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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

O atendimento ao público é um treino da paciência

Uma cliente pede um saco de ráfia dos maiores.

Dou-lhe o saco e ela pergunta: "Quanto é que este saco mede?" Penso que é uma pergunta retórica e não respondo! No entanto, a   senhora insiste:" Mas quanto é que isto mede!? Eram maiores, já estão mais pequenos!?" Respondo que aqueles sempre tiveram o mesmo tamanho!

A cliente que estava a seguir, estava de queixo caído a ouvir a conversa e quando a senhora se vai embora, diz-me " Ai eu não tinha paciência para estar aqui, estava capaz de dar uma abanão à mulher! Mas ela queria que você medisse o saco!?" Respondi que já nem ligava, que já estava há muitos anos no atendimento ao público e que havia sempre clientes assim e até piores! A resposta foi: "ai coitadas de vocês!"

Haja alguém que nos perceba!

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Ficaria mais 20 anos neste trabalho com todo o gosto

Estou neste trabalho há quase 20 anos. Faço-o com todo o gosto e até amor, e, se me deixassem ficaria aqui mais outros 20 anos, com o mesmo entusiasmo, porque este trabalho sempre foi terapêutico e nunca para aqui vim como se fosse um frete, nunca!

Podem perguntar "mas não queres subir de posto, evoluir?" Ao que eu respondo "mas eu sou tão feliz assim, tantas pessoas que passam anos a querer ganhar mais , a querer subir! Eu já tenho o que quero! É assim tão mau me deixar ficar por aqui!?"

Eu sei e fico contente com isso, que alguns clientes me escolhem pela conversa, pelo apoio que sempre tento dar. Alguns clientes contam-me situações da vida deles, e eu tento sempre ter uma palavra de conforto. É essa a parte que mais gosto, faço um pouco de psicologia ou sociologia. Sei que de certa forma os ajudo.

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O atendimento ao público é uma fonte de inspiração

Estou tranquilamente a registar os produtos a uma senhora, que está acompanhada de outra jovem, talvez filha. Cada uma tinha um saco, e iam embalando os artigos.

A dada altura diz-me: "escusa de estar com pressa, que eu vou arrumar as coisas ao mesmo ritmo"!

Digo: "desculpe!?" ela diz: " escusa de estar com pressa, que eu vou arrumar as coisas ao mesmo ritmo, está bem?"

Respondo:  "está bem"!

Ela diz em tom altivo, "obrigado"!

Ora se há coisa que eu sempre tenho em atenção é registar em função do cliente. Nunca fui de registar e atirar os artigos à pressa, porque quando me fazem isso (e há sítios que o fazem), e eu sou cliente, não gosto, ninguém gosta. Acelero um pouco se vejo que o cliente está com mais pressa e a acompanhar o meu ritmo.

Mas enfim, esta senhora certamente vinha mal disposta de casa e precisou de aliviar o stresse em alguém, tadinha!

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Só quem está no atendimento ao público é que sabe

Um cliente queria utilizar um cupão de €5 em €20 de compras. Mas não trouxe o cupão de casa, nem   tinha imprimido uma segunda via no dispensador de cupões.

Digo-lhe que pode imprimir depois, e no balcão recuperar com a colega que lá estava, para não interromper a fila e fazer as outras pessoas esperar.

Então ele começa a ser parvo e a dizer que lhe estou a dar baile, porque se fosse lá depois de pagar como é que ia ter o desconto!? Respondo que os €5 euros ficavam no cartão e não era descontado já na conta. Ele insiste que o estou a enganar.

Uma senhora que estava na fila, pede licença para intervir e mostra ao senhor um cupão de €5 onde se lê que o desconto ficava no cartão! O senhor, mesmo torcendo o nariz, lá aceita!

Quando ele sai, a senhora pede desculpa, porque também trabalha no atendimento ao público e a situação estava a incomodá-la. Digo-lhe que só tenho a agradecer, porque só me ajudou!

E é isto, só quem atende ao público consegue se por em nosso lugar em determinadas situações! Fiquei  muita grata a esta cliente!

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O meu primeiro dia com máscara

Não foi fácil. Aquilo ora tapava-me a vista, ora sentia falta de ar. Uma cliente viu-me mexer na máscara com as mãos e chamou-se atenção disse que assim mais valia não usar. Eu disse que tinha desinfectado as mãos.

Depois os clientes não percebiam o que eu dizia, o que é normal, pois também eu,  tenho dificuldade em perceber alguns devido ás suas máscaras, o som fica em modo eco, ou sei lá!

Realmente não sei como as pessoas conseguem e algumas dizem que é tranquilo usar! Talvez me falte hábito, experiência!

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Atendimento ao público quando estamos quase sem voz

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Quase todos os anos nesta altura do ano me constipo e quase sempre fico rouca. 

Muitos clientes ficam solidários comigo, dão conselhos de chás, e outras mesinhas, alguns até sigo, mas pelo menos uns 5 dias a rouquidão mantém-se. 

O que custa é que, mesmo sem má intenção, fazem-me repetir o "texto", mais vezes, e isso deixa-me mais cansada!

O que vale é que mesmo assim, alguns clientes ainda me faziam rir da minha "condição"!

 

No atendimento ao público, devemos atender todas as pessoas de maneira igual?

Devido a uma situação, em que estou a tender um senhor de fato e gravata, que me parecia ser um milionário, penso, "vou oferecer selos para colecionar copos, quando este  senhor,  já deve ter copos de cristal em casa que nunca mais acabam?" Ocorreu-me o seguinte  pensamento: no atendimento ao público, devemos atender todas as pessoas de maneira igual? A resposta mais óbvia seria "claro que sim". Mas, analisando bem, acho que não. E não porquê? Porque as pessoas não são iguais, não têm as mesmas necessidades, os mesmos gostos. Claro que expliquei a campanha a este senhor e ele levou a caderneta e um selo, certamente só o fez por educação.

 

Depois há aquelas pessoas que gostam de trocar dois dedos de conversa, e há  outras que não estão para conversas, apenas querem pagar e sair dali com as compras. Há aquelas que precisam de  tempo para arrumar todos os produtos a a seu jeito e gostam que nós registemos os produtos mais devagar, e há as outras que arrumam "tudo ao molho e fé em Deus" e querem é rapidez. Outro exemplo, não posso atender um velhote com problemas de se mover, da mesma forma que atendo uma senhora que veio a correr fazer umas compras na sua hora de almoço. Eu tento ajustar-me consoante a pessoa que estou a atender...

 

E isso não é estar a descriminar ninguém, acho que é apenas fazer um "atendimento personalizado"!

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Atender os clientes quando estamos constipadas

Uma das coisas que mais me custa quando estou trabalhar é estar constipada,  ter de estar constantemente a assoar-me e a atender as pessoas. Noto muitas vezes na cara das pessoas um certo desagrado. Infelizmente constipo-me algumas vezes no Inverno. A empresa disponibiliza gratuitamente a vacina da gripe para os funcionários que a querem levar. Mas eu tenho alguns receios relativamente ao assunto. Tenho falado com algumas pessoas e continuo dividida, pois cerca de 50% encoraja-me a levar e diz que os benefícios são grandes, mas os outros  50% aconselham-me a não levar, alguns porque já levaram e ficaram na mesma.

Quem está no atendimento ao público devia de ter imunidade a este tipo de situação, mas se calhar, também é neste trabalho, e por estarmos muito em contacto com as pessoas que nos constipamos.

Já alguma vez, numa ida ao supermercado, mudaram de caixa por verem a operadora muito constipada!? Sentem algum desagrado?