Costuma lá ir um senhor que me recordo de o ver lá como alguém bem disposto e de saúde. Mas agora, com o avançar da idade, ou apanhado por alguma doença, apesar de fisicamente parecer bem, noto que está debilitado. Atrapalhado, esquecido, mas se me ofereço para ajudar a embalar as compras não aceita, deve achar que me ofereço por ele estar a demorar , mas não é isso, nós ajudamos mesmo, seja quem for.
Tenho de ir pelo passo dele, devagar, devagarinho, mas é mesmo assim, eu tenho paciência (este senhor faz-me lembrar alguém muito próximo, que já não está entre nós), quem está na fila tem de compreender. Quando o senhor finalmente saiu da minha caixa, uma senhora que o conhece disse que aquela debilitação lhe chegou de um dia para o outro, e disse, que ainda por cima, tem a esposa acamada. Outra pessoa da fila, disse que mesmo assim ele ainda conduzia e que já o tinha visto fazer uma rotunda ao contrário!
É triste assistir a estas situações, saber das dificuldades destas pessoas, a velhice não tem de ser assim!
Estava a atender um velhote, já muito debilitado fisicamente, que me diz logo à partida que só tem 7 euros, e que se passar do valor deixa ficar as bananas. Havia mais pessoas na fila, que pareciam também estar a torcer para que o dinheiro chegasse. O velhote levava bens essenciais, tipo leite, pão, legumes, fruta.
Quando digo o valor, que pouco passava dos cinco euros, o velhote responde em tom de suspiro: "ah, graças a Deus"! Eu digo: "ainda sobrou para um cafezinho", ao que ele responde, que já não bebe café.
Depois pede se alguém lhe pode levar o saco ao carro. Ficamos assim a saber que aquele velhote ainda conduz. E isso é preocupante, e até perigoso, pois o sr até pode ser cuidadoso e conduzir devagar, mas falta-lhe talvez sentido de orientação, e perspicácia para alguma situação inesperada que possa acontecer na estrada. Mas enfim, se calhar, tem mesmo de o fazer, por não ter outra opção...
Este episódio que hoje conto, faz lembrar aquela frase :"se conduzir não fale ao telemóvel". Chega uma senhora à minha caixa com o seu carrinho cheio, a abarrotar de artigos. Vai colocando os artigos com uma só mão, porque a outra está a segurar o telemóvel. Depois de encher o tapete, e ainda ao telemóvel passa para o outro lado com o carrinho ainda com artigos. Digo-lhe que não pode passar porque ainda lá tem bastantes artigos. Pede desculpa pela distração e vai de novo para o sitio certo. Continua a conversa e distraidamente volta a passar com o carrinho para o lado de saída, volto a fazer o reparo. A senhora até pediu desculpa e reconheceu o seu erro/distração. Mas eu já estava pronta para uma terceira vez!
Lá entende que o telemóvel lhe está a atrapalhar o raciocínio e desliga. Entendem porque escrevi aquela frase logo no inicio? Porque estarmos ao telemóvel e a fazer outra coisa ao mesmo tempo, não é uma boa opção. Nem conduzir e estar ao automóvel, quer seja a falar, a enviar mensagens ou a navegar, nem estar na caixa a tratar das compras. Mas, pelo menos na caixa o perigo é menor...só que dá para compreendermos o quanto nos afeta fazer as duas coisas e tirar uma grande lição!
Costuma ir lá um cliente, que talvez devido à avançada idade denota um certo ( sem ofensa) desequilíbrio. Treme muito, esquece-se das coisas, atrapalha-se, ouve mal. Enfim, mas só desta ultima vez percebi que ele conduz, pois não sabia da chave do carro.
Fiquei a pensar, como é que alguém nestas condições ainda conduz? Põe em risco não só a segurança dele , como a dos com quem se cruza. Será que a família não tem noção disto? Já imaginaram alguém assim na estrada? É preocupante!