressão de ter pessoas em espera, não dava tempo para confirmar um a um todos os registos. Então, eu pedi à senhora que confirmasse tudo, e que, se alguma coisa estivesse mal registada, viesse falar comigo.
A senhora entretanto desapareceu do meu ângulo de visão, foi certamente arrumar os produtos ao carro.
Daí a momentos, chega até mim, com o talão na mão. Pensei logo, que certamente tinha cometido algum erro.
Mas não! A senhora veio ter comigo, apenas para me dizer, que não ficasse preocupada, pois estava tudo correto!
Mais um episódio com os clientes "multiplica que só complica"!
A pessoa trazia algumas latas de um paté para gato, um produto que conheço muito bem. Então a pessoa colocou uma lata sobre o tapete disse que eram 15, até vinha tudo baldeado! Perguntei se era tudo do mesmo sabor e a pessoa responde que estava tudo no mesmo sitio e era tudo o mesmo sabor.
Ficou logo mal disposta de eu ter saído da caixa e ter ido averiguar. Tal como era de esperar havia três sabores diferentes, que eu agrupei e retirei mais duas latas, para melhor contabilizar. A pessoa ficou ainda mais zangada , disse que eu estava a complicar, que ninguém fazia isso. Expliquei que depois na logística as coisas não batiam certo, mas nada mudou o humor daquela pessoa.
Por vezes, as pessoas trazem arroz ou açúcar em quantidades de 10, por exemplo, mas trazem tudo em montinhos que é fácil de contabilizar, multiplicando, mas há outras pessoas que trazem tudo ao "molho e fé em Deus", e querem que nós apenas marquemos o que nos dizem, sem confirmarmos. Como se aquilo que faz parte do nosso trabalho, fosse estar a desconfiar deles.
É por estas situações que os clientes multiplica que tiram do sério! Produtos leves e em pequenas quantidades, é melhor ir tudo para cima do tapete!
Uma senhora assim que começa a colocar os artigos no tapete, fala sozinha primeiro qualquer coisa que não entendi e depois diz-me que a sua conta não pode passar dos €20 porque não trouxe o multibanco.
A conta já está quase a chegar aos €30, mas com os descontos imediatos nos produtos dá pouco mais de €18, fico descansada, achando que assim a senhora ainda levava troco. No entanto, a senhora diz-me que assim não pode ser. Depois mostra que tem um cupão de €5 para usar em compras de €20. Concluo, que afinal, ela não podia gastar mais de vinte euros não só porque tinha ou não queria, mas também porque queria usar o dito cupão.
Então pergunta-me:
Cliente: - E agora o que é que eu vou levar para chegar aos €20?
Eu: - A senhora é que sabe o que precisa. Eu ponho a conta em espera e a senhora vai ver!
Cliente: - Eu apanho já aqui alguma coisa, não é preciso por a conta em espera!
E no espaço de um minuto, chega com um frasquinho de água micilelar!
A conta chega aos €21 euros. Usa o cupão, acumula cinco euros no cartão. Quando lhe entrego o talão, diz-me:
Cliente: - Pois, fez-me ir buscar uma coisa à parva, que eu nem uso!
Fiquei a olhar e nem lhe respondi, porque se respondesse era para lhe chamar alguma coisa feia! Esta senhora quando chegar a casa se o marido lhe perguntar porque comprou aquele artigo, é bem capaz de dizer que foi a operadora de caixa que a obrigou a comprar!
Olá a todos, espero que este Novo Ano seja pleno de alegria, paz, amor, saúde, emprego, dinheiro, equilíbrio e tudo de bom para vós!
A história que hoje conto, ainda se passou no ultimo dia do passado ano de 2010. O dia 31 foi novamente um dia de muito movimento, apesar das filas não terem ficado tão grandes como as da véspera de Natal. Estava a atender um grupo de jovens, que certamente iam passar o réveillon juntos e tinham decidido fazer as compras juntos e a meias. Achei graça porque um deles ficou a ver o écran, e ia dizendo em quanto ia a conta. Duas raparigas embalavam os artigos, e outros dois iam colocando as coisas no tapete. Pareceu-me que iam colocando primeiro as coisas mais necessárias e depois consoante o valor da conta iam colocando os artigos menos necessários. Estavam tão animados e felizes. No final da conta, estavam a ver com os telemóveis quanto é que ia calhar a cada um. Depois um deles pagou e disse que iam fazer depois as contas. Ainda os observei a juntarem e repartirem o dinheiro. Achei tão bonito este episódio. Tão novinhos, mas ao mesmo tempo tão responsáveis.
Lá estava eu atendendo um casal média idade com o seu carrinho de compras bem recheado. A mulher ia colocando as compras e o marido perguntava " para que é isto?" esta situação repetiu-se algumas vezes. No final da conta entreguei o talão á senhora. O marido num gesto quase brusco tentou tirar-lhe o talão e a esposa segurava com força. Começavam a ralhar e a chamar nomes um ao outro. O homem disse " se pagasses as compras com o teu ordenado, não gastavas tanto..." Cheguei a temer que se iam agredir, pelo menos um empurrão levaram! Gostava de ter filmado aquela cena e colocá-la no youtube, mesmo que fosse com as caras tapadas.