Por vezes, ao vermos que as filas têm algumas pessoas em espera, queremos , nos despachar mais depressa, mas nem sempre é possível, porque há tempos que não podemos saltar. Há o tempo de saber se é com ou sem contribuinte, se há cupões, se o pagamento é em numerário ou em cartão, se querem descontar o saldo. Acredito que todos compreendem isso.
No entanto, há momentos em que estar a contar um monte de moedinhas pequeninas, é daquelas coisas, que só atrapalha. Então eu disse à cliente que já não era preciso mais moedas, que o valor já estava certo, mas ela queria substituir moedas de cinquenta cêntimos, por moedas pretas, então perante o facto de eu não estar a contar mais aquelas moedas, diz em voz bem alta "mas eu quero me livrar dos pretos!" Por mero acaso, no fim da fila estavam dois rapazes negros que ficaram a olhar. O cliente que estava entre eles riu-se e abanou a cabeça!
Felizmente a cliente lá foi feliz da vida porque conseguiu se livrar dos pretos dela!
Estou a atender uma família já habitual. Uma mãe, uma avó e um menino, o netinho. É o menino da família!
Das últimas vezes, que os atendi , o menino não estava. Por isso quando o vi disse-lhe "olá , já algum tempo que não te via por cá!" Ao que ele me contou que esteve doente, tinha sido operado a um apêndice.
E ali fui conversando com o menino, enquanto atendia as senhoras. O menino estava a olhar fixo para o ecrã, e diz-me "estou a ver quantos selos a mãe vai ganhar", digo o total, que por acaso era 190€, ele olha para mim, e pergunta-me quantos selos dá, eu que sou zero a matemática, fico em silêncio por uns segundos e ele responde: "9 selos"! Impressionante porque é um menino bastante novo. "És bom a matemática", digo-lhe. Pergunto se vai para o quarto ano, ao que ele responde: "vou para o segundo, só tenho 7 anos!" Respondo admirada: "só tens 7 anos?" E ele diz "então que idade pensavas que eu tinha!? " Respondo: "Pensei que tinhas mais, tens uma maturidade tão grande, és tão inteligente, pensei que tinhas mais!" E a mãe confirmou a idade!
A nossa conversa continua. Ele conta-me que já tem uns quantos pratos, uns quantos copos. Então digo-lhe: "Ena já tens enxoval, já podes casar, tens namorada"! Responde de imediato: "Tenho sim, dança comigo no racho! " E depois ainda conta mais alguma coisa, sobre a namorada.
Diz a mãe a sorrir : "conta a vida conta"! E continuou a falar, a falar. Foi uma lufada de ar fresco que eu tive naquele dia, naquele momento. Há crianças mesmo especiais, e tenho tido a sorte, e o privilegio de poder de socializar com elas!
É para mim, um certo stresse, estar a chegar à caixa, ter o posto para organizar, as moedas por abrir, e precisar ter a certeza que está tudo nos conformes para chamar os clientes, e as pessoas começarem logo a perguntar: "vai abrir, vai abrir"!?
Imaginem que eu digo, "podem ir pondo os produtos" e depois haver uma avaria na impressora ou no sistema e as pessoas terem de retirar os produtos!? Além disso, as pessoas têm que vir por ordem de fila, não é haver pessoas já nas filas e alguém acabado de chegar, ser logo atendido, não pode ser, há regras!
Houve recentemente, um dia, que uma pessoa fez a pergunta e eu disse que ia atender por ordem de fila. Assim sendo, chamei e vieram clientes que estavam nas filas de outras caixas.
Essa pessoa voltou lá e confrontou-me com a situação dizendo "daquela vez, as pessoas estavam lá paro o fundo, podia me ter atendido, que nem davam conta!" Respondi: "Ah mas eu gosto de cumprir as regras." Ainda procurei a câmara, a ver se era para os apanhados!
Estou a atender um casal de carrinho cheio, com um filho. Uma criança muito educada, e, no meu ponto de vista, sobre dotada!
Educadamente, perguntam-me como faço para o tapete andar, chamo-o para vir ao pé mim, mostro-lhe o botão e explico-lhe que à medida que vou tirando os artigos o tapete vai andando automaticamente. "Muito obrigado por me teres explicado, pois sempre quis saber!" Os pais dizem-lhe para se calar, mas ele só queria conversa.
Começa a dizer como se calcula a raiz quadrada dos números, dizendo que está no terceiro ano, mas que já sabe coisas do 12ªano. Digo-lhe que matemática é o meu ponto fraco! Então ele prossegue, dizendo "então e capitais sabes?" Eu digo "algumas"! Logo a primeira que ele me pergunta, fico a patinar, então ele responde. Depois vai perguntando, e eu, como boa aluna, lá vou respondendo, e a cada resposta certa ele, faz-me um ok com o polegar. Os pais vão dizendo para ele se calar, mas ele estava tão entusiasmado e divertido, quanto eu!
Alegrou tanto o meu dia. Gostava tanto de o voltar a ver ! Já ele não estava lá e sempre que me lembrava dele, dava-me vontade de rir!
Que criança adorável, educada, inteligente, divertida, curiosa!
Já aqui fui criticada, por cismar com os sacos que os clientes trazem de casa e os levam no carrinho de forma suspeita, mas continuo a ter motivos para essa cisma!
Aconteceu com uma senhora, uma cliente já aí com uns 60 anos, depois de colocar as compras, passa com os sacos de uma forma que enchia o carrinho, e diz-me: "pronto , o que agora aqui vai, são só sacos!" Eu digo à senhora "sim, mas nós temos de ver "! Dou a volta para ir ver e encontro artigos congelados num saco de congelado, mas com outro saco por cima, eram montes de artigos congelados, encontro outro saco com pistácios e outros aperitivos, ia levar tudo sem pagar! E enquanto eu descobria esses artigos, ela ia apressadamente arrumando os outros. Não demonstrou qualquer arrependimento ou vergonha e eu é que fiquei nervosa!
Foi uma situação, que apesar de fazer parte do quotidiano do supermercado, me surpreendeu e enervou. Claro que comuniquei a situação a quem devia.
Deveria haver um sensor que captasse imagem na passagem do carrinho de compras, e, depois no nosso ecrã, existir uma forma de aparecer um RX do interior do carrinho, como naqueles tapetes do aeroporto por onde passam as malas dos passageiros. Muitas vezes, os clientes não querem mostrar os sacos , outros ficam ofendidos de pedirmos. Mas também podia acontecer eu ter feito aquele passo de ir espiar os sacos da cliente, e não ter razão e depois eu é que ficava mal. Acho que foi um feeling, porque a senhora não tinha nada ar de ladra!
Continuo a dizer que quem não deve, não teme. Tem é que haver educação e cordialidade entre operador e cliente!
Uma cliente, por acaso brasileira, pergunta-me se temos, auga marinha. Respondo com outra pergunta: "não sei, mas vem engarrafada!?" Ao que a senhora diz que "vem em folhas, e que é para por o sushi"! Como estava lá uma colega da reposição. chamei-a para ela me ajudar a entender a senhora!
Afinal. o que a senhora queria, eram algas marinhas, como os brasileiros não usam o "L" como nós eu entendi água marinha!
Uma cliente estava a arrumar os seus artigos nos sacos, quando me diz que se esqueceu de uma coisa e que vai, num instante, buscar!
Entretanto o tapete começa a ficar cheio de coisas, eu termino o registo e a senhora, nunca mais volta. Com a intenção de despachar as coisas, para que os outros clientes não fiquem á espera, vou embalando as compras da senhora nos sacos, colocando os detergentes nuns sacos e os alimentos em outros. Quando ela regressa, não trazia um, mas vários produtos. Quando vê que embalei os artigos nos sacos, despeja-os, dizendo que, tinha de levar as coisas separadas, porque havia coisas dela e outras da mãe!
De vez em quando, surgem estas pessoas assim, sem noção. Só fez foi empatar os outros clientes. Nós por vezes queremos ajudar, com o embalamento nas compras nos sacos, e as pessoas, são cheias de critérios para as compras irem nos sacos!
O produto que agora mais se comenta o seu excessivo aumento é o azeite, daí a expressão " o azeite está ao preço do ouro"! No continente, ainda se consegue comprar um frasco de 750 ml ligeiramente inferior a 6€. Mas, não está fácil! É um produto considerado bem essencial, e as pessoas não compreendem este aumento! Já me perguntaram se eu tinha conhecimento do motivo, visto que há muitas oliveiras em Portugal! Não soube dar resposta!
Um destes dias, um casal de avós, teve a ideia peregrina de colocar a netinha pequenina (praticamente bebé) dentro do cestinho de rodas e na ponta do tapete, para a criança andar, como se aquilo fosse um carrossel.
Riam-se muito, divertidos, sem noção, do perigo, da insensatez. Foi um colega que me chamou a atenção, o que fez com que eu imediatamente desligasse o tapete rolante, mas o pedaço de tempo que o tapete andou ficou sujo das rodas do carrinho e até riscado. Só lamento ter ficado tão perplexa, que não consegui dizer alguma coisa, mas, ao verem que o tapete não ia andar tiraram a criança!
Ainda devem ter achado que fui uma chata por não ter participado naquela brincadeira! Certamente o meu semblante , falou por mim! Muito gostam os adultos de achar que o tapete serve para colocar lá as crianças! Certamente já viram algo parecido!
Eram uns avós aparentemente todos chiques, mas com esta atitude adolescente e parva! Se acontece um acidente, de quem seria a culpa? Que gente mais inconsciente!
Estava tudo a correr normalmente, mas de um momento para o outro, as filas começaram a aumentar.
O Continente tem o balcão de atendimento, onde quem lá está, consegue perceber, normalmente, quando é altura de chamar mais alguém para as caixas.
No entanto, já por diversas vezes, os clientes me pediram para eu chamar alguém para as caixas. Isso voltou a acontecer. Eu disse que as colegas já iam chamar, porque eu até podia chamar, mas cada macaco no seu galho, e a situação ainda não estava nesse ponto de gravidade!
Por vezes não é possível chamar logo naquele momento, é só preciso terem um pouco de paciência!
Entretanto, um cliente que estava na fila, e que tinha com certeza ouvido uma outra cliente, já lá ter ido pedir para eu chamar alguém, diz-me:" olhe lá, estão ali duas colegas suas na conversa, não as pode chamar para a caixa!?"
Primeiro, fiquei com o meu ar de espanto a olhar para o senhor, depois procurei ver quem seriam as colegas. Quando percebi disse ao senhor:" olhe aquelas colegas não estão na conversa, é uma chefe , certamente a transmitir uma ordem de tralho à operadora de loja. Nenhuma delas é das caixas. E também é preciso pessoas para colocarem os artigos nas prateleiras!"
Isto é mesmo inacreditável, agora os clientes, querem ser eles a decidir quem vai para as caixas. Certamente metiam todas as pessoas nas caixas e depois não iam ter artigos nas prateleiras!