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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

Um aplauso para um cliente!

Uma cliente trás dois cestinhos daqueles vermelhos com artigos. Está a colar os produtos sobre o tapete, quando pergunto se precisa de saco. É quando se lembra que não tem sacos, mas também não quer comprar, e pede para ir à rua buscar um carrinho - os carrinhos estão no parque.

Como aparentemente, não estava muita gente,  lá foi buscar. Eu ia chegando os artigos para o fundo, para dar espaço. Chega um senhor, que percebe que eu estava sozinha. Entretanto a senhora lá chega, começa a colocar os artigos, o telemóvel toca. Pensei que como estava atrasada não ia atender, mas atendeu. E a partir daí, começou a arrumar as compras mais devagar. Eu já tinha registado tudo, aproveitei para limpar o tapete de receção de artigos.

Como percebi que a conversa não era urgente e para ver se a pessoa percebia que já estava a empatar demais, perguntei pelo cartão continente. Mas nem me respondeu. Perguntei em voz mais alta. Ela diz à outra pessoa que já lhe liga. Olha para mim e para o outro senhor e diz : "é impressionante como é sempre nestas alturas que os telefones tocam!" E a resposta do outro senhor, foi de louvar e  até de aplaudir:

O mais impressionante não são as alturas em que os telemóveis  tocam, o que impressiona é as vezes que as pessoas,   mesmo assim, os atendem!

Se pudesse tinha aplaudido de pé!

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Hoje houve aplausos dos clientes ás 11 horas

Nestes últimos tempos andamos com as emoções à flor da pele, onde somos muitas vezes invadidos pelo medo do desconhecido, pelo receio de apanhar e levar o vírus para casa. Somos muitas vezes confrontados pelos clientes que não querem aceitar as regras, que não têm paciência para esperar, mas também somos surpreendidos por outros que nos demonstram gratidão.

Não sei quem organizou ou de quem foi a ideia, sei que após o relógio da rádio do continente dar as 11 horas da manhã, os clientes começaram todos a bater palmas. Foi lindo olhar à voltar e vê-los todos sincronizados em aplausos. Fiquei emocionada, nem sabia o que fazer ou como reagir.

Apenas quero agradecer a atitude, o gesto nobre. Dizer que estamos todos no mesmo barco, que isto tudo há-de passar, que todas estas regras são pelo nosso e vosso bem, para que não nos faltem clientes, nem a vós vos falte os produtos de alimentação, limpeza e higiene.

Bem hajam!

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