Quando sentimos uma certa falta dos acrílicos
Por vezes sentimos uma certa falta dos acrílicos, não tão grandes, mas pelo menos na nossa frente, para evitar determinadas situações!
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Por vezes sentimos uma certa falta dos acrílicos, não tão grandes, mas pelo menos na nossa frente, para evitar determinadas situações!
Novamente, estamos numa fase de gripe. Agora, o que predomina é a Gripe A. Vejo muitas pessoas com tosse, e o uso da máscara, voltou a fazer parte de algumas pessoas!
Quando retiraram os acrílicos, foi um alivio, talvez porque os nossos eram muito longos e dificultavam a comunicação com os clientes. Mas, agora fazia falta que existissem, nem que fosse só na nossa frente, com um metro, pois os clientes ficam muito colados a nós. Infelizmente há pessoas que tossem para cima de nós e que nem colocam o braço à frente, outros que até se penduram naquela parte do acrílico que tem suporte, chegam a tapar o visor do ecrã! Outros clientes ainda, retiram-nos os artigos das mãos, mesmo antes do registo (tal não é a pressa). Toda esta exagerada proximidade, e sendo a gripe A contagiosa, faz com que fiquemos mais indefesos! E também seria bom, para proteger os clientes!
Tenho reparado que alguns supermercados da concorrência continuam a ter esse tal metro de acrílico, ficando assim os operadores de caixa e os próprios clientes mais protegidos!
Quando numa destas manhãs cheguei ao meu "continente" e vi que tinham retirado todos os acrílicos, a sensação foi de alivio e felicidade. Já não seria mais necessário falar a gritar!
No entanto, minutos depois de estar a trabalhar sem os acrílicos, já os desejava de novo!
Os clientes ficam em cima de nós, alguns até se debruçam à frente, outros tiram-nos os artigos das mãos antes de nós os registarmos, arranham-nos, invadem o nosso espaço, atiram as moedas para a nossa frente, não posso ter nem a caneta ali que mexem. Houve um senhor que eu tive de pedir para não me tirar as coisas das mãos porque não me deixava registar, ao que ele respondeu que não estava a tirar-me nada das mãos. Houve uma cliente que colocou o saco dela em frente ao meu scanner e registou-o de novo, pedi que se chegasse um pouco mais para o lado e respondeu "já chego, deixe-me só acabar aqui". Tento empurrar os artigos mais para o fundo, mas os clientes não saem de cima de nós! Faz-me aflição!
Caramba que não aprenderam nada com a pandemia, não perceberam que a pandemia tinha vindo para tornar as pessoas mais civilizadas, com hábitos mais corretos. Que invasão!
Nem que seja só uns centímetros, voltem a colocar uns acrílicos ou alguma barreira ali, por favor!
Já aqui referi o facto de a máscara e o acrílico serem necessários, mas os mesmos também impedirem o som, tornando a comunicação entre o cliente e a/o operadora/o muito difícil.
Acontece que além destes dois fatores, ainda podemos juntar o som da música do rádio, bem como outros sons da loja, por exemplo o barulho que vem do corte da carne do talho, um porta paletes a passar.
Por vezes temos de falar mais alto e repetir a conversa porque não ouvimos, não nos fazemos ouvir ou não temos a certeza das respostas.
Já não é a primeira vez que me sinto cansada só de falar e de estar sempre a repetir e a esforçar a voz, de tal forma que um dia uma cliente reparou no meu cansaço e disse que também lhe acontecia se cansar de falar com a máscara e que era uma situação normal nos dias que correm.
Até falamos, que não são só dquem está a atender o público como também os professores que também têm de falar de máscara e também se cansam mais, porque é um esforço dobrado.
Ainda assim concluímos que apesar destes danos, usar a máscara é essencial!
Devido ao covid-19, estamos num ponto da situação onde o acrílico é um dos nossos maiores aliados e protectores nas lojas, hotéis, supermercados, serviços e até na praia!
Mas do que vale tanto investimento neste produto, se depois os clientes não o respeitam!? Dão encontrões, tentam contornar, invadir, seja à volta seja por cima. Parece que o produto para eles é invisível ou sem importância!
O acrílico, tem importância semelhante ao álcool gel, à máscara e até ao distanciamento. Tudo isto junto forma um melhor escudo protetor!
Quando chamo educadamente atenção a uma cliente por causa do distanciamento e do acrílico, ela responde: "Mas porquê ? Estão todos com medo de morrer, vamos morrer todos um dia"!
Podia ter respondido: "Pois é, mas quanto mais tarde melhor!"
No supermercado onde trabalho, houve uma grande preocupação com a nossa segurança, daí estarmos tão acrilicados. O problema principal é fazer os clientes respeitar o acrílico e o distanciamento, mas sobre esse tema já escrevi tanto, ainda assim, voltarei a escrever outro dia. Hoje o tema é a audição! O acrílico dificulta a nossa comunicação com os clientes. Por vezes os clientes estão a falar, mas eu não estou a perceber o que estão a dizer, faço sinal, peço para falarem do topo. Enfim lá nos vamos mais-ou-menos, entendendo.
Perguntei a uma cliente se queria descontar o saldo do cartão continente, ela abana a cabeça a dizer que sim. Pelo menos foi o que entendi. Então descontei o saldo e a senhora pagou o restante, sem protestar. Saiu, olhou para o talão e foi lá ter comigo de novo, dizer porque é que lhe tinha descontado o saldo. Quando eu lhe disse "então a senhora abanou a cabeça", ao que ela respondeu "mais eu disse: fica, fica!" Ou seja o "fica, fica", tem o mesmo sinal que o "sim, sim", mas afinal significava, daquele modo, um não!
Lá pedi imensa desculpa à senhora, e o caso ficou resolvido, mas não deixa de ser caricato!
Há momentos em que a comunicação com os clientes se torna bastante difícil, devido ás máscaras, ao acrílico, ao rádio.
Eu perguntava a uma cliente apenas se tinha cartão cliente, e ela não percebia, falava mais alto e ela nada. Cheguei a pensar que fosse estrangeira, já que aparecem diariamente ali alguns.
Mas depois percebi que era portuguesa, porque me disse "espere aí que eu vou subir um pouco, a ver se percebo"! Mas diz-me isto a mexer no elástico da máscara. Supus que ia tirar a máscara e eu disse com o dedo "não, não tire"! Aí já percebeu, pois respondeu: "não vou tirar a máscara, vou subir, mas é o som do aparelho dos ouvidos"!
Enfim...
Como já aqui disse, acrescentaram do lado da entrada uns centímetros de acrílico, para nossa proteção, havendo assim mais distanciamento do cliente. Mas também temos acrílico atrás, e até lateralmente. Praticamente só no topo não há acrílico, a ver se as pessoas entendem que é ali que podem estar e arrumar os artigos. Não precisam de se colocar em cima de nós ou entregar artigos em mãos. Os artigos são para colocar o mais atrás possível, que depois rolam até nós!
Ainda assim, um dia destes, um casal de clientes depois de colocar todas as compras sobre o tapete, deixando-o tipo torre, o homem queria me ir entregando o que ficou ainda no carrinho , artigo a artigo em mão. Queria entregar um pacote de bolachas depois um pacote de manteiga e assim sucessivamente. Quando lhe disse que não podia ser, chamou a senhora que o acompanhava e disse " ó Fulana já viste esta graça, diz que não posso dar as coisas em mão!" Diz a outra "A sério!? Mas porquê!?"
Noutra ocasião um cliente queria ver um preço e quase se deita no tapete para observar o meu ecrã (até me cheguei atrás), quando do outro lado tem um ecrã só para ele!
E as vezes que os clientes já deram cacetadas no acrílico!? Estou à espera de um dia, ver alguém a partir ou a rachar aquilo. Estão sempre a bater lá, a abanar aquilo tudo! Pode acontecer uma vez sem querer, mas quando o mesmo cliente, chegar a bater lá várias vezes, é estranho!
Mais um ponto positivo do acrílico nas caixas: agora os clientes que tinham o hábito de nos dar pela frente caixas das cervejas (ou outros artigos pesados) , já não o podem fazer!
Pessoas com problemas de coluna, era um constante desafio, e quem não os tinha, com este exercício, certamente, ficaria. Posso dizer que cheguei a andar dois meses com um problema num ombro devido a esta brincadeira.
Agora existe um motivo para recusar, porque antes, tinha de aguentar, e pronto! Mesmo assim, com o acrílico há clientes a darem lá cabeçadas e encontrões. As pessoas não entendiam, que o tapete rolante servia justamente para que as pessoas não tivessem de fazer aquele esforço, para que poupássemos o nosso corpo, para facilitar a vida às pessoas, porque também não somos máquinas.
Se fosse um maço de rolos de papel higiénico, apesar de volumoso é leve, não se compara a produtos pesados que puxavam pelo físico!