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A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

A lupa de alguém

Sou operadora de caixa num supermercado Continente modelo. É esse universo que eu trato neste espaço...

Conversa (des)animada

No final do registo das compras, chega a fase das perguntas e resposta entre operadora de caixa e clientes.

 

Operadora de caixa: Quer descontar o saldo do seu cartão?

Cliente: Quanto saldo é que tenho?

Operadora de caixa: O seu saldo é superior ao valor da compra, mas só quando sair o talão é que lhe posso dizer dizer de quanto é! Quer descontar?

Cliente: Assim, não! Fica para outro dia!

 

Não desconto o saldo, a cliente paga, entrego o talão e revelo-lhe o valor do saldo que é significativamente superior ao valor da compra.

 

Cliente: Afinal tinha lá dinheiro que dava para pagar a conta!

Operadora de caixa: Sim, foi como lhe tinha dito!

Cliente: Mas assim, podia ter descontado!

Operadora de caixa: Mas a senhora disse que ficava para outro dia!!??

Cliente: Pois, porque pensava que não chegava para a conta toda!

 

A dado momento, só me apetecia fugir dali (qualquer operadora pode ter esta vontade, mas lá está, nós somos pobres e precisamos deste trabalho)! Tive de deixar a cliente levar a razão e eu que a tinha, fiquei sem ela!

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Abram alas pra ela

O movimento está calmo, mas mesmo assim, estavam pessoas na fila. Estou a atender um senhor, e do lado de saída,  está uma senhora a abrir os sacos  que tinha dobrados. O tapete do lado de saída ficou  ocupado com esses sacos abertos. Como as pessoas, não têm os laços de família escritos na testa, eu pensei que o cliente que eu estava a atender e a senhora que preparava os sacos estavam juntos.  Mas não,  a senhora tinha o seu marido no fim da fila, mas para se despachar, foi adiantando trabalho, e,  ocupando o espaço que naquele momento, era do cliente que estava a ser atendido.

Tive de lhe pedir para ela tirar os sacos e aguardar a sua vez, mas não foi fácil ela entender. É que eu tinha pessoas para atender e essas pessoas não tinham espaço para arrumarem as compras, porque a madame, estava lá com os seus sacos!

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Ter resposta imediata

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Por vezes tenho a sensação, que muitos clientes, acham que as operadoras de caixa sabem tudo. Todas as promoções (inclusive as do futuro), tudo o que se passa nas outras secções, todos os preços, o lugar onde está cada artigo...

Se não temos a resposta pronta, temos ao nosso lado um telefone, para podermos chamar alguém para ajudar o cliente. É claro que demora um bocadinho e que na maior parte das vezes o cliente não tem tempo para esperar...

Recordo-me de já me terem dito "nunca sabem nada"!

Apetece-me dizer que neste supermercado, bem organizado que é,  cada macaco está no seu galho. Cada um tem a sua função,  a sua secção, a sua formação, a sua responsabilidade e o seu conhecimento. É só accionar a pergunta e aguardar um pouco, porque a resposta já vem a caminho!

Apenas se pede tempo e paciência!

A paciência diminui ou aumenta com a idade!?

Há mais de 10 anos como operadora de caixa e a lidar com o público, com o repetir das situações, devia de estar mais paciente, certo? Porque, também diz o censo comum, que os avós são mais pacientes para os netos do que os próprios pais, pois têm mais tempo, menos stresse... Assim sendo,  a idade deveria dar-me mais paciência e mais tolerância!

Então não sei o que se passa comigo! Ou são as pessoas ( clientes) que estão mais mesquinhas e reclamavam de tudo e de nada ou é mesmo a minha paciência que está a diminuir...

Que  paciência infinita, Deus me dê hoje e sempre!

É preciso lata para tanto saco!

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Sempre que escrevo um post sobre sacos, tenho sempre dois tipos de comentadores, os que são a favor da distribuição desmedida e gratuita dos mesmos e os que são ecologicamente contra. Muitas vezes, acontecem-me episódios relacionados com o assunto, mas se eu fosse a escreve-los todos, tornavam-se repetitivos.

 

Mas mesmo assim, este tenho de o contar:

Quando determinado casal, já de alguma idade, mas não velhinhos, chega à minha caixa eu tinha um monte de sacos no tapete porque os estava a organizar. O senhor dá uma cotovelada a esposa diz-lhe baixinho: "vá apanha estes sacos!" Como se eu não estivesse a ver nem a ouvir. Resolvi respirar fundo e não ligar. Mas fiz questão de embalar todas as compras com os sacos os que eu tinha à frente, não colocando assim, outros à disposição. Entretanto a esposa pega nos sacos e vai andando, enquanto o senhor fica a pagar. No final diz-me: "olhe não me dá uns saquinhos"! Pensei : Que grande lata! Respondi, em tom suave : " olhe peça à sua senhora que ela levou um ganda monte deles!" O senhor respondeu :" Ah levou!? Não fiz reparo!"

Enfim...até uma pessoa calma como eu perde um pouco a paciência se está a ser "enganada"! 

Afinal, a paciência pode-se comprar!

 

Um cliente trazia um pacotão de 5 litros de vinho, e dizia-me:

- Isto é para a minha esposa, a ver se ela tem mais paciência!

Eu percebi que era vinho, e nem reparei no nome, e até pensei que ele queria deixar a esposa com uns copitos a mais de forma a aliviar o stresse.  Respondi apenas com um sorriso. Mas ele prosseguiu " é o único que traz paciência!" Foi aí que eu percebi tudo! O próprio vinho tem o nome de paciência.

Hoje este tema veio á conversa com outro cliente, e este disse-me que o nome paciênciaera o apelido do dono da herdade (em Alpiarça) onde este vinho era (ou é) produzido.

Estou sempre a aprender coisas novas!

O talão perdido

Há dias, um cliente que eu estava a atender, mas que ainda não tinha concluído o registo, apanha um talão deixado lá por outro cliente e começa a olhar fixamente para o mesmo. E eu vou registando as compras e ensacando, já que este cliente parecia ter mais que fazer!

Entretanto diz-me: " Olhe que isto não está bem! Eu só levo 6 litros de leite e você marcou 36."  

E eu respondo:" mas esse talão não é seu."

E ele ainda responde: "é! é"! 

Respondi: "O talão só sai  depois do pagamento, o senhor já pagou? " 

Conclui: "Ah não! "

É preciso paciência!!! Eu que ando sempre a apanhar os talões que lá deixam, logo deixei escapar aquele.

Há clientes com uma agenda muito preenchida, não podem esperar...

 

Uma senhora que apenas tinha, como artigo uma lixivia da marca Continente, pede-me que passe factura do artigo. Como cliente seguinte está um senhor já bem conhecido de nós operadoras por ser uma pessoa preconceituosa ( uma vez, disse que não ia á caixa do meu colega porque ele tinha um brinco); é um senhor já reformado e passa o dia a passear  e a fazer caminhadas ( é o que ele está sempre a dizer). Ao ouvir a senhora a pedir a factura murmurou baixinho " pedir factura por uma coisa tão barata"! Diz isto e abana a cabeça.

 

Entretanto,  a impressora encrava, e ele diz :" Vou ter de estar à espera?!" E desta vez sou eu que murmuro baixinho "deve ter muito que fazer"! Eu não queria falar, foi o meu pensamento que se verbalizou!  A senhora sorriu e o homem olhou-me de olhos esbugalhados. Não sei se ele me entendeu, espero que tenha ficado na dúvida!

 

Uma pirâmide de artigos sobre o tapete...

Estava tão concentrada a atender uma cliente, que não reparei no que o cliente a seguir fazia. Quando olho, vejo uma espécie de pirâmide feita com artigos sobre o tapete.

 

O  cliente quis despejar por completo o carrinho para poder passar para o outro lado e como a mercadoria não cabia toda, resolveu amontoar tudo. Quando vi aquele espectáculo até levei as mãos à cabeça, o tapete nem andava, tal não era o peso.

 

Depois aclamei-me e pensei :" bom isto não vai ser fácil, mas com tempo e paciência, vou conseguir!" Porém, enganei-me o pior ainda estava para vir. O cliente tinha um saca de ração para cães por baixo daquilo tudo e pediu-me para eu a passar primeiro, para ele a poder colocar no fundo do carrinho! Aí, passei-me dos carretos! Usei o dito sorriso sonae, e disse-lhe "...e como é que quer que eu faça isso?" E o senhor, disse : " pois não consegue..."!

 

Bolas que por vezes dá vontade de iventar um "manual para o  cliente"!