Estava a atender um jovem pai com a sua filha. A pequena achou graça aos rolinhos que temos para os artigos descerem. Então estava a empurrá-los para cima, para já depois de registados, virem até mim.
Com a brincadeira, a empurrar, estava a fazer com que viessem ter ao pé do scanner e a serem registados de novo. Eu tinha de anular. O pai não dizia nada! Ou não queria saber ou nem se estava a aperceber.
Resolvi então dizer-lhe "olha que assim as coisas registam-se de novo e o pai tem de pagar duas vezes!" E a criança percebeu e parou com aquela atitude e ficou sossegada o resto do tempo!
Quando há uma causa destas, há que falar dela e divulgá-la.
E esta causa está relacionada com aquelas três que defendo, porque ajuda:
Pessoas, já que pretende reforçar a doação de excedentes, garantindo que a ajuda chega a mais instituições de forma transparente e justa.
Ajuda animais através da doação de excedentes alimentares a instituições de apoio animal e parcerias com associações como a Animalife .
Também apoia o ambiente ao combater o desperdício alimentar através de várias iniciativas que visam reduzir a quantidade de comida que vai para o lixo, promovendo a sustentabilidade e o aproveitamento de recursos.
«Com a “Missão que Alimenta”, o processo de seleção das instituições passa agora a ser realizado através de uma plataforma online, com candidaturas abertas de três em três anos. Podem candidatar-se entidades sociais ou de apoio animal, com atividade em Portugal Continental e na Região Autónoma da Madeira. Todas as candidaturas elegíveis serão avaliadas por um júri composto por parceiros da Missão Continente.
O programa Missão que Alimenta alia o nosso compromisso de reduzir o desperdício alimentar a responsabilidade social, através da doação de produtos em perfeitas condições de consumo mas que já não cumprem todos os critérios comerciais e, por essa razão, criam excedentes nas lojas. Todos os dias, através das nossas 400 lojas, asseguramos que estes produtos chegam a quem mais precisa, em parceria com instituições sociais e de proteção animal.»
As associações podem pesquisar mais informações e fazerem a sua candidatura no site do continente
De vez em quando, recebo por email, ofertas de publicidade, para o blogue, mas principalmente para a página de Facebook.
Não sei de futuro não mudarei de ideias, mas para já não tenho aceitado. Uma coisa que me aborrece muito, é querer ler uma noticia qualquer, e surgir publicidade, ter de aceitar cookies, e sei lá que mais. não quero sujeitar os meus seguidores a isso, é muito aborrecido!
Prefiro continuar aqui com as histórias e conversas de caixa, e com as minhas causas!
Estava a atender uma simpática senhora, brasileira que vinha com o seu filho, um jovenzinho especial, com um sorriso doce.
A sra disse -me " hoje trouxe o meu filho que aceitou me ajudar em troca de um chocolate... não foi de graça não!" Então eu disse -lhe "gostas muito de chocolate é!?" Ele sorriu timidamente. Não falou, não sei se falava, mas sei que ele me entendeu.
Quando registei o chocolate, ele pegou logo nele, meio envergonhado. Quando me despedi da mãe disse acenando "tchau"ao rapaz e a mãe disse para ele me dizer tchau e ele lá sorriu e acenou.
Havia ali muito cuidado, muito amor . Fico grata por estes momentos e por pessoas assim tão simpáticas, porque podia ser apenas mais duas pessoas que vieram comprar pão e leite, com as questões básicas do costume, pagamento e adeus, mas foi muito mais que isso.
Nem sempre é fácil quando surge alguém a pedir prioridade, algo que faz parte do quotidiano do supermercado, em que é preciso sensibilidade e compreensão, e ás vezes quando a situação não é visível, um documento.
Estou a acabar o atendimento a uns clientes, a seguir estão duas pessoas de idade, depois está um jovem, e logo a seguir um velhote com bengala e com dois ou três artigos nas mãos , que diz que vai passar porque tem prioridade. O jovem desvia-se , mas o casal de idosos, a esposa, ralha com o marido e diz " Estás a ver!? Não quiseste trazer a bengala, agora ficas para trás!" Realmente o senhor parecia coxear. Então tive de dizer ao senhor que pediu prioridade, que aquele senhor também tinha prioridade, e que quando havia duas pessoas na mesma situação, tinha que respeitar a ordem da fila.
Recordo-me de uma vez, numa situação parecida, alguém dizer que passa à frente quem tiver o problema maior. Mas acho que se fosse assim, a situação ainda seria mais difícil, pois dependeria de avaliação, e não há tempo para isso, pois ali, temos de tomar decisões rapidamente! De qualquer forma, ainda bem que neste caso o problema era idêntico.
Felizmente, neste episódio, aceitaram e tudo se resolveu bem.
Acontece, por diversas, vezes quando estou a atender, seja um casal ou mesmo duas pessoas que estão juntas, uma ficar mesmo encostada a mim a retirar-me praticamente os produtos das mãos , para os empurrar para a outra pessoa. É uma situação enervante, pois chegam a arranhar-me.
Além disso, há artigos que ou não passam à primeira ou tenho que os digitar, e já me estão retirá-los das mãos. Houve uma situação em que tive de quase implorar ao cliente para que me deixasse registar, porque porque estava praticamente debruçado sobre o tapete para alcançar mais depressa o artigo. Ás vezes dava jeito ter um escudo protetor.
É que não é necessário estas atitudes, porque depois de registar, eu própria, empurro o artigos, pelos rolinhos, para o cliente.
Estava num momento de pouco movimento a conversar com os clientes, porque há clientes que gostam de conversar, e entre as questões habituais, dava para os ouvir, principalmente, queixas do custo de vida é o tema mais comum.
A dada altura a cliente pega nos sacos e vejo-a pronta para ir embora, então não digo nada, só olho para ela, e ela diz-me "falta alguma coisas"!? Ao que eu respondo: "Sim, falta só pagar, nada de importante!" E a senhora atrapalhada a pedir desculpa, a dizer que não foi por mal. "Eu sei que não", respondi-lhe.
Acabou por ser um momento que quem assistia também se ria da situação!
As causas que tenho/defendo e que de certa forma estão relacionadas com o meu trabalho, como operadora de caixa são:
Pessoas:
Crianças, velhinhos, doentes, com necessidades especiais, sem dinheiro (dificuldades financeiras acentuadas).
Precisam sempre de mais tempo, disponibilidade, paciência, tolerância, e por vezes os que estão com pressa, nem os vêem. Tento ajudar com em campanhas de banco alimentar, ou com a missão continente, mas principalmente, com disponibilidade.
Quando uma criança vai sozinha comprar alguma coisa, não acontece muito, mas existe, tento usar uma linguagem adequada e afetiva.
Certa vez, uma jovem moça, que estava a atender, pediu-me ajuda com a aplicação do continente. Lá estava eu a mexer no telemóvel dela para ajudar e percebi que a aplicação estava diferente. Então eu disse "ah mas isto está diferente"! E ela diz-me "é uma aplicação adaptada a cegos!" Eu não tinha percebido que a moça era cega. Tentei ajudar como pude, e fiquei agradada por o continente, ter esta opção.
Animais:
Abandonados, de rua, nas colónias, nas associações, sem dono, doentes.
Também participo nas campanhas do banco solidário animal, nomeadamente a divulgar a campa, vendendo vales solidários, mas é no "terreno" que sou mais interventiva.
Ambiente:
Falta de civismo, deitarem lixo no chão, não deixarem os espaços limpos, sujarem à espera que outros limpem, redução do uso de sacos de plástico, sacos ecológicos.
Este é um caminho longo, mas onde já se vê muitos clientes, preocupados e cooperativos. Alguns trazem sacos de casa mais para poupar a carteira, do que o ambiente, mas mesmo assim, é positivo! No entanto, há sempre quem deite papéis para o chão quando há tantos caixotes do lixo, dentro do estabelicente e até fora.
Estou a atender uma simpática senhora, que trazia uns quantos packs de seis litros de leite, e ponho-me a fazer contas de cabeça em voz alta, mas a tabuada e a matemática nunca foram o meu forte, e não saiu bem à primeira.
Peço desculpa e a senhora riu-se . Conversa puxa conversa e ela conta-me que foi professora muitos anos. Confesso-lhe que esse foi o meu sonho durante anos. E ela diz-me "mas olhe que tem cara disso, seria certamente uma boa professora!" Foi algo que já não era a primeira vez que ouvia, e não pude deixar de ficar emocionada.
Como o movimento estava fraco, ainda ficamos ali mais um pouco na conversa. Contou-me que teve o privilégio de ficar muitos anos na mesma localidade e que, por isso, chegou a ser professora de pais e depois dos filhos.
Mesmo só com aquele bocadinho de conversa, fiquei a admirá-la e tenho a certeza que marcou pela positiva a vida dos seus alunos.
São também estes momentos que me fazem bem vivenciar!