O trabalho de uma operadora de caixa, aparentemente parece não ter, grandes problemas a nível de segurança e saúde, mas, se analisarmos bem, tem alguns problemas, que a meu ver, até poderiam ser minimizados!
Há lesões, que com a repetição de tarefas, podem surgir, e outras que surgem, porque alguns clientes, insistem em entregar em mãos artigos pesados, quando colocados sobre o tapete, seria uma tarefa mais leve. Entendo que queiram , colocar no fundo no carrinho os pesos, mas não imaginam o esforço físico que essa tarefa acarreta para os funcionários.
Pessoalmente, já arranjei uma estratégia, que é pedir ao cliente que levante o artigo no tapete de saída, alguns aceitam, outros não!
Há situações em que é difícil mudar mentalidades, talvez uma cartaz ajudasse, a consciencializar os clientes.
A nível psicológico, nem todas as pessoas lidam bem com o público, principalmente quando alguma coisa falha, ou há filas e os clientes começam a falar aos berros, quando os clientes nos dizem frases desmotivantes, criticas desnecessárias, ofensas.
Felizmente que nestas situações, os funcionários mais antigos ajudam , os que estão a chegar, mas uma ajuda profissional, de vez em quando, seria útil!
Está a decorrer no continente, mais uma campanha de vales solidários, através da missão continente, para o Banco solidário animal, Animalife.
Somos também nós, operadoras de caixa, que divulgamos na caixa a campanha aos clientes e perguntamos se querem contribuir através dos vales de €1 ou €5 .
No meu ponto vista, nas situações que tenho divulgado a campanha, porque apesar de não ser boa "vendedora" sou muito dedicada à causa animal, tenho encontrado um misto de situações.
Tenho encontrado pessoas que neste âmbito, e de forma positiva, dizem preferir ajudar animais a pessoas, pessoas que contam situações de adoção a animais com finais felizes. Algumas pessoas, até me mostram fotos dos seus animais no telemóvel, quando há tempo. Pessoas que se o tempo permitisse, ficaríamos ali, horas a falar sobre os animais, a sua doçura, inteligência, fidelidade, companhia. Pessoas que diziam ajudar de outras formas.
Também houve pessoas que diziam que não ajudavam porque não podiam, mas que eram solidárias com a causa.
Mas, como nem tudo é perfeito, também há pessoas, que ficam indignadas por estarmos a pedir para os animais. Um senhor, que disse " e então logo para os animais, eu não os tenho, para não ter despesas, nem chatices, era o que faltava!"
Acredito que as pessoas fiquem cansadas com estes pedidos, mas, o pouco que possam ajudar, todo junto, fica muito e alimenta muitos animais , principalmente, os sem dono ou que o dono esteja com dificuldades, os das ruas, os das colónias, e os que estão nas associações.
Entrei ás 8 horas, e o meu primeiro cliente é um velhote acompanhado pelo filho. Não havia mais ninguém aquela hora, em espera, loja quase deserta de clientes, ali, pois tinham ido todos para a peixaria, como é hábito. Não havia motivo para reclamar!
Faço o atendimento tudo normal, pergunto se tem cartão continente. Responde que tem, mas que o mesmo não lhe dá nada, e que nem o deixam dormir, porque até quando está a dormir, lhe mandam mensagens para o telemóvel. Mostrou-me o cartão, só para eu ver que o tinha, e continuou a reclamar, mas já não registei o resto do discurso, na minha cabeça.
Ora, haverá alguma coisa melhor para começar o dia? Um cliente resmungão é sempre tão animador!
De vez em quando, há situações, onde os clientes se recusam, ou ficam ofendidos por pedirmos para ver os sacos vazios que trazem de casa e que estão dentro do carrinho. Bastava que os levassem dobrados ou os mostrassem, mas alguns clientes levam-nos em formato balão, no fundo do carrinho, de forma suspeita, pendurados na frente, ou até, já pendurados nos braços pelas asas, e depois, com um braço esticado, e a outra mão vão arrumando os artigos. Foi assim, que surgiu uma situação de roubo, como também, quando vão pendurados no puxador.
Não tem conta, as vezes que levam "brindes" escondidos propositadamente , mas depois, quem parece ficar mal visto, é quem apanha as situações. Também surgem situações, que logo se percebe, que foram involuntárias.
Deveria haver uma forma, comum a todos os supermercados, onde os clientes fossem convidados a passar os sacos, por um túnel, que fizesse RX do interior dos sacos, assim, movidos pela vergonha, de certo que seria um investimento, que daria lucro, tinha era de ver universal!
Qualquer coisa do género da imagem que apresento neste artigo, em vez das malas, seriam os sacos, e no ecrã via-se o interior!
Se calhar vão achar que é uma medida muito drástica, mas não é fácil lidar com o público, nestas situações!
Uma das perguntas que temos sempre que fazer ao cliente, é, se ele quer a fatura com o número do contribuinte. Era uma pergunta, cuja resposta, deveria ser sempre, sim ou não, e só depois, dizerem o número. Mas, na maioria das vezes, começam logo a ditar, ainda nós não carregamos na tecla/opção para o efeito.
Então eu pergunto a um cliente, se a fatura é com o número contribuinte e o cliente diz "100". À pressa eu digo "espere só um momento"...vou à tecla/opção digito 100, e fico à espera do resto, e o cliente diz " é 100 , mas sem contribuinte!"
Vá lá que nos deu para rir! E o senhor ainda me disse que já não era a primeira vez que a situação lhe acontecia!
Na zona onde trabalho, no domingo de Páscoa, só o PD e o continente estiveram abertos. O continente das 8h às 13h.
Pela manhã, entrei às 8 horas, o movimento até estava tranquilo, mas a partir das 10 horas, começou a encher, a encher.
Houve uma situação em que um artigo não passava e a cliente, disse para o deixar ficar, porque estava com muita pressa. Aliás, pareceu-me que as pessoas estavam ainda com mais pressa, e mais stressadas, que nos outros dias. Ainda reclamavam do que não havia, porque faltavam ovos de Páscoa e determinadas amêndoas. Ora, isso é para deixar para o último dia, para domingo!?
Várias pessoas criticaram o continente estar aberto, e disseram que achavam mal porque nós também tínhamos o direito de estar com a família. Diziam que os nossos patrões eram sovinas. Será que estão a gozar connosco!? Então se acham isso, porque foram lá!? Se está aberto, é porque as pessoas vão lá !
Na fila, enquanto uma cliente dizia ter pena de nós estarmos a trabalhar no domingo de Páscoa, outra cliente dizia "é, agora fechava tudo, hospitais, esquadras de policia, nos lares, ninguém tratava dos velhos!" Como se existisse comparação, como se fosse tudo igual, urgente, e de primeira necessidade!
Enfim, o que vale, é que uma pessoa não se pode enervar com estes seres iluminados! Já estamos habituados e vacinados!
Estava a atender uma senhora que ia com o netinho. O menino é meu conhecido, pois a sua mãe, foi durante anos, minha colega neste supermercado.
Eu estava a perguntar-lhe qual dos três irmãos se portava melhor. A avó disse que era este, que é o mais novo. Então para brincar com ele, perguntei se agora que ele já era crescido, (deve ter uns 7 anos) se queria mais um mano. Ao que ele respondeu logo que não, e que ele ainda era o bebé da casa, porque era mais novo. Insisti e disse-lhe que se calhar a mãe, queria mais um bebé. E a resposta dele foi: " não, a minha mãe prometeu que não ia ter mais bebés, e se ela tiver, vai ter que o dar para alguém, porque eu não o vou querer!"
São estas conversas originais e surpreendentes que fazem quebrar a monotonia deste trabalho, e nos divertir! As crianças são mesmo o melhor do mundo!
Como já devem ter reparado, junto ás caixas há alguns produtos, como por exemplo, as torres de chupas para as crianças.
Estava a atender uma jovem mãe, com um menino , pequenino, devia de ter uns 4 anos no máximo. Ao ver os chupas, começou a pedir à mãe para comprar. Pedia de uma forma doce e carinhosa. Dizia que queria um de coca-cola. E a mãe perguntou "mas tu gostas de coca-la?" Ele respondia que sim. Depois dizia "Vã lá mãe, compra" e argumentava.
Mas de todos os argumentos, usou um, que eu nunca tinha ouvido, que me fez sorrir e admirar este cliente de palmo e meio " Vã lá mãe, compra, não faz migalhas!"
Este menino, será com certeza, um ainda melhor argumentador, no futuro!
O dia R8 (dos reformados, desde dia 8 até dia 12 +-) tem sempre um pouco de tudo. Clientes adoráveis, e clientes chatos, mas enfim, tudo passa, tudo se resolve.
Estava a atender um velhote, que me oferece, trocos, mas como naquela conta não era preciso, não ajudava em nada, respondi que não era necessário, mas o senhor, insistiu "mas eu quero me livrar destes pretos (moedas de um e dois cêntimos) todos! Lá tive que ficar com as moedas, para o cliente ficar mais feliz!
A cliente seguinte, era alguém que também trabalha no ramo, e sorriu, e depois disse "eles são tão teimosos!" Sim, alguns são mesmo!
Mais tarde, quando fechei a caixa, as pessoas que se aproximavam viam a cancela fechada, iam para outras caixas. Chega um velhote, digo-lhe que a caixa está fechada, ele ouve, mas põe na mesma os produtos e diz "então você vai almoçar e deixa a pessoas por atender!?" Repito que a caixa já está fechada, mas ele não desiste, no entanto, não o atendi mesmo! Foi pedir ajuda nas selfies.
Porque, como me ensinaram, quando se fecha a caixa, fecha-se para quem tem um carrinho cheio, para quem só tem duas coisas, para quem é amigo ou conhecido, para quem é chefe, para quem tem pressa!
Depois vi-o no balcão a reclamar que não tinha ganho o cupão dos 5€. Ouvi a minha colega a dizer-lhe que para ganhar os cinco euros tinha de gastar 20€ como estava escrito, mas ele disse que queria os 5€ lá na mesma! Aquele é mesmo chato e teimoso!