O dia de trabalho estava a correr normalmente, e até tranquilamente, como é hábito às segundas-feiras.
No entanto, a dada altura, o sistema do cartão continente, bem como a aplicação, começa a ficar lento. Nestas alturas, eu sei que é importante manter a calma, porque o problema não é meu (nosso), e esperar, é a única alternativa. Mas eu sou uma pessoa stressada, e a situação mexe com o meu sistema nervoso. Felizmente esta situação é por um curto espaço de tempo, mas que parece uma eternidade!
Estava a atender uma pessoa conhecida e como o sistema não avançava, deu para estar a conversar. Mas tive o cuidado de dizer ás pessoas da fila, que estava na conversa porque tinha de esperar o sistema responder, porque um senhor já estava a soprar, certamente a achar que eu estava na conversa e não despachava os clientes.
Houve clientes que não se importaram de não passar cartão continente, para esses o sistema funcionava no tempo normal.
Por vezes, eram os próprios clientes que me diziam, para ter calma. A esses o meu agradecimento pela compreensão!
O último cliente que atendi, o tempo de espera foi ainda maior, sei porque contabilizava os minutos que demorava com cada cliente. Antes informei que passando o cartão o sistema ia demorar mais, mas o senhor queria descontar o saldo, então, a única solução era esperar. A dada altura o senhor perguntou se podia deixar o contacto dele, e depois quando o sistema estivesse bom, ir lá pagar! Entretanto lá conseguiu descontar o saldo e pagar!
Estava a atender uma senhora já com certa idade, que ia olhando para o visor, onde vai passando os preços. Pensei que poderia algum artigo não estar a passar ao preço que a senhora tinha visto.
Então perguntei se estava alguma coisa a preço diferente. A senhora respondeu que não era isso, disse que o problema era que tinha de retirar algumas coisas porque o dinheiro não ia chegar. Não é fácil ouvirmos isto, mas ultimamente, acontece com alguma frequência. Perguntei o que queria deixar, e ela lá retirou umas quatro ou cinco coisas, pediu desculpa, dizendo que só trouxe dinheiro, porque deixou o cartão em casa.
Talvez seja verdade, ou talvez não tivesse mesmo mais dinheiro. Uma jovem, grávida estava a seguir, reparei que estava triste com a situação. Quando a senhora saiu, a jovem disse-me que infelizmente a situação não estava fácil, que também estava sempre a contar o dinheiro, e que gostaria de ter muitos filhos, mas que, desta forma, só teria um. Mas também me disse que tanto aquela senhora como a sua avó eram muito apegadas ás marcas originais, quando as marcas brancas são uma opção mais económica e têm qualidade. Reparou que a senhora levava arroz Cigala agulha, farinha branca de neve, leite mimosa, e uma garrafa de detergente, de marca para a roupa. E mostrou-me que levava um protetor solar da nossa marca branca, sabendo que os produtos desse tipo até tinham sido elogiados pela Deco. E na verdade levava a maioria dos artigos de marca branca. Também me disse, que está sempre atenta a promoções, e que usa cupões.
Estamos numa fase onde as pessoas desabafam e se queixam do custo de vida. Antes notava estas queixam só nas pessoas mais idosas, agora é em qualquer idade, e tanto em pessoas que não têm trabalho, como nas que trabalham e mesmo assim, expressam dificuldades. Claro que também há pessoas que não têm dificuldades, e estão completamente à vontade.
Nós estamos ali, apenas podemos ouvir, apoiar e compreender. Não tenho coragem de dizer a uma pessoa que leva um produto de marca original, para levar antes um produto de marca branca, porque, também é bom! Cada pessoa é que tem de decidir o que é melhor para si.
Também tive uma fase em que dizia que só usava o arroz daquela marca, porque só assim ficava solto. Agora uso a que estiver em promoção e come-se na mesma!
Os cupões de desconte de 15% em toda a loja, são já um clássico do continente. Uma semana para entregar o cupão e a semana seguinte para descontar o saldo acumulado.
Felizmente já há clientes que percebem a mecânica. No entanto há outros, que acham que a nossa caixa registadora é um computador ou uma bola de cristal e assim nós ao passarmos o cartão continente, já sabemos, o saldo que o cliente tem, o saldo que está a expirar e o que pode ficar até ao Natal!
Alguns clientes ficavam admirados quando perguntava se queriam descontar o saldo e respondiam:" Então mas está a brincar comigo!? Se não o descontar, perco-o!"
Outros, eu perguntava se queriam descontar. Diziam que não! Eu perguntava se não era do saldo dos 15% que expirava. Alguns respondiam que não, e tinham razão, outros ficavam na dúvida, outros só percebiam que era para descontar, depois de surgir no talão e de já terem pago! Outros ainda, achavam que eu tinha de saber a parte do saldo que era para descontar.
Um dia o nosso sistema vai evoluir, e vai aparecer no ecrã o valor do saldo do cartão, a parte que está a expirar, e depois o cliente vai achar que é invasão de privacidade!
Aqui há uns dias ajudei uma senhora na escolha de um alimento para o seu animal de estimação. Ela queria algo para um gatinho bebé, e não sabia o que lhe dar. Trazia ração e paté para gato adulto. Então, e como era um dia calmo, uma segunda-feira, expliquei onde estava a alimentação adequada, e à segunda tentativa, lá encontrou.
Lá me contou como o animal lá tinha ido ter a casa. Eu que adoro gatinhos e também tenho um, o assunto entusiasmou-me, dei alguns conselhos e dicas.
Dias depois voltou lá, e eu, que até não sou boa a decorar caras, lembrei-me dela e do gatinho. Então perguntei, como estava o animal. Era só uma pergunta. Mas era um dia com muito mais movimento. Mas a senhora, falava, falava, dos feitos e gracinhas do bichano, e não arrumava os produtos, até foi ao telemóvel, procurar fotos do gato para me mostrar. Eu já arrependida de ter perguntado, as pessoas na fila a olhar. Estava um senhor a rir-se na situação e a perceber a minha aflição, em querer despachar o serviço. Até que eu disse à senhora que não podia ver as fotos naquele dia, mas que me mostrava num dia mais calmo. Felizmente as pessoas entenderam e até pareciam achar alguma graça à situação.
Não sei se ela entendeu. É certo, que há dias, em que não podemos fazer este tipo de perguntas, ás pessoas, porque um simples "então como está?", dá um discurso enorme, porque as pessoas gostam de ser ouvidas, porque se calhar, naquele dia, somos a sua única troca de palavras.
Mas sempre que possível, e sempre que existir disponibilidade das duas partes, darei toda essa atenção e carinho, porque também a tenho recebido ao longo dos anos!
Os termos Blogger, bloguista , blogueiro, blogueira, são estrangeiremos, ou português do Brasil, não existe bem, um termo português de Portugal, então tive a ousadia de inventar um. (Blogue) Blog + Literata (escritora).
Os termos Blogger, bloguista e blogueiro, são estrangeiremos, ou português do Brasil, não existe bem, um termo português de Portugal, então tive a ousadia de inventar um. (Blogue) Blog + Literata (escritora).
Blogliterato para o masculino.
Blogliterata para feminino.
Claro que isto é só uma brincadeira ! Sem querer ofender a língua portuguesa!
Aqui há uns dias, estava a atender uma cliente que depois de colocar os artigos no tapete, passa para o outro lado, mas leva lá um saco térmico, que percebo que tem coisas dentro. Havia espaço no tapete para o colocar.
Eu : E esse saquinho aí?
Cliente : São os congelado, já lhe dou, estão aqui, para não se estragarem.
Eu: Mas tem ali espaço para o saco !
Cliente: Está com medo que eu não pague !?
Eu ( já a começar a stressar): Não se trata de ter medo, são regras, os artigos , não podem ir para esse lado, não estando registados e ainda por mais, dentro de sacos!
E pronto lá meteu o saco. Havia necessidade disto!?
Foi difícil encontrar na internet um fundo de caixa parecido com o meu, mas depois de fazer alguns ajustes, consegui ilustrar.
Cada um de nós tem a liberdade de organizar o dinheiro da forma que entende, da maneira que achar mais fácil, para manusear tanto as moedas, como as notas.
Para mim, as moedas têm que estar de forma decrescente, em baixo de UM euro até aos dez cêntimos, em cima dos cinco cêntimos, até um cêntimo, o compartimento que sobra é para as moedas de dois euros, quando existem. As notas também estão organizadas como na imagem, começando pela de menor valor até à de maior valor, sempre direitinhas e viradas para o lado da frente onde se vê o número e a faixa dourada, se assim lhe posso chamar!
Mas isto é a minha organização, a que me faz sentido, para melhor guardar o dinheiro e melhor fazer o troco que tenho de entregar ao cliente. Por vezes, quando tenho de substituir algum/a colega que tenha uma disposição diferente, já ando ali, à pesca, porque não pensamos todos na mesma maneira, o que é perfeitamente compreensível e legitimo!
Talvez, só quem trabalhe ou já tenha trabalhado, com esta parte da caixa registadora, perceba a relevância deste este assunto. No entanto, quem está do lado de fora, pode assim ficar a saber, do funcionamento e da importância desta organização!
Como já aqui disse, apesar de existirem clientes mais desafiantes, gosto do que faço, pode parecer um trabalho ás vezes monótono, mas há sempre situações caricatas, que nos despertam, que nos incomodam, que nos ensinam alguma coisa, e até que nos dão vontade de fugir...
Há uma senhora, que até é educada e simpática, mas que para mim, é a empata filas, pois quer venha sozinha ou acompanhada, tem quase sempre a tendência de empatar, ou porque se esquece de alguma coisa, e deixa os artigos no tapete e desaparece, ou porque tem de ir buscar um carrinho, ou porque se esqueceu de imprimir cupões, ou porque está na conversa e não me responde ás perguntas. Enfim...
Desta vez já tinha pago e tinha os sacos sobre o tapete quando lhe toca o telemóvel. Decide atender, encostar-se e não retirar os sacos que estavam a ocupar todo o tapete de saída, impedindo que eu atendesse os clientes seguintes.
Ainda aguardei alguns segundos, mas ela continuava no corte e costura da sua conversa. Até que o cliente seguinte lhe diz já um pouco impaciente e com toda a razão: "importa-se de retirar os sacos daqui, que as pessoas estão à espera!" Ao que ela responde, achando-se no direito disso "olhe, educação e boas maneiras nunca fizeram mal a ninguém!"
A pessoa ainda acha que os outros é que tinham de esperar pacientemente ela acabar o telefonema, para terem o espaço livre para serem atendidos! É caso para dizer "mas que grande lata!"
Estou a atender uma cliente que resolve se debruçar sobre o tapete, colocando o seu nariz mesmo em cima dos rolinhos, para me dizer que cheirava a peixe!
Pois é normal, que cheire já que, mesmo que estejamos sempre a limpar, o peixe é algo que sempre deixa cheiro! Mas resolvi limpar com com o spray à frente dela!
Aposto que naquele momento o nariz dela ficou com mais cheiro que os rolinhos!
Está a chegar à minha caixa uma família habitual, mãe, avó e um menino muito esperto, conversador, educado, com quem adoro falar!
Eu: Olá, então como estás!?
Menino: Mallll!
Eu : (risos) Agora parecias um velhote a falar!
Mãe: Ai ai, rapaz
Eu: Então, pediste alguma coisa que não te deram, foi!?
Menino: Não é isso!
Eu: Então, mas até estás quase férias!
Menino: Quase!? Mas ainda faltam duas semanas!
Eu: Pois , está quase...
Menino: Mas o meu irmão está na secundária e já está de férias, é por isso!
Suponho que este menino esteja no terceiro ano do ensino básico. Recordo-me do tempo em que ele gostava da escola, também me recordo, que depois, passou a não gostar tanto.
Quando ele se despediu de mim desejei-lhe que ele ficasse bem. A avó disse que ele se não existisse tinha de ser inventado!
O que é certo é que ele me animou, e tornou o meu dia mais leve , sempre que me lembrava dele, apetecia-me sorrir!