Há dias mesmo complicados, exaustivos. Há momentos em que parece que estamos numa escola, onde as crianças são muito rebeldes e temos de estar constantemente a chamar a atenção pelas asneiras que estão a fazer ou pelas atitudes que deviam tomar e se esquecem. Mas faz parte das minhas competências, zelar para que todas as medidas sejam tomadas de forma a minimizar o risco de contágio!
Aquele dia até me estava a correr bem, as pessoas estavam a ter as atitudes corretas, a conversa com os clientes estava animada e simpática. Entretanto, estava a meio do atendimento de uma cliente, quando chega um casal, aí na casa dos quarenta anos. A esposa começa a colocar as compras no fim do tapete e diz ao marido para ele passar para o outro lado, onde ainda estava a cliente do momento. Quando ele pergunta se pode passar eu respondo que não convém passar por ali. Pergunta e atitude escusada, pois para ele passar, ia quase roçar na cliente que estava a ser atendida, a mesma teria de desviar o carrinho, e não ia respeitar o espaço de afastamento. O senhor foi dar a volta mas a esposa ficou lixada comigo, vi logo pelo olhar e pela atitude.
Quando chegou a vez deles comecei o registo, quem conhece os nossos tapetes de saída sabe que têm aqueles rolinhos para as compras deslizarem para o fundo. Estava eu muito bem a rolar os artigos, quando a madame diz: "ou você passa as minhas coisas devagar ou eu deixo cá tudo!" Respondi que não tinha percebido. Fiz-me de tonta, mas a minha vontade era dizer " acha que eu me ralo com isso, não sou eu que preciso das coisas, por mim pode ir e deixar aí tudo, fica na sua consciência!"
Haja paciência para esta gente intolerante, que não aceita nada, não respeita nada e anda sempre com duas pedras na mão. As birras dos adultos são muito piores que as das crianças, porque as crianças aprendem, estes são demasiado casmurros para isso!
Uma cliente estava a dar passos largos de sinalética em sinalética, eu disse que ela podia colocar os artigos no tapete. Revela-me estar nervosa com isto tudo. Diz-me até ter receio de ser presa, porque mora numa aldeia distante, onde está tudo fechado, e tem de sair, porque nem mercearia lá tem.
Conta-me que não tem dinheiro para fazer grandes avios de uma só vez, pois só pode comprar as coisas aos poucos.
Tento aclamar a senhora dizendo que o importante era levar alimentos para estes dias de 9 a 13 de abril. Ela diz que foi isso que fez, mas que depois terá de voltar.
Aproveitei para lhe dizer que as medidas eram para nossa segurança, porque a situação era grave. Penso que a conversa comigo a reconfortou!
Por vezes as pessoas queixam-se, dizendo que quem está no atendimento ao publico, é antipático, mal educado, e outras tantas coisas. Então imaginem, estar a atender uma pessoa que além de estar a falar ao telemóvel, e ainda está, com o mesmo em alta voz!
Como é possível comunicar com alguém assim!? Além de não responder ao que lhe é solicitado, ainda obriga a atendedora e os outros clientes que estão em espera, a ouvir a conversa!
Se o telemóvel não fosse preciso para os clientes usarem a aplicação do continente, bem que se podia proibir a sua utilização, pelo menos, a partir do momento em que começam a colocar as compras no tapete, até à fase do pagamento e conclusão do processo.
Acontece, por exemplo, depois de já ter dado o troco à cliente, ela ainda estar ao telemóvel a falar com alguém e com a mão aberta à espera do troco; ou então ir-se embora e nem se lembrar de levar o troco; ou então depois de ter dito que não queria o nº contribuinte na fatura, afinal até queria; ou então chateia-se com a operadora porque ela está só a fazer perguntas e nem a deixa ouvir o que lhe estão a dizer do outro lado...
Há dias estava a falar com uma amiga, ao telemóvel, ela disse-me que estava no centro comercial, mas que podíamos ir falando. Quando eu percebo que ela está achegar à caixa do supermercado digo-lhe: "ah estás na caixa, então depois eu volto a ligar!" Ao que ela me responde:" não é preciso desligares eu consigo fazer as duas coisas ao mesmo mesmo"! Só que eu não quis isso, e ela não percebeu na altura, até pareceu ter ficado sentida, mas entretanto, já lhe expliquei a razão, e creio que tenha entendido!
Estava eu a atender duas senhoras que falavam comigo mal o português, entre elas, falavam, suponho, Ucraniano. Uma colega da reposição depois de elas saírem pergunta-me se elas levavam amaciador da roupa. Respondi que sim, e quando lhe pergunto o porquê da questão, ela diz-me que as viu a despejar o amaciador de um frasco para o outro, e que quando essa minha colega interveio, dizendo: " Desculpem, as senhoras não podem fazer isso"...elas deram um salto com o susto.
Até posso adivinhar o porquê da atitude das senhoras. Então os frascos estavam mal cheios, e havia que encher um até acima, já que o iam levar! Ai se a moda pega! Que lata!
A falta de civismo de algumas pessoas só se resolvia com algumas medidas. Por exemplo, o cliente que está a seguir, devia de apenas passar para o outro lado, quando o outro cliente estivesse despachado, e se o tentasse fazer, devia de soar um alarme, que o fizesse recuar imediatamente!
É cada atitude, cada atropelamento de carrinhos, cada falta de privacidade para marcar o código do multibanco, cada cusquice de um em relação ás compras do outro!
Cheguei à caixa, não abri a cancela. Primeiro abri os saquinhos com as moedas e coloquei-as no respetivo lugar na gaveta. Gosto sempre de ter um minuto para preparar o meu posto de trabalho. Só depois então, abro a cancela e chamo por ordem de fila.
Acontece que, um xico esperto, sorrateiramente, porque eu não dei conta, chega e começa a colocar os artigos sobre o tapete e abre ele próprio a cancela! Quando eu vi aquilo fiquei preocupada! O que diriam as outras pessoas!? Em tom bem alto digo: " o atendimento é feito por ordem de fila!" Resposta do senhor ": Ah é.. ( olha para trás ), também é só isto! E ainda tinha alguns artigos. Por sorte, ninguém se passou e perceberem a minha posição, mas isto podia ter corrido mal! E se eu nem fosse abrir caixa!? Era bem feito, não era!?
São estas as atitudes, que eu menos gosto e entendo nas pessoas!
Uma cliente já depois de ter pago a conta na caixa de uma colega que já tinha saido, foi ter comigo à minha caixa com um talão.
Cliente: Olhe estes biscoitos não estão em promoção!?
Eu: Não sei, só vendo...
Cliente: Estão pois, venha lá comigo ver!
Eu: Eu não posso sair daqui sem autorização, aguarde só um momento que vou chamar alguém!
Naquele momento não estava a conseguir chamar a minha colega.
Esta cliente vê um colega da Worten a passar e diz:
Cliente: Aquele colega, não pode lá ir!?
Eu: Não, aquele colega é da Worten!
Nisto passa uma colega de trabalho com um carrinho, que tinha um casaco por cima da farda...
Cliente: Está ali uma senhora, não pode chamá-la!?
Eu: Não, aquela colega está na hora de almoço!
Cliente: Ah, também ia lá num instante, mas está bem!
Nisto chega a minha colega, chamo-a e esta senhora vai logo na sua direção
Foram uns breves momentos, mas stressantes , esta senhora, queria...porque queria alguém, não era capaz de esperar, parecia que queria mandar, e afinal, o preço dos biscoitos estava correto!
Um pacato casal de velhotes, chega á minha caixa com as suas compras. Estou a fazer o registo e a dado momento vou registar uma garrafa de bebida alcoólica que vem dentro de uma caixa. Como é procedimento habitual, nós registamos o código de barras que vem na garrafa, tirando para isso, a mesma de dentro da caixa. Estava dentro da caixa, além da garrafa, duas velas de aniversário.
Quase em coro um diz "isso não é meu" e outro diz "isso já aí estava"! Eu estranhei pois as velas eram da marca Kasa, que nada tinha a ver com a bebida, mas mesmo assim, disse: " então se já aqui estava eu vou confirmar, até pode ser que seja oferta"! A senhora respondeu que sim que devia de ser. A minha colega, foi confirmar, e tal como eu já calculava, mais nenhuma garrafa daquelas tinha velas de aniversário lá dentro!
E pronto deixaram as velas comigo, não as quiseram levar. E também deixaram a dúvida! Até podem ter sido outras pessoas a colocarem as velas dentro da dita caixa, pois aqueles velhotes, pareciam demasiado ingénuos para tal acto. Mas as velas são dos artigos mais baratos, e até são de oferta na compra de bolos.
Uma senhora colocava os seus artigos no tapete, tinha um carrinho muito cheio deles. Passa um senhor com três artigos, pede a vez, a senhora cede, o cliente passa. Vem um jovem casal também com poucas coisas pedem a vez a senhora cede. Ainda eu não tinha acabado de atender este casal já está outra pessoa a pedir para passar. Nunca mais começava a atender a cliente. Pensei mesmo que a senhora se ia zangar, mas não, nada disso, ainda se divertiu e brincou com a situação.
Que bom era se mais pessoas tivessem este espírito !