Por vezes, ouvimos ao som, chamarem pelo proprietário do automóvel X ou Y, e ficamos a pensar na matricula, se será o nosso. Confesso que preferia que dissessem a marca ou a cor, porque não sei bem de cor a matricula.
Num destes dias, chamavam insistentemente, dizendo a matricula do veiculo. Ninguém se identificava. Parece que , alguém reconheceu os donos, uns velhotes que estavam na minha caixa. Via-se que eram pessoas instruídas, mas já muito debilitadas e de idade avançada. O senhor, tinha deixado o carro a trabalhar e com a porta aberta. Então, enquanto o senhor foi ao parque, a esposa ficou a tentar retirar as compras do carrinho, não estava a conseguir, então um amável senhor que estava na fila, ofereceu-se para ajudar. Eu também embalei as compras e coloquei as mesmas dentro do carrinho.
Percebi que este casal estava completamente baralhado. Certamente precisariam de ajuda, no sentido de alguém conduzir a viatura por eles, pois pareciam não estar com capacidade para isso, para além de ser perigoso não só para eles, como também para com quem eles se cruzam!
A semana passada esteve lá um casal a fazer as suas compras. Quando iam pagar, pediram para eu descontar os 27€ do saldo do cartão continente. No entanto, o cartão não tinha qualquer saldo!
Cuidadosamente digo ao senhor, que não tinha saldo no cartão e ele responde que tinha esse valor, pois tinha acumulado através de um cupão de 10% na wells na compra dos óculos e aponta para os seus óculos novos. Meramente, por acaso, eu sabia que existia esse cupão. Pedi um momento, liguei para o balcão de informação, onde me disseram que o senhor teria de se dirigir à Wells para ver o que se passava. Comuniquei ao senhor, e disse-lhe que nesta conta não era possível fazer o desconto, mas que lá o iam ajudar a perceber o que se passava. O senhor foi à loja e da minha caixa, consegui ver que alguém o estava a ajudar. A esposa ficou à porta com o carrinho das compras. O senhor saiu da loja e foi falar com a esposa, e também me veio dizer, que o cupão não foi passado na altura da compra, mas que agora já ia ficar tudo resolvido.
Ontem, o casal foi de novo à minha caixa e o senhor perguntou se eu me lembrava deles. É engraçado, porque eu tenho alguma dificuldade em memorizar caras, mas ao olhar para o senhor e ao ver os óculos, a situação veio à minha memoria. O senhor disse:" veja lá se agora o dinheiro já lá está e se o posso descontar!" E realmente sim, o dinheiro do senhor já lá estava. Também foi um alivio para mim, porque fiquei preocupada com o senhor. Sei que estar a contar com um determinado valor e depois o mesmo não estar disponível, é uma desilusão! A senhora até disse ao marido:" como é que queres que a senhora se lembre de ti, se lhe passa tanta gente pela frente?!" Mas lembrei-me, principalmente pelo olhar de deceção que vi naquela altura!
Ainda bem que tudo acabou em bem. quando se trabalha num continente modelo numa localidade, que apesar de ser cidade, é rodeada de vilas e aldeias com pessoas que não estão de passagem, mas que são clientes assíduos, ganhamos afinidade e empatia pelas pessoas. Clientes satisfeitos, e problemas resolvidos, também é positivo, para mim!
Só quando temos por perto, alguém que conhecemos e estimamos, com deficiência visual, é que percebemos, que muitas vezes, há locais, que ainda lhes falta alguma coisa, para estarem mais acessíveis a pessoas com esta particularidade.
Um supermercado mais acessível, teria, por exemplo:
Na entrada, sinalização sensorial no chão, vi algo do género numa passadeira na estrada aqui .
Poderia estar no inicio de cada corredor, no chão algo escrito em braille que identificasse o corredor, por exemplo, "produtos de higiene" , "massas", "cafés" onde, suponho que com a ajuda da bengala de apoio, desse para se conseguir de forma mais fácil, obter essa informação.
Nos produtos, também em braille, rótulos com os nomes dos produtos, características e até datas de validade.
Para quem vê mal, seria bom haver rótulos com letras grandes e legíveis
As prateleiras com fácil acesso, com espaço confortável de aproximação frontal e lateral.
Talvez sinais/voz sonoros para os ajudar a perceber quando os caixas estão livres.
E a operadora de caixa de caixa teria formação para tratar, com paciência e leveza, cada tipo de situação.
Assim a ida ao supermercado já se tornava mais fácil, e poderiam ser mais autónomos.
Certamente, estes clientes especiais, os seus familiares e pessoas próximas ainda teriam mais algumas coisas a acrescentar. Se quiserem deixem ideias!
Encontrei numa pesquisa, um carrinho de compras, que auxilia invisuais
A notícia não é de agora, mas acho que este carrinho ainda não deve ter chegado a Portugal. O carrinho conta com uma barra sensível ao toque na qual a pessoa põe as mãos para o mover. O cliente pede e segue instruções através de inteligência artificial por uns fones no ouvido e microfone. Ao chegar às prateleiras, o consumidor terá o nome dos produtos escritos em braile. O carrinho também conta com sensores para obstáculos ou até ou pessoas.
Ainda sobre a missão continente e os vales "luzes com presença", queria dizer, que não tem sido uma campanha fácil, pelo menos na minha zona, que se localiza mais para o interior. Talvez resulte melhor nas grandes cidades, como por exemplo em em Lisboa ou Porto. E também há muitos clientes já idosos, eles próprios a precisar desta missão, fico sem coragem para lhes pedir.
Logo no primeiro dia de campanha, quando divulgava a campanha, as pessoas colocavam questões, que eu sempre tentei, dentro do que sabia, responder e clarificar. Não sei se é porque têm dúvidas, ou se mesmo porque a situação financeira de cada um nesta altura do mês/ano, não está fácil.
No entanto, houve quem perguntasse pelos bolinhos ou canecas da da Leopoldina, o que me leva a acreditar, e isto é só uma opinião, e vale por uma, que se existisse um artigo palpável que custasse , por exemplo €3 e €1 fosse para a missão, as pessoas aderissem mais.
Também acho que faz falta mais informação nas lojas, um cartaz grande, para ver se as pessoas liam. Junto às caixas um expositor com os vales pendurados, para serem as pessoas a retirar e a entregar. Haver promotores com uma tishrt alusiva á campanha.
Na televisão, tem passado o apelo pelo Ruben Rua e pela Maria Cerqueira Gomes, passou ontem após o jornal das 8. Deveria passar mais vezes.
É que as pessoas ouvindo só o nosso apelo, não resulta muito, a maioria das vezes nem nos deixam acabar a frase, e é logo "Não"! E ainda há pessoas que dizem também precisar de ajuda e que ninguém as ajuda. Mesmo assim, as pessoas mais novas, têm aderido mais.
É uma causa que, pela sua natureza, me sensibiliza e que gostaria de poder ajudar mais, mas estar a pedir, e nem nos quererem ouvir, e duvidarem, torna tudo mais difícil.
Esta contribuição será usada para promover projetos e ações de proximidade/integração, tais como chamadas telefónicas, visitas domiciliárias, apoio psicológico, animação cultural, entre muitas outras formas de ajuda.
Existem dois tipos de vales um de €1 e outro de €5. Qualquer dúvida perguntem ou vejam aqui .
Um cliente queria utilizar um cupão de €5 em €20 de compras. Mas não trouxe o cupão de casa, nem tinha imprimido uma segunda via no dispensador de cupões.
Digo-lhe que pode imprimir depois, e no balcão recuperar com a colega que lá estava, para não interromper a fila e fazer as outras pessoas esperar.
Então ele começa a ser parvo e a dizer que lhe estou a dar baile, porque se fosse lá depois de pagar como é que ia ter o desconto!? Respondo que os €5 euros ficavam no cartão e não era descontado já na conta. Ele insiste que o estou a enganar.
Uma senhora que estava na fila, pede licença para intervir e mostra ao senhor um cupão de €5 onde se lê que o desconto ficava no cartão! O senhor, mesmo torcendo o nariz, lá aceita!
Quando ele sai, a senhora pede desculpa, porque também trabalha no atendimento ao público e a situação estava a incomodá-la. Digo-lhe que só tenho a agradecer, porque só me ajudou!
E é isto, só quem atende ao público consegue se por em nosso lugar em determinadas situações! Fiquei muita grata a esta cliente!
Por vezes tenho a sensação, que muitos clientes, acham que as operadoras de caixa sabem tudo. Todas as promoções (inclusive as do futuro), tudo o que se passa nas outras secções, todos os preços, o lugar onde está cada artigo...
Se não temos a resposta pronta, temos ao nosso lado um telefone, para podermos chamar alguém para ajudar o cliente. É claro que demora um bocadinho e que na maior parte das vezes o cliente não tem tempo para esperar...
Recordo-me de já me terem dito "nunca sabem nada"!
Apetece-me dizer que neste supermercado, bem organizado que é, cada macaco está no seu galho. Cada um tem a sua função, a sua secção, a sua formação, a sua responsabilidade e o seu conhecimento. É só accionar a pergunta e aguardar um pouco, porque a resposta já vem a caminho!
Eu já tinha acabado o meu turno, já estava sem a farda e andava a fazer as minhas comprinhas no supermercado. Mas mesmo assim, as pessoas conhecem-me e por vezes fazem-me perguntas. Por vezes ando com pressa, mas neste dia até andava nas calmas. Um senhor dirigiu-se a mim e com muita educação perguntou-me se eu sabia como eram os espinafres, pois era um recado da esposa e ele pesar de comer sempre sopa de espinafres, nunca os tinha visto fora do prato da sopa!. Lá fui ajudar o senhor, que me agradeceu muito educadamente e até um pouco envergonhado!
Não deve ter sido fácil para ele confessar que não conhecia os espinafres fora do prato da sopa!
Um destes dias, enquanto digitava um código á mão, sem saber como, fiz um registo à secção num valor bastante alto. Como ninguém conseguiu anular este registo, tive de anular todo o talão ( função 9). Foi um grande transtorno para o cliente ter de voltar a passar as compras todas de novo, e eram bastantes. A minha questão é se há por aí alguma colega que saiba como se faz esta anulação, para que da próxima não suceda todo este processo e toda esta demora.
Muitas vezes os clientes perguntam-me se este ou aquele produto é bom. Ou por exemplo levam dois produtos iguais de marcas diferentes e perguntam-me qual eu escolheria se fosse para mim! É claro que esta situação não acontece todos os dias, felizmente. Digo felizmente porque é daquelas perguntas que eu não me sinto á vontade para responder, porque tudo depende do gosto de cada um, do dinheiro que se quer gastar, do conhecimento que possa ter ou não do artigo, ou mesmo da ocasião.
Nestas ocasiões prefiro pedir um apoio de alguém da secção para melhor ajudar o cliente a decidir. Um destes dias, um cliente que eu considero com uma visão muito empresarial, dizia-me que achava que o que faltava em muitos supermercados era um balcão de apoio mais personalizado e direccionado a ajudar e a elucidar o cliente nas suas escolhas. Creio que já existe no CONTINENTE, talvez por ser um espaço maior, ali onde eu trabalho por ser uma superfície média talvez não compense haver esse sector, mas que fazia falta, isso sim fazia, não tenho dúvidas!