Já passaram 6 meses da chegada deste malvado vírus, já passei por varias fases.
Logo no inicio, a minha maior preocupação era levar o covid-19 para casa, já que era a única que tinha de continuar a trabalhar. Andava muito preocupada e cheia de receios, tinha 1001 cuidados. Mas depois, quando vi as medidas que a empresa implementou, e depois de perceber que os clientes estavam solidários connosco, consegui alguma tranquilidade.
A primeira semana que a máscara foi de uso obrigatário, foi horrível para mim, sentia-me a sufocar, tinha pesadelos. Felizmente tive conhecimento de um outro tipo de máscara, que não a cirúrgica, e mais uma vez, consegui alguma tranquilidade.
Também me fazia alguma confusão estar cercada de acrílico, mas depois adaptei-me e até já conseguia esquecer que estava ali, prisioneira, porque me sentia mais protegida e segura.
Entretanto, o tempo vai passado, e a desilusão com o comportamento de alguns clientes foi crescendo.
Passado o susto inicial e o estado de emergência, muitos clientes relaxaram, convenceram-se que não havia mais perigo, ou que o mesmo, já tinha passado.
Começou a tornar-se uma espécie de luta todos os dias. Os clientes não querem fazer distanciamento, tiram a máscara ou andam com o nariz de fora, não respeitam a sinalética que está no tapete, no chão, querem entregar artigos em mão, querem, muitos deles, ter as suas próprias regras.
Os clientes saturam-nos a paciência, acham que algumas medidas não fazem sentido, questionam tudo. Não entendem que uma vez que entram naquele supermercado têm de seguir as normas nele imposto, e não aquilo, que em seu ponto de vista, lhes parece mais correto. Estão constantemente a ignorar as regras, quando está tudo tão bem sinalizado, escrito, com cartazes, sinaléticas, etc.
Por exemplo, um destes dias, disse a uma cliente que estava mesmo encostada a outra, para se afastar um pouco e ela respondeu " pois aqui na fila querem distanciamento, mas nos corredores anda tudo ao monte". Mas será que era preciso andar algum segurança atrás das pessoas nos corredores a impor que se distanciem, será que as pessoas não são capazes de ter essa responsabilidade!? Como é possível que em 6 meses não tenham aprendido nada, não tenham mudado nada!?
Mais uma vez digo, que a empresa tem boas medidas, e que o problema são os clientes que não as querem cumprir, aceitar, que as questionam, que implicam com tudo! Não percebem que as ditas regras são para o bem deles e nosso!
Um cliente habitual, um senhor que deve ter algum problema com a água e com o sabão, chega à minha caixa e diz que precisa de dizer uma coisa. Normalmente nunca tem nada de simpático a dizer, mas desta vez resolveu implicar com a minha máscara, dizendo que a mesma era falsa. Isto porque eu não estava a usar a cirúrgica, mas sim outra * comprada no continente, e certificada. Sinto-me melhor com esta!
Começou a falar alto e a dizer que a máscara dele é que era boa.
Eu: Pois é a sua opinião!
Cliente: E tenho razão!
Eu: Mas deixe lá que a sua máscara no estado em que está, também não lhe vale de muito!
Cliente. Porquê !? O que tem a minha máscara? (Eu ia dizer que estava sebosa, mas contive-me)
Eu: Essas máscaras só têm duração de 4 horas, e pelo estado dela, tem muitas mais horas em cima!
Ele baixou a altivez e disse: "Eu até acho que nem deviam obrigar a usar a máscara"!
Por aqui se vê o incoerência do discurso; primeiro a minha máscara é falsa, depois , já acha que não deviam obrigar o seu uso!
É cada situação, haja paciência!
*as máscaras de proteção Happo são uma solução segura, ecológica e reutilizável.
Como já aqui disse, acrescentaram do lado da entrada uns centímetros de acrílico, para nossa proteção, havendo assim mais distanciamento do cliente. Mas também temos acrílico atrás, e até lateralmente. Praticamente só no topo não há acrílico, a ver se as pessoas entendem que é ali que podem estar e arrumar os artigos. Não precisam de se colocar em cima de nós ou entregar artigos em mãos. Os artigos são para colocar o mais atrás possível, que depois rolam até nós!
Ainda assim, um dia destes, um casal de clientes depois de colocar todas as compras sobre o tapete, deixando-o tipo torre, o homem queria me ir entregando o que ficou ainda no carrinho , artigo a artigo em mão. Queria entregar um pacote de bolachas depois um pacote de manteiga e assim sucessivamente. Quando lhe disse que não podia ser, chamou a senhora que o acompanhava e disse " ó Fulana já viste esta graça, diz que não posso dar as coisas em mão!" Diz a outra "A sério!? Mas porquê!?"
Noutra ocasião um cliente queria ver um preço e quase se deita no tapete para observar o meu ecrã (até me cheguei atrás), quando do outro lado tem um ecrã só para ele!
E as vezes que os clientes já deram cacetadas no acrílico!? Estou à espera de um dia, ver alguém a partir ou a rachar aquilo. Estão sempre a bater lá, a abanar aquilo tudo! Pode acontecer uma vez sem querer, mas quando o mesmo cliente, chegar a bater lá várias vezes, é estranho!
Na minha opinião, no início da pandemia, ou por ser novidade ou por medo do desconhecido, as pessoas/clientes aceitavam e respeitavam melhor as regras que estavam no supermercado, do que hoje em dia.
Ultimamente tem sido complicado fazer com que os clientes cumpram as medidas impostas pelo supermercado que são pela segurança e saúde dos clientes e dos funcionários.
É desgastante, estar a cada cliente, a chamar atenção, a dizer "aguarde atrás da linha", ou "o pagamento é aqui nesta janela", ou ainda "coloque as compras na zona verde" , e também "não podemos aceitar os produtos em mão, coloque sobre o tapete", e depois ouvir as discordâncias dos clientes, ou porque para eles não muda nada, ou não lhes faz sentido, e ainda acharem que como eles dizem, é que está bem.
E depois como há colegas mais novos, que estão naquele trabalho de passagem, e que talvez não se esforçam tanto para manter as medidas, e por isso, deixam passar uma coisa ou outra, e os clientes reparam nisso, e têm logo de dizer "ah mas aquela menina deixa fazer assim"!
Há clientes que chegam a ser indelicados connosco, inconvenientes, desnecessariamente.
Já me disseram " mas é só assim no continente", ao que respondi de peito cheio "pois é, nós somos uns privilegiados, porque trabalhamos numa empresa, que se preocupa com a segurança e saúde dos seus colaboradores". E é verdade, têm sido incansáveis em medidas, sinalética, acrílicos, regras. Tenho me sentido mais segura e confiante assim. No meu ponto de vista se a empresa está a fazer esse investimento, é para que seja cumprido! O problema é fazer com que os clientes aceitarem as medidas, quase que seria preciso um agente da autoridade à frente de cada caixa, para ver se assim havia respeito e cumprimento das medidas.
Depois dizem que com tantas medidas, já ouve colaboradores da sonae infetados, mas nem sempre depende só das medidas da empresa, mas também, o facto de muitos empregados, por exemplo, virem de comboio e isso estar, para já, fora do alcance da empresa.
Imaginem a carta de condução, tem regras. Um condutor não pode dizer "ah o semáforo estava vermelho, mas eu estava com pressa não pude esperar!" ou "tinha sinal de proibido, mas deu-me mais jeito ir por ali"! Agora o circuito do supermercado também tem regras, e, mesmo que não estejam de acordo, têm de cumprir! Porque são justamente estas desculpas que dão no supermercado, onde também há semáforos, transitos proibidos, etc.
Muitas pessoas acham que o pior já passou e que já se pode voltar ao mesmo, certamente não ouvem notícias, não sabem que é possível uma segunda vaga do vírus.
Por isso, é sempre melhor prevenir e aceitar as medidas da empresa, que não foram feitas apenas para ficarem bonitas na fotografia, mas sim, para proteção de todos!
Muitas pessoas já me disseram que "o continente, tem boas medidas, melhor que muitos outros, assim sim, sentimo-nos seguros para vir ás compras!"
Verdade, concordo plenamente. Mas, não é fácil. É preciso estar sempre a lembrar as regras a alguns clientes. Porque existem aqueles que fazem tudo conforme as regras, ou porque já conhecem e é habitual irem ali, ou porque estão de acordo e compreendem, mas existem outros que nos dificultam a vida, que são do contra, que acham algumas medidas exageradas.
Desta vez queria me focar na colocação dos artigos no tapete. É que agora, se é que já repararam, há uma zona verde, outra amarela e outra vermelha. Funciona mais ou menos como nos semáforos, onde o verde é para colocarem os artigos, no amarelo já não é boa ideia e no vermelho é mesmo para não colocarem os produtos. Se forem colocando na zona verde, o tapete vai rolando e os artigos chegam até à operadora ou operador.
Aquele velho e mau hábito de darem produtos à mão da operadora acabou, é zona vermelha! Nada de dizerem que ali dá mais jeito para depois ir logo no fundo do carrinho. Além de não estarem as cumprir as regras do afastamento, também estão a obrigar o colaborador a fazer um esforço físico desnecessário e prejudicial à sua saúde, porque para um cliente, pode ser só uma caixa de cervejas, para o colaborador durante um turno já são umas 20 e ao fim do dia está de rastos, e não é obrigado a isso! A empresa vela pela saúde e segurança do trabalhador!
Desculpem se fui um pouco dura neste assunto, mas teve de ser, não sou só eu, há muitos colegas a se debaterem com isto todos os dias. Tenham paciência e aceitem as regras que são para a segurança de todos!
Hoje quando acordei para ir trabalhar, senti-me mais pessimista que nos outros dias, talvez por tanto ver e ouvir notícias sobre o assunto. Por vezes o medo também nos assola. Mas quando cheguei ao meu posto de trabalho e vi que tinham colocado umas barreiras acrílicas de proteção, o meu pensamento mudou, senti-me mais segura e com mais energia para superar o dia!
Obrigada ao continente, por ter tomado esta e outras medidas de segurança, tanto para proteger os clientes, como os colaboradores!
Espero que mesmo depois de esta fase passar estas barreiras acrílicas se mantenham, aliás eu já tinha falado nisso aqui num post há uns anitos!
Nesta imagem o local do pagamento pelo multibanco não estava no sítio onde agora fica, daí a ilustração.
Deu nas noticias que, em virtude desta pandemia que é o covid-19, o continente poderia vir a abrir só ao meio dia e fechar ás 20 horas, mas cada loja poderia tomar a decisão mais adequada. Essa decisão seria para cada loja ter um “serviço razoável e ajustado às necessidades atuais da população, minimizando eventuais riscos de operação".
Com esta medida tenho algum receio que o aglomerado de gente se torne ainda maior, visto que as pessoas só terão aquele tempo, mas até pode ser que corra bem.
Na minha modesta opinião, de operadora de caixa, que vale apenas por uma, além de se implementar esse horário, sugeria que, tal como nas clínicas médicas particulares, houvesse uma marcação, pelo telefone de "visita ao supermercado" com data e hora marcadas, onde, dependendo do tamanho do supermercado, não estivessem mais de 10 ou 20 clientes ao mesmo tempo dentro do supermercado. Para isso funcionar teria de estar alguém na porta de entrada a controlar as entradas e saídas.
Também haveria um menor número de funcionários dentro da loja, teria de haver um plano onde nos fossemos revezando, e já agora, sem mexerem muito nos ordenados, porque as nossas despesas matem-se iguais.
Talvez assim, as pessoas só se deslocassem se a necessidade dos artigos fosse mesmo importante e urgente. Talvez também comece a haver necessitar de racionalizar alguns artigos.
Claro que seria uma situação temporária! Porque este coronavírus há de passar e havemos de voltar à normalidade.
Esta semana o caso começou a ficar realmente preocupante. As pessoas, andam a correr ao supermercado, a açambarcar tudo o que podem, como se a comida fosse acabar.
(Imagem retirada da internet e publicada por um cliente do continente)
Tem faltado algumas coisas, não porque não haja os artigos, mas porque não se esperava este açambarcamento, e é preciso repor, reforçar.
Hoje por exemplo, foi a loucura, ás 9:30h já as filas eram grandes, diminuiu um pouco à hora de almoço, mas se for como ontem, no horário pós laboral, volta a encher até se perder de vista o fim das filas.
Ainda se fosse como na greve dos combustíveis, que havia a hipótese de os alimentos não chegarem ao destino e ficarem retidos, mas não! Isto é um caso sério sim, devido ao contágio, não por se poder passar fome!
As pessoas disseram ter receio de os obrigarem a ficar fechados em casa e depois não terem nada para comer. Não acreditam que alguém lhes vá depois fornecer comida.
Então e o papel higiénico, perguntavam-se eles!? Isto vai dar em diarreia!? Não é por isso, diziam outros, é porque alguém disse para limparem as superfícies com um spray desinfetante com papel e depois meter no lixo! Então era para isso tanto papel!?
Uma senhora que me disse ter problemas de saúde, pensou levar máscara mas teve vergonha, e só foi comprar as coisas do costume, realçou que não fazer armazenamento.
Muitas pessoas ouviram as notícias sobre as praias de ontem (zona de Carcavelos) estarem cheias de gente, acusando as pessoas de inconscientes, desobedientes, porque os tinham dispensado da universidade/escola/trabalho para ficarem em casa e foram todos para esplanadas e praias. Enquanto uns vão pro supermercado esvaziar prateleiras, outros vão para praia desfrutar do sol! Fazer o que lhes foi pedido e recomendado, não! Talvez com vigilância policial...
Parece que o medo de passar fome é superior ao do contágio. É preciso calma, ter comportamentos adequados, principalmente de higiene e ouvir mais quem sabe, quem é profissional, do que os sensacionalismos da comunicação social, principalmente um determinado canal, felizmente é um canal por cabo e muitos velhotes não tem acesso.
Nós, que trabalhamos num supermercado também estamos muito expostos, temos um frasquinho em spray com álcool, para ir passando nas mãos e nada mais. Eu estou realmente preocupada, não só por mim, mas também pelos meus, aqueles com quem vivo. Para já ainda não tenho receio de ficar sem comida em casa.
A mensagem que ontem o jornalista Rodrigo Guedes de Carvalho da SIC deixou, tornou-se viral no bom sentido, por ser tão correta e sensata!
« Foi declarada oficialmente a pandemia. Permita-me recordar que nesta fase estamos todos no mesmo barco, não sabemos para onde vai, não sabemos qual a dimensão do perigo que espreita. Em Portugal, e até novas ordens, podemos fazer a nossa vida.
Mas com uma atenção suplementar: reduzir os nossos contactos físicos ao estritamente necessário, evitar aglomerações sempre que possível, manter uma higiene vigilante e respeitar o espaço dos outros.
É bom que os portugueses percebam que esta não é daquelas que se resolvem a pensar 'isto só acontece aos outros'. Dito isto, vamos manter a esperança e o animo porque a tempestade vai passar com a ajuda de todos nós, do país e do mundo.»
Que feliz fiquei quando cheguei ao meu posto de trabalho e percebi que o sistema tinha mudado! Mudou para melhor! Agora no visor o valor que surge é o preço final. Agora está tudo bem discriminado, tudo: o que acumula em cartão, o que é desconto imediato. Agora o somatório que vai surgindo é o valor real. Agora já não há sustos!
Nós tínhamos de estar sempre a dizer ao cliente que o artigo fazia o desconto no fim, dizíamos tantas vezes ao dia, que se tornava cansativo!
Espero que agora tanto o cliente, como nós, tenhamos mais tranquilidade.
Este artigo, à venda no supermercado, é hilariante! São pequenos "cocòs" brilhantes com olhos e têm no interior, slime, uma coisa pegajosa..
Um dia uma menina pedia á mãe que lhe comprasse. "Mas isto parece um cocò"! Ao que eu respondi "e é mesmo"! Vai a mãe diz "já inventam tudo, um cocò com olhos!" Quando digo o preço, esta mãe fica ainda mais admirada!
Vai a menina dá a explicação que faz todo o sentido e deixam-nos muito mais elucidados: "Sim é cocò, mas é cocò de unicórnio"!