Estou na caixa número 2. Quando o cliente chega além de o cumprimentar pergunto se precisa de algum saco. Ele responde. A meio do registo , a minha colega de trás pergunta ao cliente dela se ele quer saco, e o meu cliente responde: "já lhe disse que não"! Ao que eu lhe digo: "mas eu não disse nada, a conversa era ali atrás!"
Esta situação repete-se vezes sem conta. Tudo culpa das máscaras, das barreiras acrílicas, da rádio do continente e dos sons e barulhos próprios do local.
Uma cliente ao ver a janela do acrílico, ao invés de colocar a mão para dar um cartão, enfiou o braço todo, quase até ao ombro. Como eu não estava à espera ainda me assustei!
Ainda há muita gente que não entende o porquê da janela do acrílico e das barreiras acrílicas.
Quando era miúda e vivia no campo, pude conhecer muitos animais. Tive o gosto de conhecer e lidar com animais de rebanho, ovelhas e cabrinhas, principalmente.
Recordo-me bem como eram ordeiras, respeitando o seu pastor e as cercas.
Sabiam que se a cerca estava fechada era para não passarem por lá, e quando estava aberta, aí era o seu local de passagem.
Já o ser humano ainda não conseguiu entender a utilidade das barreiras acrílicas no supermercado. Certamente ainda precisa de mais tempo. Se uma pessoa tem um vidro à frente, julga logo que é para andar às cabeçadas, ou a atirar produtos por cima, pelos lados, mesmo que além das barreiras, haja a ajudar sinalética com as três cores dos semáforos, onde ainda terá de aprender que a zona vermelha não é para colocar artigos, já que existe uma zona verde.
Mas isso é demasiado complicado para se aprender num só ano, é preciso mais tempo, certo!?
Nas linhas de caixas existem como já aqui referi barreiras de proteção em acrílico, há uma rádio. Além disso, agora todos os clientes estão de máscara, nós também de máscara, o que torna mais difícil a comunicação entre a operadora e o cliente. Parece uma conversa de tontos! Por vezes não nos entendemos, e quando o cliente tem de ditar o número de contribuinte, é uma animação. Mas o mais engraçado é quando o cliente é estrangeiro e com sotaque!
O que vale é os clientes entendem e por vezes até brincamos com a situação, eles fazem sinais dos algarismos com os dedos! Ou ficam no topo a ditar!
Hoje quando acordei para ir trabalhar, senti-me mais pessimista que nos outros dias, talvez por tanto ver e ouvir notícias sobre o assunto. Por vezes o medo também nos assola. Mas quando cheguei ao meu posto de trabalho e vi que tinham colocado umas barreiras acrílicas de proteção, o meu pensamento mudou, senti-me mais segura e com mais energia para superar o dia!
Obrigada ao continente, por ter tomado esta e outras medidas de segurança, tanto para proteger os clientes, como os colaboradores!
Espero que mesmo depois de esta fase passar estas barreiras acrílicas se mantenham, aliás eu já tinha falado nisso aqui num post há uns anitos!
Nesta imagem o local do pagamento pelo multibanco não estava no sítio onde agora fica, daí a ilustração.