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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A cliente picuinhas

Há uma cliente, sobre a qual,  já aqui contei uma situação, que continuo sem a perceber, mas já aceitei que tem algum tipo de irritação, distúrbio ou sensibilidade.

Na primeira situação fez questão de ir chamar a gerência porque eu lhe passava os artigos fazendo-os rolar pelos rolinhos do tapete.

Outra vez eu reconheci-a e como ela tinha poucas coisas passei tudo devagar, mas irritou-se porque queria pagar com dois cartões e eu não percebi.

Da última vez chegou à caixa e disse: "Bom,  é o costume! Passe os artigos devagarinho, não passe pelos rolos, suavemente, sem pressas - que não estou com pressa, e tenha especial atenção à frutinha!"

Lá lhe fiz a vontade, porque o cliente manda, não é!?

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A quexinhas...

 

rolinhoscaixza.jpg

Como podem ver nesta imagem, existe no tapete de saída de artigos, estes rolinhos, que servem de ajuda para que os produtos desçam  para o topo, onde está o cliente e assim se manter o distanciamento entre funcionária e cliente. É um facto que objetos cilíndricos fazem um certo barulho, mas não se estraga nada, nem estraga outro tipo de produtos.

Eu passo o dia a fazer este movimento, tanto que por vezes ao fim do turno até me doem os braços. Felizmente a maioria dos clientes percebe a utilidade dos rolinhos, e alguns, em jeito de brincadeira, até acham graça ao nosso movimento, e até dizem que estamos como se fosse num ginásio a ganhar músculos!

Já tive há uns meses uma senhora que me pediu para lhe passar os artigos com mais cuidado e mais devagar, porque aquele barulho a incomodava.

Mas hoje, a situação foi diferente. Uma cliente não gostou que passasse assim os artigos e pediu-me que não os passasse dessa forma e que os passasse mais devagar. Respondi que sim, fui passando os artigos, mas a dado momento e devido a este hábito já estar tão vincado em mim, esqueci-me e passei uns ambientadores cilíndricos pelos rolos. Ela sai da caixa, dirige-se ao balcão, e vai fazer queixa  .  Chega acompanhada de alguém superior, para me advertir que passasse  as coisas mais cuidadosamente. Então passei o resto dos artigos em câmara lenta, ao gosto da madame.

Confesso que senti pena da senhora, coitada, tanto azedume, deve ser alguém com algum problema e com necessidade de atenção!

No entanto, com tantos clientes implicativos, birrentos, indisciplinados, mal educados, incivilizados, começo a achar que esta empresa ainda tem de criar um gabinete de psicologia para ajudar os funcionários que atendem ao público!