À saída do supermercado continente onde trabalho, há um sinal de transito que nos obriga a virar à direita. Ora para quem quer seguir para dentro do Cartaxo, ter de ir dar uma volta enorme à rotunda, é chato, mas é um dever. Quantas vezes já saí em cima da hora para algum compromisso, e, me dava tanto jeito ir logo em frente!? Mas não o faço!
Acontece que já por diversas vezes quando vou a sair, vejo clientes a sair do parque e a transgredir o sinal, e penso para comigo: " se estas pessoas nem um sinal de trânsito, cujo incumprimento dá multa respeitam, como hão de respeitar as regras e a sinalética do supermercado!?"
Daí concluo que mesmo que o não cumprimentos das regras desse multa, as pessoas iriam continuar a não as cumprir!
Um cliente debruçou-se sobre o acrílico para chegar a uns frasquinhos de álcool gel, que estão num suporte à nossa frente. O normal seria ele pedir. Quando se debruçou cheguei-me para trás indignada, ao que ele ainda disse: "não tenha medo"! Respondi: "Este acrílico está aqui é para que não seja transposto, é para nossa segurança! O senhor só quem que respeitar!"
A imagem que me veio à cabeça foi de um surfista numa prancha a deslizar. Já não chega atirarem com os artigos a bater no acrílico, ainda têm de vir eles próprios!
Eu já não consigo ficar calada, agora tenho de falar, sempre educadamente, mas tem de ser, não posso deixar passar, se não vão continuar a cometer os mesmos erros!
Será que nas outras lojas ou serviços onde também há acrílicos as pessoas também acham que aquilo é para furar, para contornar, para invadir!?
Há dias positivos, tranquilos, onde tudo até corre bem, na medida do possível, mas há outros com situações e pessoas que nos cansam...
O nariz fora da máscara, o teimar em não fazer o distanciamento, o não respeitar o acrílico e a sinalética, o estar ao telemóvel no momento de finalizar o atendimento ou mesmo durante o mesmo, o passar pela linha de caixas, sem compras e incomodando quem lá está, enfim...
Exemplos:
Estava ainda a atender uma cliente, quando uma outra passa pro outro lado, digo-lhe que não pode passar enquanto ainda ali está uma pessoa, ao que me responde: "Não vou passar, vou só deixar os sacos"! Ao que eu digo: "Pois, mas não pode!"
O tapete de recepção dos artigos, nem sempre o consigo limpar a tempo, mas o tapete de saída, limpo quase sempre, a não ser que esteja limpo e não seja necessário desinfetar. Então, eu tinha-o limpo antes de uma cliente chegar. Quando acabo o atendimento, havia lenço de papel amassado e senhas de quando as pessoas vão ás secções, padaria e charcutaria. Digo à senhora "olhe deixou ali uns papeis" Ao que ela responde "isso não é meu". Respondi: "curioso, que eu limpo sempre o tapete antes do cliente chegar e não estava aqui nada!" Ainda assim, foi embora e não tirou de lá aquilo. Lá fui pegar naquilo com um saco transparente a servir de luva para colocar no lixo!
Um cliente, na fase do atendimento, quando o telemóvel toca, desce a máscara para falar. Digo-lhe que tem de colocar a máscara. Por acaso este, até se desculpou e disse que se distraiu...
Noutra situação, uma senhora, sem compras, saiu pela linha de caixas, deu um encontrão ao senhor que eu estava atender, nem "com licença", nem um pedido de desculpas. Não tinha nada que sair por ali, ainda a chamei, e a resposta foi: "Que é foi!? Não levo nada!" Vale a pena!? O senhor que eu estava atender até disse: "É o país que temos, ninguém respeita nada!" Sim, porque há pessoas que respeitam e que também ficam indignadas com estas situações!
Depois de dias assim, precisamos de mais do que dois dias de folga e seguidos, mas, claro, não é possível! Era preciso sim, mais pessoal!
Felizmente, o que temos direito, dá para descomprimir e regressar de novo pronta para esta "guerra"!
Eu sei que andamos todos fartos e cansados deste vírus, de regras, mas por favor, enquanto têm de esperar nas filas, olhem à vossa volta, há cartazes, há panfletos, mensagens, sinalética, pedidos, tudo para que as coisas funcionem melhor!
Nós até nem exigimos, por exemplo, se tiver dez garrafões de água que os coloquem todos sobre o tapete, basta um, mas se forem artigos pequenos, é mais fácil de controlar assim...
Os clientes não gostam que façamos o pedido para ver os sacos que trazem de casa, mas é um pedido legítimo, que está assinalado. Se não os querem colocar no tapete, mostrem o fundo, não passem com os sacos em balão, dentro uns dos outros!
Tudo tem uma razão de ser, e quem não deve, não teme!
Um senhor está ao telemóvel, e vai colocando as compras com uma mão e segurando o aparelho com a outra, levando mais tempo, além de não me responder se quer saco, e, aparentemente não tendo onde colocar as compras. Já estão outras pessoas na fila.
Prossigo e pergunto se tem cartão continente. O senhor tapa o som do telemóvel, pisca-me o olho e diz "espere terminar só esta chamada porque o cartão continente está na aplicação!"
Alguns hábitos errados que tive esperança que a pandemia corrigisse ou melhorasse:
Para abrir os sacos as pessoas lambiam o dedo na boca - diminuiu mas não foi totalmente erradicado!
Para contar notas, também lambiam os dedos - ainda se pratica, mas muito menos.
Os clientes sem compras passarem pela linha de caixas, causando incomodo a quem está a ser atendido porque tem de chegar o carrinho, quando podiam sair pela saída sem compras - infelizmente mesmo com a pandemia, ainda o fazem!
Era só quando já estavam a ser atendidos na caixa, que se lembravam de ir imprimir os cupões, quando passam pela máquina à entrada - continua igual, e empatam os outros.
Esquecem-se dos sacos no carro, e deixam-me a operadora em piloto automático para os irem buscar - ainda acontece demasiadas vezes!
O cliente seguinte ficar atrás da pessoa que estava a marcar o código do multibanco - felizmente este hábito foi quase totalmente erradicado.
Entregar artigos pesados em mão pela frente à operadora - Com o acrílico lá, a situação melhorou, mas ainda há um longo caminho a percorrer.
Estarem encostados ou mesmo em cima uns dos outros, tipo sardinha em lata - devido à nossa insistência, tem melhorado, mas se nós (funcionários) não estivermos, atentos, aproveitam logo para se encostarem. Não se entende o porquê! Será do frio!?
Os clientes andavam sempre cheios de pressa e sem paciência para esperar nas filas - no inicio, até estavam mais tolerantes e compreensivos, mas entretanto durou pouco, já voltaram as rivalidades.
Os clientes nunca ligaram aos cartazes com indicações e sinalizações (só avistam os das promoções) - no início da pandemia ainda procuravam ler, agora já não lêem nem o que está pendurado, nem o que está ao nível dos olhos, nem tão pouco o que está no chão.
Quando está alguém prioritário fingirem que não a estão ver - por algumas vezes já vi generosidade , mas pouco, porque o pessoal está sempre com pressa (nas filas, porque nos corredores é um passeio higiénico).
O açambarcamento inicial - não sei se passou ou se tem picos. Pelo menos o papel higiénico está tranquilo, agora é mais a comida!
Quando termino o atendimento a um cliente e chamo o próximo, aparecem logo três pessoas adultas e uma velhota. Educadamente peço-lhe para aguardar um pouco, porque ela própria tinha os seus artigos. Ela responde "ah esta gente é minha, não faz mal"! É aí que o neto responde " mas tens de respeitar, avó"!
Isto tudo para dizer, que mesmo em pleno 2° confinamento, as pessoas continuam a ir às compras em grupo, e os velhotes não ficam em casa, mesmo os que têm quem lhes faça as compras!
Mesmo com o acrílico, com a tudo sinalizado, mesmo avisando no som do supermercado, na rádio continente, muitos clientes não aceitam ou não respeitam as regras.
As pessoas simplesmente não querem ouvir, não querem ler, nem os cartazes que estão pendurados, os panfletos que estão mesmo ao nível da sua vista, ou mesmo os autocolantes que estão no chão.
A fase do "ah não sabia, para a próxima já sei!" - Já não faz sentido! Mesmo porque damos conta das mesmas pessoas a cometerem os mesmos abusos, com as mesmas desculpas!
Primeiro se pedíamos para pagar pela janela do acrílico, perguntavam se o vírus por ali não passava. Como a dita janela é tão apertadinha, deixei de fazer pressão para que a usem!
Por vezes até atiram artigos por cima do acrílico. Se pedimos para colocarem os artigos atrás da zona verde para haver mais distanciamento, protestam! Se há um vidro à frente para não entregarem os produtos em mão, ou para não colocarem os artigos transpondo o acrílico, quando há espaço mais atrás, porque insistem nisto? Dão cada traulitada no acrílico, que andam para deitar aquilo a baixo. Ainda reclamam do acrílico estar ali. Se está ali é por um motivo: para que não o transponham!
Até podem achar que vos dava jeito que registássemos primeiro as coisas pesadas, para colocarem logo no carrinho, mas se não as colocarem logo no inicio, terão de ter paciência e colocá-las no fim e arranjarem forma de deixar um espaço ou outra solução. O tapete rolante existe para facilitar a vida ás pessoas, e, trazer os artigos pesados até nós sem esforçar a coluna, é uma delas, aliás para nós e para o cliente. Se bem que cada cliente só teria de se esforçar para entregar o seu artigo uma vez, enquanto o operador teria de fazer essa tarefa, vezes sem conta por dia. Se a empresa tem a preocupação de permitir ao funcionário que tenha saúde e segurança no trabalho, porque vamos nós fazer o contrário!?
Quando atendo um "negacionista" , tento sempre arranjar bons argumentos, mas eles já têm respostas para tudo, do tipo "vamos todos ter o covid, para quê tanta coisas?"
Eu sugeria este cartaz, como já o deixei há uns tempos na caixa das sugestões da empresa. Certamente não o iam ler, à primeira vista, mas sempre daria para nós apontarmos para ele!
Já aqui tenho escrevido sobre o facto de muitos clientes não quererem respeitar regras, desta vez, quero relatar sobre as inquietações dos clientes, porque também gosto de os ouvir e tentar perceber. E muitas vezes eles têm as suas razões. E ninguém gosta de esperar e toda a gente vai ao supermercado com muita pressa!
O que mais eles perguntam
"Porque é que há caixas fechadas quando há tantos clientes nas filas?"
"Porque é que estão três pessoas na frutaria, quando faziam mais falta aqui nas caixas?"
"Porque anda aí tanta gente de um lado pro outro nos corredores e não as põem nas caixas?"
"Porque é preciso fazer barulho, para que chamem mais alguém para as caixas"!
Claro que para todas estas questões existem respostas. Para o cliente o tempo de chamar mais alguém para a caixa pode parecer imenso porque estão à espera, para quem lá está é o tempo de deixar de fazer o que se estava a fazer e ir até à caixa. Quando respondo que cada funcionário tem a sua função e que nem todas as pessoas das outras secções sabem da caixa, e que as pessoas que andam de um lado para o outro estão a fazer alguma coisa, aí a resposta pode ser " isso já não sei"!
De uma coisa os clientes podem ter a certeza , o maior objetivo da loja é satisfazer o cliente, o melhor possível com os meios disponíveis!